Impulsionado pela baixa disponibilidade, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, avançou expressivos 12,34% em maio, a elevação mais intensa desde janeiro/16, quando o aumento chegou a 17%. A média do Indicador em maio, de R$ 3,5633/lp, superou em 11,64% a de abril/18 e em 24,06% a de maio/17, em termos reais (dados atualizados pelo IGP-DI de abr/18). No acumulado de 2018 (até o dia 4 de junho), a elevação já é de 41%.
Vendedores estiveram resistentes em liquidar os lotes da safra 2016/17, especialmente os de Mato Grosso. Em São Paulo e na Bahia, as ofertas de lotes da nova temporada (2017/18) ainda eram baixas em maio. Colaboradores do Cepea indicam que as lavouras das principais regiões estão em boas condições, gerando expectativas positivas para a colheita. A paralisação dos caminhoneiros no fim de maio, por pelo menos dez dias, acabou travando ainda mais as negociações para entregas rápidas. Do lado produtor, a maior preocupação era de poder dar continuidade à colheita ou ao início dela.
Em maio, a comercialização de pluma para embarque futuro, tanto da safra 2017/18 como da 2018/19, esteve aquecida. Os contratos foram firmados em Real ou em dólar, com valores a fixar – baseados nos contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) e também no Indicador CEPEA/ESALQ. Para exportação, o ritmo também esteve bom: foram captados alguns contratos, incluindo os “flex” (com opção para o mercado doméstico) e concentrados para a temporada 2018/19.
Dados do Cepea mostram que, em maio, os preços de exportação para embarque entre julho e dezembro/18 tiveram média de US$ 0,8523/lp, 6,2% acima dos captados em abril/17 (US$ 0,8025/lp). Para exportação no segundo semestre de 2019 (referentes à safra 2018/19), a média está em US$ 0,8060/lp, elevação de 3,53% frente à do mês anterior.
Quanto à nova temporada (2017/18), de acordo com informações de colaboradores do Cepea, poucos lotes de pluma colhidos no estado de São Paulo foram negociados no spot. Para Bahia, Minas Gerais e Goiás, há expectativa de início dos negócios no final de junho, se o clima continuar favorável. Até o momento, cotonicultores seguem otimistas quanto ao volume e à qualidade da lavoura.
MERCADO INTERNACIONAL – Em maio (entre 30 de abril e 30 de maio), a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), subiu 10,67%, registrando média mensal de R$ 2,9504/lp, alta de 8,88% em relação à do mês anterior. A média de maio do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) aumentou 2,31%, com o Real se desvalorizando 6,72% frente ao dólar no mesmo período.
Para os contratos na Bolsa de Nova York, todos os vencimentos registraram alta em maio, principalmente na segunda quinzena, impulsionados pelas adversidades climáticas nos Estados Unidos e na China e por incertezas quanto à produção indiana. Entre 30 de abril e 31 de maio, o vencimento Jul/18 se valorizou expressivos 11,1%, fechando a US$ 0,9315/lp no dia 31. O contrato Out/18 registrou aumento de 16,08% (US$ 0,9335/lp); Dez/18, de 16,32% (US$ 0,9164/lp) e Mar/19, de 15,58% (US$ 0,9086/lp).
Relatório do Icac (Comitê Internacional do Algodão), divulgado em 1º de junho, estima produção mundial 2017/18 em 26,57 milhões de toneladas, 3,5 milhões de toneladas a mais que na temporada anterior (+15,12%). O consumo pode crescer 3,96%, atingindo 25,49 milhões de toneladas. Com isso, o estoque mundial 2017/18 pode cair para 18,33 milhões de toneladas, 2,5% menor que no período anterior – diminuição observada pela quarta temporada consecutiva. A comercialização mundial está prevista em 8,77 milhões de toneladas, aumento de 8% frente à safra 2016/17.
Para a temporada 2018/19, também segundo o Comitê, a previsão é que o consumo mundial atinja 26,7 milhões de toneladas, 4,8% maior que na temporada anterior. Assim, superará a produção, estimada em 25,75 milhões de toneladas (-3,1%) – a pressão na colheita global veio da menor produção na China e nos Estados Unidos. Nesse cenário, o estoque mundial 2018/19 pode cair para 17,37 milhões de toneladas, 5,2% menor que na safra anterior. Para a comercialização global, o volume pode atingir 9,19 milhões de toneladas, 4,8% maior que na 2017/18.
EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO – Segundo dados da Secex, os embarques recuaram pelo sétimo mês consecutivo. De abril para maio, a queda foi de 35,4%, chegando a 18,5 mil toneladas e, frente a maio/17, o volume está 5,6% inferior (19,6 mil toneladas). Em maio/18, o faturamento foi de US$ 33,8 milhões, 32,7% inferior ao de abril/18 e apenas 5,7% abaixo do de mai/17 (US$ 35,8 milhões). O preço médio, de US$ 0,8284/lp, registrou aumento 4,2% frente ao mês anterior, mas esteve apenas 0,1% inferior ao de mai/17. Em moeda nacional, a receita foi de R$ 122,9 milhões em mai/18, 28,1% menor que os R$ 171,1 milhões do mês anterior, e somente 6,8% menor que os R$ 115,1 milhões de mai/17.
Em relação à importação, o volume chegou a 2,06 mil toneladas em mai/18, aumento de 34,2% no comparativo com o mês anterior, mas com queda de 72,3% frente aos dados de mai/17 (quando atingiu quase 8 mil toneladas). Em mai/18, o preço médio de importação foi de US$ 0,8002/lp, recuo de 0,5% se comparado ao de abril, mas 0,8% acima do US$ 0,8935/lp de um ano atrás.
CONAB – A produção brasileira de algodão pode chegar a 1,942 milhão de toneladas na safra 2017/18, avanço de 4,3% se comparada ao relatório de abril/18 e de expressivos 27% frente à temporada 2016/17 – seria também a maior desde 2011/12. A área está estimada em 1,175 milhão de hectares (+25,2% frente à safra 2016/17) e a produtividade, em 1.652 kg/ha (+1,4%). Em Mato Grosso, a projeção para a área cultivada aumentou 4,2% no estado e, frente à safra anterior, 23,9%, a 777,8 mil hectares. Nesse cenário, a produção mato-grossense deve somar 1,275 milhão de toneladas, 26,1% maior que a safra 2016/17, ainda que a produtividade se eleve apenas 1,8%. Na Bahia, segundo maior produtor, a produção está prevista em 451,8 mil toneladas, forte aumento de 30,5%, impulsionada pelo aumento de área.
CAROÇO DE ALGODÃO – A comercialização do produto esteve enfraquecida no spot em maio, devido, na maioria dos casos, a pequenos volumes para atender à demanda pecuarista. Parte das esmagadoras trabalhou com estoque próprio e outras empresas registraram redução na capacidade de moagem ou paralisaram as atividades para o período de limpeza e/ou manutenção. Quanto às entregas futuras, referentes à safra 2017/18, algumas negociações foram captadas. Com o bom volume previsto para a produção da próxima temporada, empresas limitam as compras antecipadas, aguardando queda nos valores quanto mais próximo estiver da colheita.
Diante da oferta restrita e de alguma demanda, vendedores elevaram os valores pedidos no spot. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em maio em Barreiras (BA) esteve 6,6% maior que o do mês anterior, a R$ 483,73/t. Em Campo Novo do Parecis (MT), a alta foi de 10,3% (R$ 357,80/t) e, em Lucas do Rio Verde (MT), de apenas 0,8% (R$ 325,61/t). Em Primavera do Leste (MT), o preço subiu 0,2%, a R$ 434,33/t.
Quanto aos contratos para entregas entre julho e dezembro de 2018 (referente à safra 2017/18), de abril para maio, o preço médio na BA subiu 2,93%, com a média a R$ 388,33/tonelada. Já em Primavera do Leste (MT), houve queda de 8,3% e média de R$ 375,7/t e, em Campo Novo do Parecis (MT), a retração foi de 11,6% (R$ 290,53/t).