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Algodão: Demanda Interna Aquecida em Agosto Elevou o Ritmo de Negócios da Pluma

Publicado 13.09.2021, 14:20
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A demanda interna um pouco mais aquecida ao longo de agosto elevou o ritmo de negócios envolvendo o algodão em pluma. Esse cenário atrelado à baixa oferta do produto no spot nacional e às valorizações externas e do câmbio resultaram em alta nos preços domésticos no acumulado do mês. Entre 30 de julho e 31 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, subiu 7,91%, fechando a R$ 5,3540/lp no dia 31. Vale considerar que o Indicador renovou o recorde nominal da série do Cepea, iniciada em meados de 1996, no dia 30 de agosto (R$ 5,4780/lp). A média de agosto foi de R$ 5,2579/lp, a maior média nominal da série, com avanços de 5,48% na comparação com julho/21 e de 32,31% em relação a agosto/20, em termos reais (os valores foram corrigidos pelo IGP-DI de julho/21). No geral, em agosto, produtores estiveram focados na colheita, no beneficiamento, na classificação e no cumprimento de contratos a termo. Os vendedores ativos seguiram firmes e elevando os preços pedidos ao longo do mês, fundamentados na menor produção da safra 2020/21, no maior volume de pluma já comercializado e nos estoques mais baixos. Tradings, por sua vez, estiveram ativas no mercado interno, diante da maior atratividade dos preços domésticos em relação aos da exportação.

Ao longo de agosto, muitos vendedores também aproveitam os atuais patamares de preços para fechar novos contratos futuros nos mercados interno e externo, envolvendo a pluma da atual temporada (2020/21) e da próxima 2021/22 – e ainda de forma pontual a da safra 2022/23. Além disso, agentes, de olho nos maiores valores na ICE Futures, fixaram preços para os contratos que ainda estavam em aberto. Do lado comprador, demandantes precisaram de lotes para atender à necessidade imediata. Outros, ainda, estiveram afastados do mercado, na expectativa de queda, diante dos avanços do beneficiamento e do cumprimento dos contratos. Parte das indústrias até indicou aumento nas vendas em agosto, mas estes agentes ainda estiveram cautelosos nas aquisições de grandes volumes da matéria-prima, com receio de não conseguir repassar os atuais custos. Além disso, o maior interesse comprador ao longo do mês está relacionado à necessidade de repor estoques, em um ambiente de bom fluxo industrial e de maior ritmo de comercialização.

Segundo dados do IBGE, referentes à “Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física”, o setor de “Preparação e fiação de fibras têxteis” apresentou significativa recuperação no segundo trimestre de 2021 (últimos dados disponíveis). A produção industrial do setor cresceu 38,6% na comparação do período de julho/20 a junho/21 com os 12 meses anteriores. Vale lembrar que, de julho/19 a junho/20, houve queda de 7,1% em relação aos 12 meses anteriores. As indústrias domésticas estão com baixo volume de algodão negociado por meio de contratos a termo. Dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias), contabilizados diariamente pelo Cepea, mostram que os registros de negócios para o mercado interno referentes à safra 2020/21 representam cerca de 1/3 da demanda esperada para 2021.

FIO – Em agosto, a venda de fios reportada para o Cepea cresceu frente ao mês anterior e ao mesmo período do ano passado. Os fios com diferentes titulações de “open end” e “penteado” continuam sendo os maiores em volumes comercializados. Entre agosto/20 e agosto/21, os preços dos fios “open end” subiram 42,3% e os do “penteado”, 47,1%.

PARIDADE – Dados da Conab indicam que, de 23 a 27 de agosto, especificamente, a paridade de importação CIF São Paulo (com operação de drawback) foi de R$ 5,8983/lp. No mesmo período, o Indicador teve média de R$ 5,4274/lp, sendo, portanto, 8% inferior à paridade de importação, mas 15% superior à paridade de exportação do mesmo período (que foi de R$ 4,7003/lp).

MERCADO INTERNACIONAL – O dólar se desvalorizou 0,42% frente ao Real no acumulado de agosto, indo para R$ 5,175 no dia 31. Já o Índice Cotlook A teve aumento de 3,39% entre 30 de julho e 30 de agosto, indo para US$ 1,0365/lp no dia 30. No mesmo período, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) subiu 3,24%, a R$ 4,6882/lp (US$ 0,9038/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 4,6987/lp (US$ 0,9059/lp) no de Paranaguá (PR). Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), entre 30 de julho e 31 de agosto, o vencimento Out/21 subiu 4,54%, fechando a US$ 0,9391/lp no dia 31. No mesmo período, o Dez/21 se valorizou 3,51% (a US$ 0,9253/lp), o Mar/22, 3,03% (a US$ 0,9177/lp) e o Maio/22, 3,36% (a US$ 0,9141/lp).

ESTIMATIVA SAFRA 2021/22 – A primeira estimativa da Conab para a safra 2021/22 aponta área de 1,548 milhão de hectares, aumento de 13,4% frente à de 2020/21, alavancada pelos elevados preços internacionais, pelo dólar valorizado frente ao Real, pela alta rentabilidade da cultura, pelo volume comercializado antecipadamente e pela fidelização dos clientes no exterior. Vale considerar que a Companhia indica que a boa rentabilidade do milho é um fator limitante do crescimento da área. A produtividade está estimada em 1.750 kg/ha, elevação de 2,1% se comparada à da safra 2020/21. Dessa forma, a produção nacional deve crescer 15,8% frente à anterior, somando 2,71 milhões de toneladas na safra 2021/22. O consumo doméstico deve sair de 715 mil toneladas para 760 mil toneladas na temporada 2021/22 (+6,3%). Já as exportações em 2022 estão previstas em 2,03 milhões de toneladas, estas 3,3% menores que as estimadas para a safra 2020/21. Com isso, o estoque final está projetado em 1,045 milhão de toneladas, queda de 19,1% frente ao anterior. Dessa forma, a relação estoque/consumo em 2021 está previsto em 181% e poderá cair para 137% em 2022 – a menor em quatro anos.

USDA – Em relatório divulgado no dia 12 de agosto, o USDA indica que a produção global da pluma deverá ser 5,7% maior que a anterior, chegando em 25,87 milhões de toneladas na temporada 2021/22. O Departamento estima produção de 3,76 milhões de toneladas nos Estados Unidos e de 2,72 milhões de toneladas no Brasil, reajustes negativos de 3% e de 5,6%, respectivamente, frente aos dados divulgados em julho/21. O consumo global, por sua vez, pode crescer 3,6%, indo para 26,85 milhões de toneladas. Tanto as importações quanto as exportações podem somar 10,07 milhões de toneladas cada na safra 2021/22, quedas de 4,4% e de 3,7%, nessa ordem, frente aos volumes da temporada anterior. O estoque mundial na safra 2021/22 foi projetado em 18,99 milhões de toneladas, 5% abaixo do anterior. De julho para agosto, o Departamento reduziu o estoque brasileiro em 5,2%, e o norte-americano, em 9,1%. Para o Brasil, estima-se que o volume fique em 2,69 milhões de toneladas, 11% maior que o da temporada passada; já os Estados Unidos devem somar 653 mil toneladas (-6,3%), o menor desde a safra 2016/17, quando chegou em 598,75 mil toneladas. Quanto ao preço médio da temporada 2021/22 nos Estados Unidos, está previsto em US$ 0,80/lp, elevação de 6,7% frente ao de julho (US$ 0,75/lp), enquanto permaneceu estável para a safra 2020/21, em US$ 0,665/lp.

CAROÇO – O mercado de caroço de algodão se manteve pouco movimentado em agosto. Poucos compradores tiveram mais necessidade de aquisição no spot, visto que agentes priorizaram as entregas e/ou os recebimentos dos volumes contratados anteriormente. Outro fator que limitou a liquidez foi o alto preço pedido pelo vendedor. O preço médio do caroço no mercado spot em agosto/21 em Barreiras (BA) foi de R$ 1.848,81/t, avanços de 3,3% em relação ao do mês anterior e de 78,3% sobre o de agosto/20 (R$ 1.037,10/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de julho/21. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média subiu 3,3% na variação mensal e expressivos 130,3% na anual, indo para R$ 1.848,81/t em agosto, também em termos reais. Em Lucas do Rio Verde (MT), a média de agosto foi de R$ 1.763,10/t, queda de ligeiro 0,5% frente à de julho/21, mas alta de significativos 115,5% em relação à de agosto/20. Em Primavera do Leste (MT), houve baixa de apenas 0,1% no mês, mas elevação expressiva de 107,9% no ano, a R$ 1.851,25/t em agosto/21.

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