A chegada de alguns lotes de algodão em pluma da safra 2017/18 no mercado spot, especialmente a partir da segunda quinzena de junho, e a retração de alguns compradores, que aguardavam a intensificação da colheita, pressionaram a cotação de algodão em pluma no correr do mês. De 30 de maio a 29 de junho, o Indicador do algodão CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, caiu 3,9%. Essa foi a primeira queda acumulada mensal do Indicador desde outubro/17, quando a baixa foi de ligeiro 0,3%.
Na primeira quinzena de junho/18, especificamente, o Indicador ainda acumulava alta de 1,1%, mas houve forte queda 4,6% na segunda metade do mês. Ainda assim, a média de junho foi de R$ 3,7561/lp, 5,41% superior à de maio/18 e 27,87% acima da de junho/17 (dados atualizados pelo IGP-DI maio/18).
Comerciantes e indústrias estiveram ativos no spot, adquirindo pequenos volumes para atender a necessidades imediatas, mas pressionavam os valores de compra. Algumas empresas trabalharam com estoque próprio e/ou redução no ritmo de produção, enquanto outras entraram em férias coletivas.
Do lado vendedor, cotonicultores estiveram atentos à colheita e ao beneficiamento, que avançou em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, além de Bahia e São Paulo. Já outros produtores se voltaram apenas para entrega de contratos firmados anteriormente.
Dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea apontam que 75,7% da safra brasileira 2016/17, estimada em 1,529 milhão de toneladas, teria sido comercializada até o dia 29 de junho. Deste total, 62,2% foram direcionados ao mercado interno, 27,3%, ao externo e 10,5%, para contratos flex (exportação opção para mercado interno). Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 49% da produção de 2017/18 (projetada em 1,959 milhão de toneladas) foi comercializada no mesmo período, sendo 48,7% ao mercado doméstico, 36,1%, para exportação e 15,2%, para contratos flex.
Dados do Cepea mostram que, em junho, os preços de exportação para embarque entre julho e dezembro/18 tiveram média de US$ 0,9187/lp, 7,8% acima dos captados em maio/18 (US$ 0,8523/lp). Para exportação no segundo semestre de 2019 (referentes à safra 2018/19), a média esteve em US$ 0,8374/lp, aumento de 3,61% frente à do mês anterior (US$ 0,8082/lp).
MERCADO INTERNACIONAL – De 30 de maio a 29 de junho, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), acumulou baixa de 2,33%. A média de junho foi de R$ 3,2117/lp, elevação de 8,86% em relação à do mês anterior e alta de expressivos 33,5% frente à de junho/17 (R$2,4061/lp). No mesmo período, a média do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) subiu 4,08%, com o Real se desvalorizando 4% frente ao dólar.
Quanto aos contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures), todos os primeiros vencimentos acumularam queda em junho, em resposta, especialmente, às tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, que podem reduzir as exportações norte-americanas de pluma para aquele país. Entre 31 de maio e 29 de junho, o vencimento Jul/18 caiu 8,34%, fechando a US$ 0,8538/lp no dia 29. O contrato Out/18 registrou queda de 8,76% (US$ 0,8517/lp); Dez/18 se desvalorizou 8,42% (US$ 0,8392/lp) e Mar/19, 7,92% (US$ 0,8366/lp).
De acordo com dados do USDA, a safra mundial 2017/18 pode atingir 26,728 milhões de toneladas, aumento de 15,1% frente à anterior. O consumo recuou 1,38% se comparado ao mês anterior, mas espera-se que seja 5,2% maior que o da safra 2016/17. Já o estoque mundial 2017/18 se mantém estimado em 19,2 milhões de toneladas – 1,5% superior ao da temporada passada. A comercialização mundial foi reajustada positivamente; assim, as importações foram elevadas em 5,56% frente a maio/18 e em 5,3% se comparadas à safra 2016/17, totalizando 8,6 milhões de toneladas. As exportações devem ser de 8,7 milhões de toneladas, crescimento de 7,3% frente à safra anterior e ao mês passado.
Em relação à safra 2018/19, o USDA estima produção global de 26,2 milhões de toneladas, 1,9% inferior à temporada passada, pressionada pela China e Estados Unidos, que devem produzir 3,6% e 6,8% a menos que em 2017/18, respectivamente. Já o consumo da safra 2018/19 deve ser 3,8% maior que a anterior, somando 27,29 milhões de toneladas. A comercialização mundial pode chegar a 8,9 milhões de toneladas, com altas de 3,6% nas importações e de 2,4% nas exportações, frente à safra 2016/17. Nesse cenário, o Departamento projeta redução de 5,9% nos estoques mundiais, indo para 18,07 milhões de toneladas, o menor desde a temporada 2011/12, quando foi de 16,209 milhões de toneladas.
CONAB –Em maio, a produção brasileira de algodão da safra 2017/18 foi prevista em 1,959 milhão de toneladas na safra 2017/18, avanços de 0,9% frente ao relatório anterior e de expressivos 28,1% em relação à temporada 2016/17. Esse volume é resultado de um aumento de 25,2% na área semeada (1,176 milhão de hectares) e da alta de 2,3% da produtividade (de 1.666 kg/ha) frente à safra 2016/17.
A produção mato-grossense deve chegar a 1,275 milhão de toneladas, a produtividade esperada é 1,8% maior que a da safra anterior (1.640 kg/ha) e a área, em 777,8 mil hectares, 23,9% superior à safra anterior. Já na Bahia, a Conab projeta área de 265,1 mil hectares, 31,5% maior que a temporada 2016/17. De maio para junho, a Companhia espera que a produtividade na região aumente em 2,7%, para 1.764 kg/ha – em abril/18, projetava-se recuo de 0,7% frente à safra anterior. Nesse cenário, a produção baiana deve somar 467,6 mil toneladas, expressivos 35,1% acima da anterior.
CAROÇO DE ALGODÃO – A comercialização de caroço de algodão permaneceu enfraquecida em junho. Houve ligeiro aumento na procura de pecuaristas, devido ao clima seco, e de indústrias, com necessidade de repor estoque, após a melhora nas vendas de torta e de farelo de algodão. Mesmo com a entrada de lotes da nova temporada (2017/18) no spot, a disparidade de preço entre os vendedores e compradores ativos esteve acirrada, o que elevou os valores médios. O preço médio do caroço no mercado spot em junho/18 em Barreiras (BA) registrou alta de 2,5% em relação ao mês anterior, a R$ 495,74/t. Em Primavera do Leste (MT), a baixa foi de apenas 0,3% (R$ 433,13/t), enquanto em São Paulo (SP) houve aumento de 3% (R$ 663,46/t).