Os preços médios do algodão em pluma subiram na maior parte de março, atingindo, no final do mês, a máxima diária da série histórica do Cepea. A média mensal também foi recorde e a maior, em termos reais, desde abril de 2011. O impulso veio sobretudo da posição firme de vendedores. Estes agentes estiveram atentos às elevações dos valores internacionais e da paridade de exportação. Além disso, boa parte da produção de 2020/21 já está comprometida em contratos a termo, especialmente a pluma de qualidade superior. Assim, alguns cotonicultores deram prioridade para negociações envolvendo as próximas temporadas (2021/22 e 2022/23). Do lado comprador, boa parte seguiu sem interesse para novas aquisições, trabalhando apenas com estoques e/ou com pluma recebida de contratos a termo. Inclusive, algumas empresas diminuíram o consumo da pluma, diante da redução da produção – as vendas de manufaturados estiveram enfraquecidas, dificultando o repasse das valorizações da matéria-prima. Compradores com necessidade imediata tiveram que ceder e pagar valores mais altos, principalmente para pluma de qualidade superior e/ou já aprovada na indústria.
O Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma subiu 5,41% no acumulado de março, fechando a R$ 7,2585/lp no dia 31. No dia 29 de março, especificamente, o Indicador atingiu R$ 7,2799/lp, máxima nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1996. A média do Indicador em março foi de R$ 7,0445/lp, a maior da série do Cepea, em termos nominais. Já em termos reais (IGP-DI – fevereiro/22), a média ficou 0,92% acima da de fevereiro/22 e 24,67% maior que a de março/21, sendo, também, a maior desde abril/11 (quando esteve em R$ 8,7215/lp, em termos reais). Em dólar, o Indicador à vista registrou média de US$ 1,5511/lp em março, 0,4% maior que o Índice Cotlook A (US$ 1,5443/lp) e 13,8% acima do primeiro vencimento negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures), de US$ 1,3625/lp. Em março, o preço médio no Brasil ficou 15,4% acima da paridade de exportação – a maior diferença positiva desde junho/21 (18%).
MERCADO INTERNACIONAL – De 25 de fevereiro a 31 de março, o dólar se desvalorizou 7,46% frente ao Real, fechando a R$ 4,761 no dia 31. O Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) aumentou 13,57% entre 28 de fevereiro e 31 de março, a US$ 1,5355/lp no dia 31. Dessa forma, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) subiu 3,5% entre 25 de fevereiro e 31 de março, a R$ 6,4050/lp (US$ 1,3453/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 6,4155/lp (US$ 1,3475/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 31. Na Bolsa de Nova York, os quatro primeiros contratos acumularam expressivas altas em março. Entre 28 de fevereiro e 31 de março, o vencimento Maio/22 se valorizou 13,91%, fechando a US$ 1,3569/lp no dia 31, e o Jul/22 avançou 14,03%, indo para US$ 1,3207/lp. O contrato Out/22 registrou alta de 12,57% no mesmo período, a US$ 1,1753/lp, e o Dez/22 aumentou 10,88%, a US$ 1,1128/lp.
USDA – Segundo dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos no dia 31 de março, a área com algodão no país norte-americano deve somar 4,95 milhões de hectares na safra 2022/23, pouco mais de 9% acima da de 2021/22, mas 1,17% abaixo da de 2020/21. O USDA apontou que 4% da área dos Estados Unidos já havia sido semeada até o dia 3 de abril, contra 6% no mesmo período de 2021 e 6% na média dos últimos cinco anos.
ICAC – O Icac (Comitê Consultivo Internacional do Algodão), em relatório divulgado no dia 1º de abril, aumentou a produção mundial em 8,4% frente à anterior e teve reajuste positivo de 1,21% frente ao estimado no relatório do mês anterior, chegando a 26,43 milhões de toneladas na safra 2021/22. Já o consumo mundial do algodão teve reajuste de 1,88% no comparativo mensal e deve crescer 1,9% em 2021/22, indo para 26,16 milhões de toneladas. A exportação, por sua vez, foi prevista em 1,12% maior se comparada ao dado do relatório de março/22, mas ainda pode recuar 5% frente à da safra passada, indo para 10,07 milhões de toneladas. Nesse cenário, o estoque final deve ser de 20,9 milhões de toneladas, com ligeiro aumento de 0,46% se comparado aos dados do mês anterior e 1,3% acima do da temporada 2020/21. Quanto ao preço médio, o Icac indica média do Índice Cotlook A de US$ 1,13/lp para a temporada 2021/22, 3,7% maior que a prevista no mês anterior (US$ 1,09/lp).
CAROÇO DE ALGODÃO – Poucas negociações foram registradas em março. Mesmo registrando queda no mês, os preços do caroço de algodão ainda estiveram em altos patamares, afastando parte da demanda. A prioridade de compradores foi o cumprimento dos contratos a termo,seja do caroço como torta, óleo e farelo. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em março/22 em Lucas do Rio Verde (MT) foi de R$ 1.571,03/t, ligeiro recuo de 0,3% em relação ao mês anterior e baixa de 12,6% sobre o de março/21 (R$ 1.798,17/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de fevereiro/22. Já em Campo Novo do Parecis (MT), a média subiu 0,4% na variação mensal, mas caiu 8,2% na anual, indo para R$ 1.619,93/t em março/22. Em Primavera do Leste (MT), a média de março foi de R$ 1.675,25/t, estável frente à de fevereiro/22 (R$ 1.675,25/t), mas baixa de 8,8% em relação à de março/21. Em Barreiras (BA), por sua vez, a média subiu 2,1% na variação mensal, mas recuou 8,8% na anual, indo para R$ 1.754,50/t em março/22.