Os preços do algodão em pluma subiram na maior parte de julho, após iniciarem o mês nos menores patamares nominais desde meados de outubro/20. Mesmo assim, a média mensal fechou no patamar mais baixo dos últimos três anos, em termos reais. Os preços internos ficaram, inclusive, inferiores à paridade de exportação, o que não é comum. Com isso, vendedores permaneceram firmes em suas pedidas, influenciados pelos maiores valores internacionais, contribuindo para a recuperação parcial dos preços. Cotonicultores estiveram firmes em suas posições, atentos às atividades de campo e ao cumprimento de contratos a termo, visto que a maioria deles esteve acima dos valores praticados no spot nacional. Comerciantes buscaram fechar “negócios casados” e/ou comprar algodão para o cumprimento de suas programações. Indústrias seguiram adquirindo pluma mediante necessidade e/ou para repor estoques. Além disso, empresas têm expectativa de melhora nas vendas dos manufaturados, que continuam em ritmo lento. Quanto às negociações futuras, em julho, foram captados fechamentos tanto a valores fixos como a serem fixados posteriormente.
Em relação às vendas externas, além do maior ritmo de embarques, a comercialização para exportação remunerou mais que as vendas internas em alguns períodos do mês, atraindo vendedores para o fechamento de negócios para as safras 2022/23 e 2023/24, bem como para lotes remanescentes da temporada 2021/22. Tradings entraram no mercado para adquirir novos lotes, o que influenciou o aumento da demanda – na maioria dos casos, chegaram a pagar valores superiores às ofertas de compradores nacionais para realizar novas aquisições. Além disso, agentes aproveitaram as altas dos vencimentos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) para fixar contratos a termo que estavam em aberto. Entre 30 de junho e 31 de julho, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu significativos 9,73%, fechando a R$ 3,9484/lp no dia 31 – a maior alta registrada em um acumulado de mês desde agosto/22 (+12,08%). Ainda assim, a cotação interna ficou, em média, 2% inferior à paridade de exportação em julho. A média mensal fechou a R$ 3,8098/lp, 3,55% abaixo da de junho/23 e 32,19% inferior à de julho/22. Trata-se também da menor média mensal desde julho/20, quando foi de R$ 3,7302/lp, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de junho/23).
EXPORTAÇÃO – Dados captados pelo Cepea em julho/23 mostraram que as negociações para exportação com embarques no segundo semestre de 2023 apresentaram média de US$ 0,8695/lp, considerando-se os valores FOB no porto de Santos (SP) – os negócios envolvendo exclusivamente a pluma da safra 2022/23 registraram média de US$ 0,8768/lp. Ainda de acordo com dados do Cepea, para 2023/24, a média de negociação foi de US$ 0,8122/lp em julho. EMBARQUES – Em 21 dias úteis de julho/23, as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 72,62 mil toneladas, 20,4% acima do volume embarcado em junho/23 e expressivamente superior às 19,68 mil toneladas exportadas em julho/22 (+269%), conforme dados da Secex. A média diária de vendas externas foi de 3,458 mil toneladas, contra 937,2 toneladas em julho/22 (+269%). O preço médio da pluma exportada ficou em US$ 0,8252/lp em julho/23, baixas de 3,6% no comparativo mensal (US$ 0,8561/lp) e de 25,2% no anual (US$ 1,1031/lp). De agosto/22 a julho/23, foram embarcadas 1,449 milhão de toneladas, contra 1,682 milhão entre ago/21 e julho/22 (- 13,9%).
MERCADO INTERNACIONAL – Cálculos do Cepea apontam que as paridades de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) subiram 5,5% entre 30 de junho e 31 de julho, para R$ 3,9012/lp (US$ 0,8246/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 3,9118/lp (US$ 0,8268/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 31. Isso é resultado do aumento de 6,75% do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente), para US$ 0,9490/lp, e da desvalorização de 1,29% do dólar frente ao Real no acumulado de julho, a R$ 3,9118/lp no dia 31. Na Bolsa de Nova York, os contratos acumularam alta. Entre 30 de junho e 31 de julho, o vencimento Out/23 subiu 4,73%, a US$ 0,8544/lp; o Dez/23, 5,41%, a US$ 0,8472/lp; o Mar/24, 5,61%, a US$ 0,8475/lp; e o Mai/24, 5,44%, a US$ 0,8471/lp.
CONAB – Relatório divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) no dia 13 de julho indicou que a área nacional de algodão na safra 2022/23 deve somar 1,659 milhão de hectares, 3,6% maior que a da temporada 2021/22 e 1,42% mais ampla que a estimada no relatório divulgado em junho. A produtividade teve uma ligeira retração frente ao último relatório (-0,42%), porém, no comparativo de safras, a alta ainda é de significativos 13,6%, para 1.813 kg/ha. Dessa forma, o volume colhido no Brasil deve aumentar 0,99% no comparativo mensal e 17,8% em relação à temporada 2021/22, podendo chegar a 3,007 milhões de toneladas, ultrapassando o antigo recorde histórico registrado na temporada 2019/20 (3,002 milhões de toneladas).
CAROÇO DE ALGODÃO – Em julho, as negociações de caroço de algodão aumentaram, especialmente no fim do mês, quando mais lotes do produto de safra nova já estavam disponíveis no mercado. No entanto, a liquidez foi limitada pelas pedidas dos compradores ativos, que ficaram abaixo das ofertas de vendedores, que, por sua vez, chegaram a ficar mais flexíveis nos preços. Além disso, compradores têm lotes de contratos a termo para receber e também esperam que os preços caiam ainda mais com o aumento da oferta. Quanto aos preços, levantamento do Cepea mostra que a média do caroço no mercado spot em julho/23 em Primavera do Leste (MT) foi de R$ 883,22/t, queda de 17,8% em relação à do mês anterior e retração de expressivos 34,8% sobre a de julho/22 (R$ 1.353,82/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de junho/23. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média recuou 21,5% na comparação mensal e significativos 37,4% na anual, indo para R$ 808,27/t em julho/23. Em Lucas do Rio Verde (MT), a média foi de R$ 699,45/t, baixa de 18,5% frente à do mês anterior e retração de expressivos 43,6% se comparada à do mesmo período de 2022. Em Barreiras (BA), a média foi de R$ 1.099,74/t, quedas de 12,9% frente à de junho/23 e de 20,8% em relação à de julho/22. Em São Paulo (SP), a média caiu 3,6% no mês e 22,6% no ano, a R$ 1.379,12/t em julho/23.