Com as exportações pagando mais que o mercado brasileiro, os embarques de algodão em pluma estiveram intensos ao longo de outubro, somando 273,4 mil toneladas, quase o dobro do volume de setembro/19 e um recorde. Essa quantidade superou em 20% o recorde anterior, observado em dezembro/18, de 227,9 mil toneladas, segundo dados da Secex. O faturamento, por sua vez, foi de US$ 440,7 milhões, 92% acima do de setembro (US$ 229,5 milhões) e 43,7% maior que o de outubro/18 (US$ 306,8 milhões). O preço médio em outubro foi de US$ 0,7311/lp (ou de R$ 2,9858/lp), ou seja, 19,7% superior ao das negociações no mercado interno, mas apenas 0,2% acima do observado em setembro (US$ 0,7295/lp) e 6,9% inferior ao de out/18. Ressalta-se que a paridade de exportação segue acima dos valores domésticos desde o final de agosto, cenário que limita quedas nos preços internos ou até mesmo os eleva. Assim, vendedores priorizaram entregas de contratos a termo, especialmente para exportação, sendo que boa parte da safra 2018/19 já está comprometida.
Fechamentos de novos contratos para exportação foram realizados ao longo de outubro, envolvendo a pluma das safras 2018/19 e 2019/20. Os preços, por sua vez, variavam entre os fixos (em Reais ou em dólar) e baseados nos contratos de Nova York (ICE Futures), para serem fixados posteriormente. Para entrega no curto prazo, lotes de pluma com características inferiores também foram negociados. Dados do Cepea captados em outubro/19 indicam que as negociações para embarque ao mercado externo no curto prazo (até dezembro de 2019) tiveram média de US$ 0,6707/lp, 4,17% acima do registrado em set/19 (US$ 0,6439/lp), referente à pluma da safra 2018/19. Para exportação envolvendo a próxima temporada (2019/20), a média das informações captadas para o segundo semestre de 2020 foi de US$ 0,6750/lp em outubro, elevação de 0,27% frente à do mês anterior (US$ 0,6732/lp).
SPOT NACIONAL – A liquidez esteve baixa no mercado spot brasileiro em outubro. Compradores estiveram ativos, mas a dificuldade de encontrar o produto dentro das características desejadas limitou novos negócios. Assim, muitos trabalharam com a matéria-prima já contratada. Comerciantes realizaram negociações “casadas” e adquiriram a pluma para cumprimento de contratos. Vendedores, por sua vez, estiveram firmes nos preços, mas a maioria dos lotes disponibilizados apresentava ao menos uma característica. Entre 30 de setembro e 31 de outubro, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 1,49%. A média de outubro, de R$ 2,4948/lp, superou em 1,49% a de setembro/19, mas ficou 21,01% abaixo da de outubro/18, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de setembro/19).
CONAB – Depois de duas temporadas com forte expansão, o primeiro levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento, divulgado no dia 10, indica que a área cultivada na safra 2019/20 deve registrar ligeira alta de 1,2% frente à anterior, atingindo 1,637 milhão de hectares – a semeadura deve se iniciar em novembro. A produtividade média, por sua vez, pode ter queda de 1,5% se comparada à da temporada 2018/19, a 1.659 kg/ha. Assim, a produção brasileira está projetada em 2,716 milhões de toneladas, apenas 0,4% inferior à de 2018/19 (2,726 milhões de toneladas). Diante do consumo doméstico estagnado, apesar de o volume exportado poder superar 1,5 milhão de toneladas em 2019, o estoque de passagem ainda pode ser o dobro do consumo brasileiro em um ano. Juntos, Mato Grosso e Bahia continuarão sendo os principais produtores de algodão e devem contribuir com mais de 88% da produção nacional na safra 2019/20. Assim, com a área mato-grossense estável em 1,093 milhão de hectares e a produtividade média recuando 1,1%, para 1.643 kg/ha, o volume a ser colhido está projetado em 1,795 milhão de toneladas, 1,1% abaixo do da safra 2018/19 (1,816 milhão de toneladas). Na sequência, a Bahia pode colher 608,3 mil toneladas na 2019/20, 1,8% maior que a anterior. Apesar do aumento na área (+5,4%), em 349,9 mil hectares, a produtividade média pode cair 3,4%, para 1.738 kg/ha.
MERCADO INTERNACIONAL – De 30 de setembro a 31 de outubro de 2019, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), aumentou 2,76%, sustentada pela elevação de 6,04% do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente), enquanto o dólar caiu 3,35%. A média de outubro da paridade foi de R$ 2,6011/lp, alta de 2,52% em relação à do mês anterior, mas queda de 8% frente à de outubro/18 (R$ 2,8288/lp). No mesmo período, a média do Índice Cotlook A avançou 3,42% frente à de setembro/19, mas caiu expressivos 15,1% se comparada à de outubro/18. O dólar se desvalorizou 0,98% frente ao Real. Os contratos na Bolsa de Nova York acumularam alta em outubro, influenciados pela expectativa otimista nas negociações entre os Estados Unidos e a China, pelo crescimento do PIB norte-americano, pelo bom desempenho das vendas dos Estados Unidos, pelo avanço do petróleo e pelo enfraquecimento do dólar no mercado internacional, que tende a estimular a demanda pela fibra. Entre 30 de setembro e 31 de outubro, o vencimento Dez/19 se valorizou 5,93%, fechando a US$ 0,6444/lp, e o Mar/20 subiu 7,03%, a US$ 0,6588/lp. O contrato Maio/20 avançou 7,08% (US$ 0,6687/lp) e o Jul/20, 7,06% (US$ 0,6764/lp).
ICAC – Relatório do Icac (Comitê Internacional do Algodão), divulgado no dia 1º de novembro, indica que a produção mundial 2019/20 pode ser de 26,7 milhões de toneladas, elevação de 3,93% frente à temporada anterior (25,69 milhões de toneladas). Apesar dos baixos rendimentos, a Índia deve ser a maior produtora de algodão, com volume de 6 milhões de toneladas. Já o consumo global está projetado em 26,2 milhões de toneladas (apenas 0,27% maior que as 26,13 milhões de toneladas da safra 2018/19), sendo que a China deve liderar, com 8,05 milhões de toneladas – apesar da redução de 2% em relação a 2018/19.
CAROÇO DE ALGODÃO – O ritmo de negociações de caroço de algodão esteve lento ao longo de outubro. Além de boa parte dos agentes seguir atenta aos embarques dos contratos realizados anteriormente, seja da matéria-prima ou dos derivados, o início do período de chuvas enfraqueceu ainda mais a demanda pelo produto. Outros fechamentos foram limitados pela disparidade de preço entre os agentes. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em outubro/19 foi de R$ 407,39/t em Primavera do Leste (MT), elevação de 2,2% frente ao de setembro/19. Em Lucas do Rio Verde (MT), a queda foi de 3,3% (R$ 352,69/t) e, em Campo Novo do Parecis (MT), de apenas 0,4% (R$ 360,65/t). Em Barreiras (BA), a alta no mesmo período foi de 4,8% (R$ 504,67/t).