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Algodão: Setor produtivo de pluma deve elevar a área com a cultura nesta temporada

Publicado 14.02.2023, 15:15
CT
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PERSPECTIVA DE 2023 - O setor produtivo de algodão em pluma deve elevar a área com a cultura nesta temporada 2022/23, diante da boa rentabilidade apresentada nos últimos anos. Porém, a possibilidade de redução na economia mundial, devido ao ambiente inflacionário e a casos de covid-19 na China, segue preocupando agentes. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) projeta aumento na produção brasileira da safra 2022/23, de 16,7% frente à temporada 2021/22, chegando a 2,979 milhões de toneladas, o que seria o segundo maior volume da história (atrás apenas do de 2019/20). Este deve ser o resultado da produtividade de 1.815 kg/ha (crescimento de 13,7% frente à safra 2021/22) e da elevação na área semeada, de 2,6%, somando 1,642 milhão de hectares. Por enquanto, o clima tem favorecido a semeadura e o desenvolvimento da safra. Cotonicultores, no entanto, seguem atentos à elevação nos custos de produção, sobretudo com os fertilizantes.

Com a entrada da safra, a tendência é de que o aumento na disponibilidade da pluma eleve o ritmo de negociações, especialmente depois do cumprimento de programações e do avanço do beneficiamento e classificação. Parte dos compradores já mostra interesse em garantir a pluma da próxima safra por meio de contratos. Quanto ao consumo, a Conab, em levantamento divulgado em janeiro/23, estimou que pode chegar a 720 mil toneladas de pluma na safra 2022/23, 2,1% maior que a da temporada passada (705 mil toneladas) e voltando aos patamares da safra 2020/21. O estoque de passagem no Brasil, de 1,44 milhão de toneladas, projetado em janeiro/23, deverá dar suporte aos preços até a chegada da próxima temporada. Já para dezembro/23, a Conab prevê estoques de passagem de 1,722 milhão de toneladas (temporada 2022/23), os maiores desde 2019/20.

INTERNACIONAL – O USDA indica produção mundial da safra 2022/23 em 25,125 milhões de toneladas, praticamente estável frente à temporada anterior (-0,3%). As estimativas são de maior oferta na China, Índia, Brasil e Turquia, mas de queda nos Estados Unidos, Austrália e Paquistão. O consumo global pode diminuir 5,7%, para 24,14 milhões de toneladas, sendo o menor desde a safra de 2019/20 (22,657 milhões). As estimativas são de maior consumo apenas para a China, chegando a 7,73 milhões de toneladas (+1,4%). As importações mundiais, por sua vez, devem totalizar 9,063 milhões de toneladas, com queda de 2,9% se comprada à safra 2021/22. Assim, o estoque mundial foi estimado pelo USDA em 19,58 milhões de toneladas em 2022/23, aumento de 5,4% sobre a safra anterior, elevando a relação estoque/consumo para 81,1%, a mais alta desde 2019/20. Quanto aos preços, de acordo com o USDA, o valor médio pago ao produtor norte-americano na safra 2022/23 foi de US$ 0,83/lp em janeiro/23. Já o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) indicou, em dezembro, média do Índice Cotlook A de US$ 1,15/lp para a temporada 2022/23, variando de US$ 0,979/lp a US$ 1,515/lp.

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA – As estimativas do USDA apontam que as exportações brasileiras podem chegar a 1,807 milhão de toneladas na safra 2022/23 (de agosto/22 a julho/23), elevação de 7,4% frente à temporada anterior e o terceiro maior volume da história. Quanto aos preços, cálculos do Cepea mostram que as negociações para exportação com embarques durante 2023 apresentaram média de US$ 0,8788/lp (até o dia 31 de janeiro), considerando-se os valores FOB porto de Santos (SP) – os negócios envolvendo exclusivamente a pluma da safra 2022/23 registraram média de US$ 0,8792/lp. Ainda de acordo com dados do Cepea, para 2023/24, as médias de negociações estão em US$ 0,8646/lp.

JANEIRO - O primeiro mês de 2023 foi marcado pela retomada, ainda que gradual, do ritmo de negócios envolvendo algodão em pluma. Assim como verificado ao longo de 2022, agentes relataram dificuldades em acordar o preço e a qualidade dos lotes disponibilizados, o que acabou limitando a liquidez no spot. Nesse cenário de busca de um ponto de equilíbrio entre agentes do setor, o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma praticamente atravessou janeiro na casa dos R$ 5,3/libra-peso. Do lado da demanda, comerciantes seguiram priorizando a realização de negócios “casados” e/ou aquisições para cumprimento de contratos. Alguns compradores buscaram pluma de qualidade superior, e parte esteve disposta a pagar valores maiores pelo algodão que atendesse às especificações desejadas, mas nem sempre com sucesso, tendo em vista a resistência de vendedores. Ressalta-se que agentes de empresas relataram demanda enfraquecida ao longo da cadeia têxtil e, por isso, continuaram com dificuldades no repasse de reajustes aos produtos finais. Do lado vendedor, cotonicultores seguiram firmes em suas ofertas, sobretudo os mais capitalizados. Somente para lotes com baixa qualidade é que vendedores estiveram mais flexíveis nos preços. Entre 29 de dezembro e 31 de janeiro, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, caiu 1,2%, fechando a R$ 5,2561/lp no dia 31.

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