A empresa-mãe do Google (NASDAQ:GOOGL), Alphabet (NASDAQ:GOOG) anunciou, junto com resultados trimestrais muito bem recebidos pelo mercado, o primeiro pagamento de dividendos da sua história. As notícias tiveram impacto imediato no preço da ação na Nasdaq. Nesta quinta-feira (2), quando escrevo esta coluna, o papel está 8% acima do preço de fechamento do dia anterior ao anúncio dos resultados.
Mas esse texto não é sobre Google, Alphabet ou big techs. A intenção aqui é falar um pouco sobre o que é esperado que aconteça com os preços de ações de empresas que pagam dividendos.
Primeiro, vamos ao básico: dividendos são uma forma importante de remuneração ao acionista, e valem como uma bonificação aos que participaram do financiamento do negócio comprando ações. Em geral, no momento do anúncio da distribuição as ações têm tendência de alta e, logo depois do evento (data ex), o efeito imediato esperado é que o papel sofra uma queda proporcional ao pagamento, refletindo o fato de que compradores, a partir daquele momento, não terão direito a receber os proventos.
Quando o dividendo é uma novidade para aquela empresa, um efeito bastante esperado é o de maior otimismo entre investidores, dado que a distribuição de proventos indica lucratividade e crescimento de forma sustentável: a gestão de uma empresa só costuma optar por distribuir os lucros quando esse dinheiro não é necessário para garantir as operações futuras.
Em outras palavras, o pagamento recorrente de dividendos também torna uma ação mais popular entre os investidores. E o efeito contrário também existe: se uma empresa que costuma pagar dividendos altos faz algum anúncio de queda no valor ou não-pagamento, o efeito pode ser de queda no curto prazo, ainda que os motivos sejam nobres (como expansão dos negócios, por exemplo). Muitas empresas evitam esse tipo de ruído se esforçando para não quebrar ciclos de dividendos frequentes.
Graças a essa popularidade, existem inúmeros fundos e ETFs (fundos listados) cujo objetivo principal é capturar o pagamento de dividendos recorrentes, através das empresas com maior DY (dividend yield) do mercado, a partir das projeções de consenso. Isso também pode fazer preço, à medida que a empresa que passa a figurar nessa lista tende a ser incluída nesses índices, atraindo um fluxo relevante de capital, com potencial de fazer preço pelo aumento na demanda.
Dividendos também tendem a ser incluídos nas projeções de analistas de mercado como forma de estimar o valor justo de uma ação. O modelo de desconto de dividendos (dividend discount model, ou DDM), também conhecido como modelo de crescimento de Gordon, precifica uma ação de acordo com a soma dos dividendos esperados para o futuro, trazidos a valor presente.
Em resumo, o pagamento de dividendos pode ser considerado um marco na história de uma companhia. Como investidor, é importante acompanhar notícias sobre as distribuições das empresas em que você investe e entender como encaixar essa estratégia dentro da sua carteira, sempre de acordo com o seu perfil.
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