A onda de pessimismo global que começou durante o fim de semana, com o ataque a várias refinarias de petróleo da Arábia Saudita – maior exportador da commodity no mundo – e dados fracos da produção industrial da China continua a pressionar os mercados para baixo na manhã desta terça-feira (17). O espectro de um conflito militar entre EUA e Irã – país acusado de coordenar os ataques; um grupo de rebeldes do Iêmen, associado ao governo iraniano, declarou autoria – também pesa os ânimos de grandes investidores/as.
Esse cenário impulsionou o dólar, considerado um refúgio em tempos de incerteza geopolítica, para cima, assim como o iene japonês e o franco suíço, pela mesma razão. Em contraponto, moedas de maior risco, como o Euro – principal rival global do dólar – perderam força. O que pode explicar a relativa fraqueza do dólar e fortalecimento do real (a cotação fechou em R$4.084) é a alta do petróleo, ocasionada justamente pelo ataque ao Irã e o consequente aumento da demanda por moedas de países exportadores da commodity.
A rubla russa, o dólar canadense e o krone norueguês –respectivamente, segundo, quinto e décimo-terceiro maiores exportadores do mundo – tiveram alta durante a sessão de ontem. O Brasil, apesar de 21º da lista, é uma economia muito mais estável do que a de outros grandes produtores da África e Oriente Médio/Oeste Asiático. Entretanto, conforme o mercado global digeriu o impacto do ataque a Arábia Saudita e os preços da commodity se estabilizaram durante a sessão da Ásia-Pacífico, hoje o dólar deve ganhar mais força em função do fluxo global de aversão ao risco.
Cenário macroeconômico
Os contratos futuros de índices das principais bolsas dos EUA estão em território levemente negativo, assim como as da Europa – com exceção do índice FTSE100, do Reino Unido, provavelmente em função do número de empresas transnacionais e como reflexo da alta do petróleo. O Euro se mantém estável no momento, em parte graças a dados de confiança econômica publicados hoje, que mostram relativo otimismo a longo prazo independente da recessão técnica no qual o país se encontra.
Indicadores de aversão ao risco, como Volatility Index (VIX) e os retornos de títulos do tesouro americano voltaram a cair, indicando fluxo conservador nos principais mercados globais. Apesar de leitura relativamente fraca dos dois principais índices de força do dólar, o Dow Jones Dollar Index (USDOLLAR) e o Dollar Index (DXY), uma alta continua sendo mais provável, então é recomendado ter cautela. Vale lembrar ainda que hoje terá início a reunião do Federal Open Market Committee, que decidirá os rumos da taxa de juros para os Estados Unidos. A decisão só será divulgada amanhã, o que também explica uma postura algo conservadora dos mercados.
Agenda econômica
Às 10h15 serão divulgados dados da produção industrial dos Estados Unidos (impacto:2/3). Às 17h30, estoques de petróleo não-refinado, conforme estimados pelo American Petroleum Institute (API) (impacto: 2/3), que pode ganhar peso extra em vista dos ataques na Árabia Saudita. Esse e outros indicadores estão disponíveis gratuitamente e em tempo real no Investing.com (www.investing.com).
Cenário técnico
O dólar abriu em R$4.093,5 abaixo da máxima de ontem e da média dos últimos 20 dias, mas acima dos suportes construídos em R$4,070 e R$4.090, duas zonas de alta negociação nas últimas semanas. Considerando o cenário externo e a possível influência do preço do petróleo, a tendência continua sendo de alta – em especial considerando o volume relativamente baixo observado na sessão de ontem. A parte superior do patamar de R$4.010 é um possível ponto de resistência que, se rompido, pode abrir espaço para uma alta mais expressiva nos próximos dias.