MERCADO INTERNO – Mesmo com a baixa disponibilidade interna, a cotação do algodão em pluma seguiu em queda em julho, mantendo fraco o ritmo das negociações. Agentes indicaram atraso na colheita da safra 2018/19 – e consequentemente no beneficiamento –, devido a chuvas em meados de maio e ao clima um pouco mais frio em algumas localidades de Mato Grosso e da Bahia. Entre 28 de junho e 31 de julho, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 7,7%, fechando a R$ 2,5065/lp no dia 31. A média mensal de julho, de R$ 2,6244/lp, foi a menor desde abril/15, sendo 6,1% inferior à de junho/19 e 27,33% abaixo da de julho/18, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de junho/19). Do lado vendedor, agentes se voltaram à colheita, ao beneficiamento e à entrega de contratos firmados anteriormente. Dados do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) divulgados no dia 2 de agosto indicam que a colheita em Mato Grosso estava em 36,04% da área total estimada (1,072 milhão de hectares), avanço de 10,68 pontos percentuais frente ao dia 26 de julho, acima dos 25,62% do mesmo período da safra 2017/18, mas inferior à média dos últimos cinco anos, de 38,59%.
Compradores, por sua vez, entraram no spot apenas para aquisições pontuais e para pequenas reposições, ofertando valores inferiores a cada semana, no intuito de realizar embarques de produto contratado. Algumas empresas seguiram trabalhando com o estoque de pluma. Comerciantes tentaram realizar novos fechamentos “casados”, mas as disparidades de preço e de qualidade entre os agentes ativos dificultaram as efetivações. A comercialização para entrega futura, por sua vez, também esteve lenta ao longo de julho. Boa parte dos negócios destinados à exportação foi firmada com base nos contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures). Já para o mercado doméstico, foram captados fechamentos a preços fixos (Real ou em dólar) e/ou a fixar (Indicador ou Bolsa de Nova York) envolvendo a pluma tanto da safra 2018/19 como da 2019/20. De acordo com dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea, 74,7% da safra brasileira 2017/18, estimada em 2,005 milhões de toneladas, teria sido comercializada até o dia 31 de julho. Deste total, 58,2% foram direcionados ao mercado interno, 31,5%, ao externo e 10,3%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno). Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 36% da produção de 2018/19 (projetada em 2,665 milhões de toneladas pela Conab) foi comercializada no mesmo período, sendo 46,3% ao mercado doméstico, 35,6%, para exportação e 18,1%, para contratos flex. Dados do Cepea captados em julho/19 indicam que as negociações para embarque ao mercado externo no segundo semestre de 2019 (do produto a ser colhido na temporada 2018/19) tiveram média de US$ 0,6734/lp, ficando 2,15% acima do registrado em junho/19 (US$ 0,6593/lp). Para exportação envolvendo a pluma da temporada 2019/20, a média das informações captadas para o segundo semestre de 2020 foi de US$ 0,6753/lp em julho, alta de 0,48% frente à do mês anterior (US$ 0,6721/lp).
PARIDADES – A média do Indicador em julho ficou 6,4% superior à da paridade de exportação. A média mensal de julho/19 do Indicador com pagamento à vista em dólar ficou em US$ 0,6904/lp, 8,7% inferior à média do Índice Cotlook A (de US$ 0,7563/lp) e 9,72% acima da média do primeiro vencimento da Bolsa de Nova York (de US$ 0,6292/lp). De 28 de junho a 31 de julho de 2019, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), caiu 3,13%, pressionada pela baixa de 2,07% do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) e pela desvalorização de 0,99% do dólar. A média mensal da paridade foi de R$ 2,4668/lp, quedas de 5,01% em relação à do mês anterior e de 22,6% frente à de julho/18 (R$ 3,1871/lp). No mesmo período, a média do Índice Cotlook A recuou 2,81% frente à de junho/19 e 21,2% se comparada à de julho/18. Na comparação mensal, o dólar se desvalorizou 2,12% e na anual, 1,24%.
MERCADO EXTERNO – Em julho, os contratos na Bolsa de Nova York registraram queda, influenciados pela expectativa de boa oferta global e por estoques maiores dos Estados Unidos. Ainda, houve melhora nas condições das lavouras norte-americanas e enfraquecimento da demanda, influenciado pela alta do dólar e pelo recuo do preço do petróleo no mercado internacional – ambos tendem a diminuir a competitividade do algodão. Relatório do Icac, divulgado no dia 1º de agosto, estima que a produção mundial 2019/20 deverá atingir 27,2 milhões de toneladas, 6% acima da safra anterior. A China deve colher 5,9 milhões de toneladas e a Índia, 5,75 milhões de toneladas. A oferta da África Ocidental poderá atingir produção recorde de 1,3 milhão de toneladas. O consumo global deve crescer 1,7% na safra 2019/20, indo para 26,9 milhões de toneladas, ligeiramente menor que a oferta. O estoque mundial poderá atingir 18 milhões de toneladas.
EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO – Dados da Secex indicam que, em julho/19, foram embarcadas 46,95 mil toneladas da pluma, 24,2% inferior ao volume de junho/19 (de 61,9 mil toneladas) e expressivamente acima das 8,7 mil toneladas de julho/18 (+440,6%). Na parcial de 2019 (de janeiro a julho), o volume mais que dobrou frente ao mesmo período de 2018. O faturamento em julho foi de US$ 74,4 milhões, 28,1% menor do que o de junho/19, mas quase cinco vezes a mais que em julho/18 (US$ 16,1 milhões). O preço médio de julho ficou em US$ 0,7186/lp (ou de R$ 2,7159/lp), ou seja, 3,5% superior ao das negociações no mercado interno, mas 5,2% menor que o do mês anterior e 14,5% inferior ao de jul/18. A Secex aponta que as importações somaram 323,9 toneladas em julho/19, aumento de 39% frente ao volume de junho, mas queda de expressivos 95,9% no comparativo com julho/18 (4,02 mil toneladas). Após registrar queda por três meses consecutivos, o preço médio de importação, de US$ 1,1975/lp em julho/19, se elevou 42,2% se comparado ao de junho/19 e registrou alta de 48,5% sobre julho/18.
CAROÇO DE ALGODÃO – Com as intenções de venda e compra enfraquecidas, a comercialização de caroço de algodão no spot seguiu lenta ao longo de julho. Enquanto o vendedor ofertou poucos lotes da safra 2018/19 no spot, esmagadoras adquiriam quando havia necessidade imediata. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em julho/19 foi de R$ 411,04/t em Primavera do Leste (MT), expressiva queda de 28,9% frente ao de junho/19. Em Lucas do Rio Verde (MT), o recuo foi de 27,3% (R$ 375,73/t) e, em Campo Novo do Parecis (MT), de 18,9% (R$ 385,10/t). Em Barreiras (BA), a queda no mesmo período foi de 8,3% (R$ 568,05/t). Em relação ao biodiesel no Brasil, a produção em junho/19 utilizou 0,39% do óleo de caroço de algodão como matéria-prima, segundo dados mais atuais da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustível). No Centro-Oeste, o óleo de algodão representou 0,90% da produção de biodiesel na região. No mercado nacional, o óleo de soja permanece como a principal fonte do biocombustível, representando 75,52% da produção em junho, seguido pela gordura bovina com 9,17% (o menor valor desde janeiro/16) e por outros materiais graxos (8,96%).