Indústrias e comerciantes estiveram ativos no mercado em fevereiro, com o objetivo principal de repor estoques, elevando a liquidez interna – a maioria dos negócios realizados, no entanto, envolveu pequenos volumes. Compradores priorizaram lotes de boa qualidade (41-4 ou superior), mas muitos tentaram negociar a preços inferiores aos pedidos por vendedores e/ou com prazo de pagamento alongado. Apesar de os vendedores não terem reduzido os valores pedidos, eles prolongaram os prazos de pagamentos – na segunda-feira, 26, o prazo médio chegou a 19 dias; na média de fevereiro, superou os 10 dias. Com isso, até mesmo comerciantes disponibilizaram lotes no spot, atendendo parte das necessidades da indústria. De 31 de janeiro a 28 de fevereiro, o Indicador do algodão CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, aumentou 3,2%, fechando a R$ 2,8417/lp na quarta-feira, 28 – o maior valor desde o dia 23 de janeiro. Porém, a média mensal, de R$ 2,7900/lp, está apenas 0,04% acima da de janeiro/18, mas 2,12% superior à de fevereiro/17 (dados atualizados pelo IGP-DI jan/18).
Na primeira quinzena do mês, além de parte da pluma estar comprometida em contratos, produtores, principalmente os de Mato Grosso, voltaram-se à colheita de soja, visando semear a segunda safra do algodão dentro da janela ideal. Segundo colaboradores do Cepea, o escoamento da safra da oleaginosa, inclusive, aumentou os valores dos fretes. Na segunda metade do mês, tradings e cotonicultores estiveram mais retraídos, esperando que as altas dos preços internacionais fossem repassadas ao mercado doméstico. Os contratos da Bolsa de Nova York (ICE Futures) subiram com maior intensidade nos últimos dias de fevereiro.
Vale considerar que, ao longo do mês, as vendas ao mercado interno estiveram mais atrativas, especialmente porque houve oscilações nos valores externos e no câmbio. Em fevereiro, a média do Indicador esteve 13,5% superior à paridade de exportação, que, por sua vez, acumulou alta de 5,13% no mês – impulsionada pela alta de 3,32% do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) e pela valorização de 1,6% do dólar frente ao Real.
Quanto aos contratos para entregas futuras, ao longo de fevereiro, vários fechamentos foram captados pelo Cepea, tanto para embarque ainda neste semestre, envolvendo a pluma da temporada 2016/17, como referente ao produto da temporada em andamento (2017/18) e da próxima (2018/19). Para atender à programação das indústrias domésticas, as negociações envolveram preços fixos (Reais ou em dólar) e/ou a fixar – baseados no Indicador ou em contratos da Bolsa de Nova York (ICE Futures).
Os contratos futuros na ICE Futures acumularam alta em fevereiro, o que encorajou vendedores brasileiros a também negociar o produto para exportação. Segundo dados do Cepea, até o dia 28, os preços de exportação para embarque entre agosto e dezembro/18 tiveram média de US$ 0,7932/lp, 0,48% inferior aos negócios captados em janeiro/18 (US$ 0,7970/lp). Para exportação no segundo semestre de 2019 (referentes à safra 2018/19), a média está em US$ 0,7615/lp, 0,86% menor que os patamares observados em janeiro/18. Vale considerar que, para as negociações de curto prazo, a média, de US$ 0,8430/lp está 2,01% menor que a de janeiro/18, ainda referente à pluma da temporada 2016/17. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os primeiros vencimentos registraram alta em fevereiro, impulsionados por possíveis adversidades climáticas, pelo bom desempenho das exportações da fibra norte-americana e por expectativas de queda na produção dos Estados Unidos para a temporada 2018/19. Entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, o contrato Mar/18 aumentou expressivos 5,65%, fechando a US$ 0,8165/lp no dia 28. O vencimento Maio/18 subiu 5,83%, para US$ 0,8293/lp; o Jul/18 registrou aumento de 5,36%, a US$ 0,8329/lp, e o contrato Out/18 se valorizou 4,6%, a US$ 0,7830/lp.
CONAB – No Brasil, em fevereiro, estimativas de área para a safra 2017/18 aumentou, de 1,05 milhão para 1,102 milhão de hectares, 17,4% maior que a da temporada 2016/17. Ainda que a produtividade esperada, de 1.623 kg/ha, seja 0,04% menor que a da safra anterior, a produção da temporada 2017/18 está estimada em 1,79 milhão de toneladas, elevação de 17% frente à passada e 5% acima das previsões de janeiro.
USDA – No mercado internacional, o relatório de fevereiro do USDA elevou as estimativas de colheita global da safra 2017/18, para 26,4 milhões de toneladas, crescimento de 13,9% frente à temporada anterior – impulsionadas pela China, Estados Unidos, Brasil e Turquia. Já o consumo mundial foi reduzido em 0,3% frente às previsões de janeiro/18, para 26,2 milhões de toneladas, mas a previsão é de aumento de 5% frente à safra 2016/17. A comercialização mundial deve ser de 8,3 milhões de toneladas na temporada 2017/18, sendo que as importações podem aumentar 1,7%, e as exportações, 2,7%. Os Estados Unidos se destacam como o maior exportador, e os volumes de embarque de Austrália e Brasil também devem aumentar. Apesar da queda no estoque chinês, a expectativa é de que o volume mundial estocado totalize 19,3 milhões de toneladas na temporada 2017/18, aumento de 1% frente à safra passada.
EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO DE PLUMA – Quanto às exportações brasileiras, segundo dados da Secex, os embarques recuaram 31,3% de janeiro para fevereiro, totalizando 54,3 mil toneladas no mês passado. Mesmo assim, esse volume ainda é bem maior que o exportado em fevereiro/17 (23,2 mil toneladas). Em fevereiro/18, o faturamento foi de US$ 92,6 milhões, 28,9% inferior ao de janeiro/18, mas mais que o dobro do de fevereiro/17 (US$ 38,2 milhões). O valor médio da pluma para exportação, de US$ 0,7729/lp, registrou aumento de 3,5% frente ao mês anterior e também a fev/17 – sendo o maior desde jul/17. Em moeda nacional, a receita totalizou R$ 300,2 milhões em fev/18, 28,2% inferior aos R$ 418,1 milhões obtidos em janeiro, mas expressivamente maior que os R$ 118,5 milhões de fev/17. Quanto às importações, o volume de 228,7 toneladas aumentou significativamente no comparativo com janeiro/18 (quando foram importadas apenas 98,2 toneladas), enquanto registrou baixa de 95,4% frente a fev/17, ainda de acordo com a Secex. Em fev/18, o preço médio de importação foi de US$ 1,1240/lp, recuo de 29% frente a jan/18, mas ainda 48,3% maior que os US$ 0,7577/lp de fev/17.
MERCADO DE FIOS – Vários negócios de diversas classificações foram captados pelo Cepea em fevereiro, inclusive os mistos, tanto para entrega imediata quanto para programadas para março. Segundo colaboradores do Cepea, algumas empresas estiveram retraídas para novas aquisições de pluma, focadas nas vendas dos produtos acabados em estoque. Além disso, agentes tentam repassar os aumentos da pluma para os fios, mesmo que em menor intensidade que a verificada para a fibra.
CAROÇO DE ALGODÃO – As negociações no spot seguiram enfraquecidas no mês passado, limitadas a pequenos volumes para repor estoques, principalmente do setor pecuário. Esmagadoras seguem com bons volumes de produtos derivados estocados, principalmente torta e farelo. Assim, o menor ritmo de vendas é atribuído à redução do número de animais confinados e ao aumento da produção de grãos na safra 2016/17, como milho. Além disso, as chuvas do mês passado, inclusive no Nordeste, melhoraram as condições dos pastos, diminuindo a necessidade de complementos.