O preço do algodão em pluma esteve predominantemente em alta ao longo de maio, chegando a renovar o recorde nominal da série histórica por diversos momentos, sendo o último no dia 18, quando o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento 8 dias, chegou a R$ 8,1834/lp. Assim, no acumulado do mês, o Indicador subiu 10,20% – este foi o terceiro mês consecutivo de avanço. Além disso, a média de maio/22, de R$ 7,9647/lp, ficou 12,1% acima da paridade de exportação e segue como a maior da série histórica do Cepea, em termos nominais. Em termos reais (atualizados pelo IGP-DI de abril/22), a média é a mais alta desde abril de 2011 (R$ 9,0096/lp), sendo também 10,07% superior à de abril/22 e 36,07% maior que a de maio/21. A sustentação veio sobretudo da posição firme de vendedores, que seguiram atentos às lavouras da próxima temporada. Cotonicultores se mostraram capitalizados e com baixa disponibilidade da pluma, especialmente de qualidade superior no spot, contribuindo para impulsionar a cotação. Sobre a nova safra, o Cepea já captou algumas negociações no estado de São Paulo envolvendo lotes da safra 2021/22 ao longo de maio, além do início da colheita envolvendo outros estados.
Do lado comprador, algumas indústrias se mantiveram fora de mercado, usando estoque e/ou a pluma de contratos a termo, uma vez que agentes seguem relatando dificuldades no repasse de novos reajustes aos manufaturados. Além disso, diante da liquidez enfraquecida ao longo da cadeia têxtil, empresas também reduziram a produção. Dessa forma, colaboradores do Cepea indicaram que algumas fábricas planejam conceder férias coletivas e/ou realizar outras estratégias (como diminuição de turnos) e esperar a entrada da safra nova 2021/22 de forma mais volumosa, quando geralmente a maior oferta tende a enfraquecer os preços. Quanto ao ritmo industrial, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de fevereiro/22 para março/22 (dados mais recentes), a atividade industrial caiu 17,7% para o setor de “fabricação de produtos têxteis” e 9,2% para o de “confecção de artigos do vestuário e acessórios”. Na comparação anual (de março/21 a março/22), estes setores registraram quedas de 21,4% e de 16,5%, respectivamente. Já nos últimos dias de maio, os valores da pluma chegaram a se enfraquecer em alguns momentos, devido à maior flexibilidade de parte dos vendedores, sobretudo de tradings, fazendo com que fossem captados, pelo Cepea, um volume maior de negociações. Esses agentes foram influenciados pelas desvalorizações externa, pela queda do dólar frente ao Real e, consequentemente, pelo recuo da paridade de exportação.
MERCADO INTERNACIONAL – De 29 de abril a 31 de maio, o dólar se desvalorizou 3,98% frente ao Real, fechando a R$ 4,751 no dia 31. Já o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) caiu 1,01% na parcial de maio fechando a US$ 1,5745/lp no dia 31. Assim, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) recuou 5% em maio, a R$ 6,5558/lp (US$ 1,3799/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 6,5663/lp (US$ 1,3821/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 31. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), entre 29 de abril e 31 de maio, o vencimento Julho/22 se desvalorizou 4,57%, fechando a US$ 1,3898/lp no dia 31. Já o contrato Out/22 subiu 1,1%, indo para US$ 1,3008/lp no mesmo período, o Dez/22 avançou apenas 0,31%, a US$ 1,2245/lp, e o Mar/23, 0,54%, a US$ 1,1817/lp.
COTTON OUTLOOK – O Cotton Outlook, em relatório divulgado no dia 27 de maio, estimou produção mundial da safra 2021/22 em 25,274 milhões de toneladas, queda de 1,1% frente aos dados de abril/22, pressionada pelas retrações de 3,1% no volume produzido na Índia e de 3,5% no Brasil. Já para a temporada 2022/23, houve diminuição de 1,9% no comparativo com o relatório anterior, mas alta de 4,4% frente à safra passada, chegando a 26,39 milhões de toneladas. No caso do Brasil, a produção em 2022/23 deve ser 3,6% maior que a anterior. O consumo mundial na safra 2022/23 foi estimado para cair 1,8% frente aos dados do relatório anterior, mas ainda registra alta de 0,9% frente à safra passada, para 25,92 milhões de toneladas. O consumo brasileiro está estimado em 750 mil toneladas, 3,4% superior ao da temporada 2021/22 (725 mil toneladas).
CAROÇO DE ALGODÃO – A liquidez se manteve baixa ao longo de maio, devido à posição firme de vendedores e à menor disponibilidade. Compradores adquiriram lotes apenas para atender à necessidade imediata e outros estão no aguardo da entrada da próxima safra, na expectativa de enfraquecimento nos preços. Nesse cenário, agentes seguiram com o cumprimento das programações, seja da matéria-prima, como de óleo, torta e farelo de algodão. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em maio/22 em Lucas do Rio Verde (MT) foi de R$ 1.552,45/t, aumento de apenas 0,9% em relação ao mês anterior, mas baixa de 28,3% sobre o de maio/21 (R$ 2.166,05/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de abril/22. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média subiu 6,1% na variação mensal, porém, caiu 25,1% na anual, indo para R$ 1.618,96/t em maio/22. Em Primavera do Leste (MT), a média de maio foi de R$ 1.672,52/t, ligeiro aumento de 0,7% frente à de abril/22, mas baixa de 33,5% em relação à de maio/21. Já em Barreiras (BA), a média caiu 1,1% no mês e 23% no ano, a R$ 1.774,90/t em abril/22.