Os preços do algodão em pluma subiram com certa intensidade no mercado interno na segunda quinzena de abril, passando a operar acima dos R$ 5,00 por libra-peso a partir do dia 23, patamar registrado na primeira dezena de março. Os valores pagos pela pluma no fim do mês recuperaram as perdas registradas entre a segunda metade de março e os primeiros dias de abril, quando foram pressionados pela menor demanda, que, por sua vez, esteve atrelada às incertezas geradas pelo endurecimento das medidas restritivas para contenção da pandemia de covid-19. Os preços foram impulsionados principalmente pela posição firme de vendedores, que pediam preços maiores, fundamentados nas elevações dos valores internacionais da pluma, no clima seco em algumas regiões do Brasil, o que pode prejudicar o desenvolvimento da temporada 2020/21, principalmente do algodão de segunda safra, e na semeadura nos Estados Unidos. Além disso, bons volumes das temporadas 2019/20 e 2020/21 já foram comercializados, e a expectativa é de redução da oferta na safra atual (2020/21). Alguns vendedores também estiveram focados no embarque de contratos a termo, disponibilizando poucos lotes no spot.
Do lado da demanda, compradores com necessidade imediata precisaram ceder para conseguir realizar novas aquisições. No entanto, parte desses agentes seguiu retraída, trabalhando com estoque. Vale considerar que, sobretudo no fim de abril, algumas tradings passaram a ficar mais ativas no mercado nacional, pedindo preços inferiores aos de produtores, diante da menor atratividade da exportação. Neste cenário, entre 31 de março e 30 de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 7,52%, fechando em R$ 5,1702/lp no dia 30, o maior valor nominal desde o dia 8 de março (R$ 5,1716/lp). Mesmo com o dólar operando em patamar elevado, as vendas internas de algodão em pluma remuneraram mais que as externas em abril, quando a média do Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, ficou 12,5% acima da paridade de exportação, a maior vantagem da venda interna sobre a externa desde junho de 2018, quando era de 17%.
Neste caso, em mercados com amplos excedentes exportáveis, como o de algodão, a paridade de exportação é um importante referencial de preços, à medida que indica o valor que o vendedor receberia nas negociações externas. Esse cenário resultou das valorizações da pluma em intensidade superior às observadas para a paridade. Entre abril/20 e abril/21, o Indicador CEPEA/ESALQ subiu 78,2%, em termos nominais, a R$ 4,9370/lp no último mês, enquanto a paridade aumentou 50%, a R$ 4,38/lp (FOB Santos) e R$ 4,39/lp (FOB Paranaguá). Entre 31 de março e 30 de abril, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) subiu 5,42%, a R$ 4,4934/lp (US$ 0,8269/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 4,5039/lp (US$ 0,8288/lp) no de Paranaguá (PR) no último dia 30. A principal sustentação veio da alta no preço internacional. O Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) avançou 8,83% no acumulado do mês, fechando em US$ 0,9490/lp no dia 30. Já o dólar se desvalorizou 3,38% frente ao Real no período.
ICE FUTURES – Os contratos da Bolsa de Nova York (ICE Futures) subiram no acumulado de abril. O vencimento Maio/21 fechou a US$ 0,8743/lp no dia 30, alta de 8,1% frente ao dia 31 de março. Jul/21 fechou em US$ 0,8808/lp (+7,19%); Out/21, em US$ 0,8702/lp (+7,15%); e Dez/21, em US$ 0,8506/lp (+6,19%).
EMBARQUES – As exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 177 mil toneladas em abril, quase o dobro (+95,4%) do volume embarcado em abril/20, 15% acima da quantidade de março/21 e um recorde para o mês. Considerando-se o dólar médio de R$ 5,5669 em abril, o preço por libra-peso da pluma exportada foi de R$ 4,2945 (US$ 0,7710/lp), 13,1% abaixo do Indicador CEPEA/ESALQ. Ainda assim, essa média da pluma exportada esteve 13,8% maior que a verificada em abril do ano passado.
CAROÇO DE ALGODÃO – A liquidez seguiu baixa no mercado de caroço de algodão em abril, já que poucos lotes foram disponibilizados no spot e a preços elevados. Agentes seguiram voltados aos carregamentos da matéria-prima e dos derivados. Para as negociações com entrega no segundo semestre, o ritmo de fechamentos também esteve lento, tendo em vista que os preços em abril estavam mais que o dobro dos registrados há um ano. Além disso, boa parte do caroço da safra 2020/21 já foi comercializada. Em abril/21, o preço médio do caroço negociado no spot de Campo Novo do Parecis (BA) foi de R$ 1.839,67/t, 17,7% maior que o do mês anterior e avanço de expressivos 139,1% em relação ao de abril/20 (R$ 769,48/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de março/21. Em Lucas do Rio Verde (MT), a média de abril foi de R$ 1.830,88/t, aumento de 15% frente à de março/21 e expressivamente maior que há um ano (+136,1%), quando esteve em R$ 775,57/t, também em termos reais. Em Primavera do Leste (MT), houve alta de 24,1% no mês e de significativos 132,7% no ano, a R$ 2.020,24/t em abril/21, contra R$ 868,29/t em abril/20.