Os preços do algodão em pluma caíram ao longo de julho no mercado interno, pressionados pelo avanço da colheita da safra 2017/18 nas principais regiões produtoras e pela redução das ofertas de compra de novos lotes no spot por parte de indústrias. Algumas empresas buscaram adquirir apenas lotes de pequenos volumes para embarque imediato, enquanto outras seguiram atentas às entregas de contratos firmados, que ainda ocorreram em ritmo lento.
Do lado vendedor, cotonicultores se dividiram entre atender os compromissos realizados anteriormente e ao mercado spot. Tradings estiveram retraídas em boa parte do mês, enquanto comerciantes estiveram ativos, à medida que a disponibilidade aumentava. No geral, vários lotes ainda apresentam alguma característica, como fibra, resistência e especialmente de micronaire. Com isso, a “queda de braço” entre compradores e vendedores quanto ao preço e à qualidade dos lotes esteve acirrada ao longo de julho.
Em julho, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, acumulou queda de 7,57%, fechando a R$ 3,3303/lp no dia 31. A média mensal do Indicador, de R$ 3,4213/lp, foi 8,92% menor que a de junho/18, mas ainda esteve 24,53% acima da de julho/17, em termos reais (dados atualizados pelo IGP-DI de jun/18).
Dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea apontam que 75,9% da safra brasileira 2016/17, estimada em 1,529 milhão de toneladas, teria sido comercializada até 31 de julho. Deste total, 62,3% foram direcionados ao mercado interno, 27,3%, ao externo e 10,5%, para contratos flex (exportação opção para mercado interno). Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 52,4% da produção de 2017/18 (projetada em 1,965 milhão de toneladas) foi comercializada no mesmo período, sendo 51,1% ao mercado doméstico, 34,7%, para exportação e 14,3%, para contratos flex.
Dados do Cepea mostram que, em julho, os preços de exportação para embarque entre agosto e dezembro/18 tiveram média de US$ 0,8932/lp, 2,78% abaixo dos captados em junho/18 (US$ 0,9187/lp). Para exportação no segundo semestre de 2019 (referentes à safra 2018/19), a média está em US$ 0,8152/lp, recuo de 2,63% frente à do mês anterior (US$ 0,8373/lp).
MERCADO INTERNACIONAL – De 29 de junho a 31 de julho, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), aumentou 0,80%. A média foi de R$ 3,1817/lp, recuo de 0,77% em relação à do mês anterior e alta de expressivos 38% frente à de julho/17 (R$ 2,3084/lp). No mesmo período, a média do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) caiu 2,14%, com o dólar registrando aumento de 1,19% frente ao Real.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), todos os contratos acumularam alta em julho. A disputa tarifária entre os Estados Unidos e a China, o clima desfavorável às lavouras da safra 2018/19 e a boa demanda da pluma norte-americana deram suporte às valorizações. De 29 de junho a 31 de julho, o vencimento Out/18 registrou alta de 6%, fechando a US$ 0,9028/lp; o contrato Dez/18 aumentou 6,76% (US$ 0,8959/lp). O contrato Mar/19 subiu 6,98% (US$ 0,8950/lp) e o Maio/19, 6,77% (US$ 0,8939/lp). O contrato Jul/18, encerrado no dia 9 deste mês, teve elevação de 2,08% (US$ 0,8716/lp).
Em julho, o USDA reajustou positivamente a safra mundial 2017/18, que pode atingir 26,931 milhões de toneladas, aumento de 16% frente à temporada anterior e de 0,8% em relação ao relatório de junho/18. O consumo aumentou 1,2% se comparado ao mês anterior e espera-se que seja 5,5% maior que o da safra 2016/17. A comercialização global deve crescer na temporada 2017/18; dessa forma, as importações estão projetadas em 8,7 milhões de toneladas, 6,6% maiores que na safra passada, e as exportações estão estimadas em 8,86 milhões de toneladas (+8,8%). Já o estoque mundial 2017/18 teve reajuste negativo de 3,7% frente aos dados de jun/18, projetado em 18,5 milhões de toneladas, apenas 0,7% maior que o da temporada passada.
Em relação à safra 2018/19, o USDA estima produção global de 26,15 milhões de toneladas, 2,9% inferior à temporada passada, pressionada especialmente pela queda de 11,6% da produção dos Estados Unidos. Já o consumo da safra 2018/19 deve ser 3,9% maior que na temporada anterior, somando 27,6 milhões de toneladas. A comercialização mundial pode chegar a 8,9 milhões de toneladas, com altas de 2,7% nas importações e de 1,3% nas exportações frente à safra 2017/18. O Brasil está como o segundo maior exportador mundial; sendo assim, as vendas podem chegar a 1,176 milhão de toneladas, 30,1% a mais que a safra 2017/18. O Departamento projeta redução de 8,4% nos estoques mundiais, indo para 16,95 milhões de toneladas, 6,2% menor que o mês anterior.
EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO – Segundo dados da Secex, os embarques recuaram pelo nono mês consecutivo, chegando ao menor volume desde junho/11, quando foram exportadas apenas 2,6 mil toneladas. De junho para julho, a queda foi de 1,3%, chegando a 8,7 mil toneladas e, frente a julho/17, o volume é 54,9% inferior (19,3 mil toneladas). Em julho/18, o faturamento foi de US$ 16,1 milhões, 1% inferior ao de junho/18 e 48,8% abaixo do de julho/17 (US$ 31,4 milhões).
Em relação à importação, chegou a 7,9 mil toneladas em julho/18, aumento de expressivos 95,7% no comparativo com o mês anterior, e expressivamente acima das 920 toneladas embarcadas em jun/17. Em julho/18, o preço médio de importação foi de US$ 0,8063/lp, aumento de 2,2% se comparado ao do mês anterior, mas 4,7% abaixo do US$ 0,8457/lp de um ano atrás.
CONAB – Em julho, a Companhia indicou que a produção nacional 2017/18 pode atingir 1,96 milhão de toneladas, alta de 28,5% frente à safra anterior. A produtividade média pode ser de 1.671 kg/ha (+2,6%), e a área semeada, de 1,176 milhão de hectare (+25,2%). Em Mato Grosso, a produção estimada foi de 1,275 milhão de toneladas, aumento de 26,1% frente à temporada anterior e a produtividade, em 1.640 kg/ha. Quanto à Bahia, a produção foi projetada em 473,2 mil toneladas pela Conab, 36,7% maior que na safra 2016/17 – resultado do aumento de 3,9% da produtividade média na safra 2017/18, estimada em 1.785 kg/ha. De junho para julho, a área semeada permaneceu estável, em 265,1 mil hectares.
CAROÇO DE ALGODÃO – Com a maior disponibilidade de caroço de algodão da safra 2017/18, em julho, alguns negócios foram efetuados para entrega imediata. Outros agentes seguiram atentos apenas ao embarque dos contratos firmados anteriormente, seja do caroço ou de derivados. No entanto, as queixas quanto ao frete e à falta de caminhões foram constantes ao longo do mês, dificultando o ritmo até mesmo de novos fechamentos. De acordo com colaboradores consultados pelo Cepea, pecuaristas estiveram ativos, com demanda firme pela torta e farelo. Segundo dados do Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em julho/18 (até o dia 27) em Barreiras (BA) foi de R$ 472,86/t, baixa de 4,6% em relação ao mês anterior. Em Primavera do Leste (MT), a queda foi de 6,2% (R$ 406,42/t), enquanto em Campo Novo do Parecis (MT), houve recuo de 6,7% (R$ 318,17/t).
MERCADO DE FIOS – Alguns fechamentos foram captados pelo Cepea para entrega em julho e agosto, tanto de 100% algodão como mistos, como poliéster ou viscose. Já outras indústrias trabalham com o produto estocado. De modo geral, agentes alegam que o ritmo de negociações esteve enfraquecido se comparado ao período anterior.