Alongar o planejamento do confinamento não garante melhora de resultado nem em 2014
O mercado do boi gordo está batendo recorde de preço.
Os contratos futuros para novembro e dezembro em São Paulo já precificam a arroba em R$140,00, à vista.
A possibilidade de manter o bovino por mais tempo na fazenda para aproveitar esse fôlego para novas altas, fornecendo uma dieta mais “barata” em função da queda na cotação do milho e do farelo de soja, tem sido tentadora.
Para o confinador, a decisão é complexa, pois envolve questões operacionais, tais como, compra de alimentos, transporte e armazenamento de insumos que, precisam ser equacionadas.
Além disso, é preciso cautela mesmo que a análise seja feita somente considerando o custo e a receita, que são os grandes atrativos.
Por exemplo. O confinador paulista que está com sua programação de noventa dias de cocho vencendo no final de outubro, sem negociar muito, consegue entregar a boiada por R$137,00/@ à vista, R$1,00/@ acima da referência para o dia 27/10 em São Paulo.
Com o custo diário estimado em R$6,75, considerando dieta e despesas operacionais, adicionando o boi magro adquirido por R$1,6 mil/cabeça, o retorno do capital investido é de 12,64%.
Em São Paulo, no dia 27/10 já ocorriam negócios em R$138,0/@ à vista. As escalas de abate atendiam, em média, quatro dias úteis e apresentavam, quase sempre, falhas ou pulos.
Ou seja, eram “boas” as possibilidades de alta.
Diante disso, caso o confinador optasse por vender a boiada dez dias depois do planejamento inicial, na primeira semana de novembro, saindo de 90 para 100 dias de cocho, conseguindo R$139,00/@, com um custo diário de R$6,75, o retorno da atividade chega aos 14,25%, aumento de 1,61 ponto percentual. Ou seja, a receita cresceria mais que o custo.
Porém, mesmo sendo pequena a possibilidades de reversão da firmeza dos preços no curto prazo, é preciso cuidado, principalmente nos momentos “muito bons” do mercado.
Para se ter uma ideia, se em dez dias o preço da arroba não subir, e fique em R$137,00, o resultado econômico cai, já que o custo cresce mais que a receita, e a vantagem esperada com o alongamento dos dias de cocho, se perde. Tabela 2.
Por fim, se em função dos recentes recuos nos preços dos grãos, a dieta dos dez dias a mais que o gado permanecer no cocho ficar 10% mais “barata”, o custo diário recua para R$6,69 (aproximadamente 85% do custo é dieta).
Neste cenário, vendendo a arroba por R$138,00, o retorno chega aos 13,71%, melhora de menos de meio ponto percentual em relação ao custo de R$6,75/dia. Tabela 3.
Portanto, é preciso uma boa análise para confinar por mais tempo, esperando que ocorra melhora significativa no resultado econômico, embora seja tentador o cenário de preço e custo.