Depois de acumular altas mensais entre julho/21 e janeiro/22, o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma caiu 1,38% em fevereiro, fechando a R$ 6,8862/lp na sexta-feira, 25. A pressão veio dos menores patamares da paridade de exportação, que, por sua vez, cederam diante das desvalorizações externa e do dólar em boa parte do mês. Mesmo assim, a média de fevereiro do Indicador, de R$ 6,9805/lp, atingiu recorde nominal, sendo 2,47% acima da de janeiro/22 e 45,75% maior que a de fevereiro/21. Além disso, a média nacional esteve 10,5% acima da paridade de exportação, a maior vantagem desde setembro/21 (quando ficou em 11,3%). Ao longo do mês, compradores adquiriram lotes para atender à necessidade imediata e/ou para repor estoques, mas buscaram reduzir os valores pagos, diante das dificuldades no repasse dos custos aos seus produtos manufaturados.
Dados do IBGE apontam que o setor industrial até teve melhor desempenho em 2021 comparativamente a 2020, mas o ritmo esteve em queda nos últimos quatro meses do ano. Em dezembro/21, a performance do setor de “preparação e fiação de fibras têxteis” foi 30,8% menor que a de dezembro/20. No acumulado de 2021, contudo, houve crescimento de 5,8% desse setor em relação ao ano anterior. Ainda conforme o IBGE, os setores de “fabricação de produtos têxteis” e de “confecção de artigos do vestuário e acessórios” tiveram desempenhos 27% e 29,5% menores, respectivamente, em dezembro/21 na comparação com o mesmo período de 2020. Entretanto, no acumulado de 2020 para 2021, ambos produziram 8,5% e 10,9% a mais. Cotonicultores estiveram atentos à finalização do cultivo da próxima temporada. De acordo com dados da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), até o dia 24 de fevereiro, 99,8% de área 2021/22 havia sido semeada no Brasil, restando apenas os últimos talhões a serem cultivados em Minas Gerais e Goiás.
MERCADO INTERNACIONAL – De 31 de janeiro a 25 de fevereiro, o dólar se desvalorizou 2,98% frente ao Real, fechando a R$ 5,145 no dia 25. O Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) caiu 0,48% entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, a US$ 1,3520/lp no dia 28. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) recuou 1,9% no mês, a R$ 6,1908/lp (US$ 1,2033/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 6,2013/lp (US$ 1,2053/lp) no de Paranaguá (PR), ambos no dia 25. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, o vencimento Março/22 se desvalorizou 3,92%, fechando a US$ 1,2257/lp no dia 28, e o Maio/22 recuou 3,21%, indo para US$ 1,1912/lp. O contrato Jul/22 registrou baixa de 3,21% no mesmo período, a US$ 1,1582/lp, e o Out/22 caiu 2,3%, a US$ 1,0743/lp.
CONTRATOS A TERMO – Agentes continuam atentos ao cumprimento dos contratos a termo para os mercados interno e externo. Segundo colaboradores do Cepea, ao longo do mês, algumas indústrias chegaram a adiar as entregas. Porém, empresas nacionais também buscaram realizar novos contratos a termo com embarques previstos para ao longo de 2022 e também para o primeiro semestre de 2023. As negociações foram a preços fixos e/ou baseados no Indicador ou mesmo nos contratos da ICE Futures. Para exportação, fechamentos também foram acompanhados pelo Cepea ao longo do mês, mas a liquidez poderia ter sido maior se não fosse a disparidade dos prêmios de exportação entre os compradores e os vendedores.
EXPORTAÇÃO – Quanto aos preços, cálculos do Cepea mostram que as negociações para exportação com embarques nos próximos meses (até abril) ainda envolvendo a safra 2020/21 apresentaram média de US$ 1,3270/lp em fevereiro, considerando-se os valores FOB porto de Santos (SP). Já as entregas programadas para o segundo semestre registram média de US$ 1,0918/lp, envolvendo a pluma da próxima temporada (2021/22). Também houve negócios para a safra 2022/23, com média de US$ 0,8574/lp, com entregas de agosto a dezembro de 2023.
ICAC – O Comitê Consultivo Internacional do Algodão, em relatório divulgado no dia 1º de março, indicou produção mundial da safra 2021/22 em 26,1 milhões de toneladas, aumento de 7,4% frente à anterior, mas recuo de 1,23% frente ao estimado no relatório do mês anterior. Já o consumo mundial de algodão em pluma teve reajuste de 0,22% no comparativo mensal e deve crescer apenas 0,1% em 2021/22, para 25,7 milhões de toneladas. A exportação, por sua vez, foi prevista em 3,04% menor se comparado com o dado do relatório de fevereiro/22 e pode recuar 6,1% frente à da safra passada, indo para 9,96 milhões de toneladas. O Icac destacou que há dificuldade de levar a pluma para as indústrias, uma vez que a pandemia interrompeu o transporte global em muitos setores, e a cadeia do algodão além de longa é complexa, especialmente porque grande parte da produção está localizada no Ocidente e tem que ser enviada ao outro lado do mundo para ser transformada em têxteis. Isso faz com que os países se adaptem e busquem simplificar a cadeira de suprimentos. Nesse cenário, o estoque final deve ser de 20,8 milhões de toneladas, que, mesmo com o recuo de 1,82% se comparado aos dados do mês anterior, ainda está 2,2% acima do da temporada 2020/21. Quanto ao preço médio, o Icac indica, neste relatório de março, média do Índice Cotlook A de US$ 1,09/lp para a temporada 2021/22, 4,8% maior que a prevista no mês anterior (US$ 1,04/lp).
CAROÇO DE ALGODÃO – Os preços seguiram firmes em fevereiro, uma vez que agentes ainda estiveram atentos aos cumprimentos dos contratos a termo tanto do caroço de algodão, como do farelo, da torta e do óleo. Assim, poucos lotes foram disponibilizados nesta entressafra, e os valores pedidos por vendedores seguiram elevados. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em fevereiro/22 em Lucas do Rio Verde (MT) foi de R$ 1.575,36/t, elevação de 5,5% em relação ao mês anterior, mas baixa de 3,2% sobre o de fevereiro/21 (R$ 1.628,24/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de janeiro/22. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média subiu 16,2% na variação mensal e aumentou apenas 1,6% na anual, indo para R$ 1.613,75/t em fevereiro/22. Em Primavera do Leste (MT), a média de fevereiro foi de R$ 1.675,00/t, alta de 6,7% frente à de janeiro/22, mas baixa de 2,5% em relação à de fevereiro/21. Em Barreiras (BA), a média subiu 2,2% na variação mensal, mas recuou 8,8% na anual, indo para R$ 1.718,92/t em fevereiro/22.