O Comitê de Mercado Aberto dos EUA (FOMC) publicou as atas de sua reunião na quarta-feira passada (12.10), a qual mostrou a discordância atual entre as autoridades do Fed sobre quando deverá ocorrer a elevação das taxas de juros no páis. Os "doves", como sempre, se mostraram mais cautelosos: o índice de preços ao consumidor continua a ser inferior a 2%, e por enquanto não se observa evidências de que o crescimento dos salários reais influi sobre a pressão inflacionária. Os argumentos a favor do aumento são aqueles de costume: a economia está crescendo de forma constante e há a necessidade de se agir para evitar a inflação. Alguns membros do FOMC também estavam preocupados que o atraso poderia reduzir a credibilidade do Fed. Todavia, entendemos que o medo não corresponder às expectativas do mercado é o principal argumento a favor de um aumento das taxas em dezembro, como foi no ano passado. Este aumento poderá diminuir posteriormente durante uma recessão.
O Fed espera que a aceleração do crescimento do PIB no segundo semestre do ano, mesmo que houver um declínio na avaliação da capacidade de crescimento econômico a médio e longo prazo. No início deste mês, o FMI avaliou em queda brusca as perspectivas em termos de crescimento da economia dos EUA de 2,2% para 1,6%, nível este abaixo da projeção de 1,9% dos representantes do FOMC. O crescimento real do PIB norte-americano em primeiro e segundo trimestres foi de 1,1% e 1,4%, respectivamente. Agora, o traders questionam se o Fed irá aumentar as taxas se as expectativas de crescimento não forem cumpridas. Cremos que muito provavelmente, sim. As expectativas estão demasiadamente elevadas. Todavia, entendemos que a principal questão é se, em seguida, eles teriam como reduzir como fez a Nova Zelândia. O Banco da Reserva da Nova Zelândia tornou-se o primeiro regulador que elevou os juros desde a crise financeira de 2008. O lento crescimento econômico, juntamente com inflação baixa, forçaram o regulador a tomar uma política monetária no sentido totalmente oposto.
Após a crise de 2008, muitos países não conseguiram manter a inflação para níveis pré-crise, enquanto no Japão e na Europa ainda é observado processos de deflação. O aumento descontrolado da oferta de moedas, ao invés de inflação real, levou à formação de elevações inflacionárias ocultas, gerando bolhas financeiras nos mercados de títulos e ações. As políticas monetárias mais restritivas deverão exercer pressão sobre essas bolhas. A partir do gráfico acima, compreende-se que o mercado de ações e de ouro muitas vezes movimentam-se em direções diferentes: o ouro realmente desempenha um papel de ativo de proteção diante do declínio dos índices acionários.
Logo, logo, a economia norte-americana irá reduzir o ritmo de crescimento a ponto do Fed propor novamente a impressão de dinheiro para lidar com a estagflação. A inflação alta, acompanhada de recessão econômica, aliada a taxa de juros negativas irá criar o ambiente mais favorável para o crescimento do ouro. O gráfico abaixo traça a correlação negativa entre as taxas de juros reais e os preços do ouro. Ao longo da amostragem histórica, desde 1970 o declínio nas taxas de juros reais foi acompanhado pelo aumento dos preços de ouro.
O ouro continuará a crescer não importando se o Fed irá elevar as taxas em dezembro ou não. A questão mais intrigante agora é quão profunda a recessão será.