A cotação do algodão em pluma começou novembro abaixo dos R$ 5/libra-peso, mas reagiu, especialmente na primeira metade do mês, retomando os patamares observados no início de outubro/22. A sustentação veio da posição firme de vendedores, que estiveram atentos às altas da paridade de exportação e dos contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures). Além disso, algumas indústrias mostraram necessidade imediata de adquirir novos lotes, enquanto uma parcela dos demandantes pagou valores maiores para a pluma de qualidade superior. Nesse cenário, entre 31 de outubro e 30 de novembro, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registrou avanço de 4,51%, fechando a R$ 5,2718/lp no dia 30. No entanto, depois de atingir R$ 5,4334/lp no dia 16 de novembro, o Indicador caiu 2,97% somente de 16 a 30 de novembro. Esse enfraquecimento nos valores internos no final do mês, por sua vez, se deve à queda nos preços internacionais, à maior flexibilidade de alguns vendedores e à pressão de parte dos compradores. Ao longo de novembro, o ritmo de comercialização no spot esteve lento, com agentes cumprindo contratos e indicando que boa parte da produção já estava comprometida. Vale considerar que essa flutuação nos preços internos somada às dificuldades logísticas – devido a paralisações e bloqueios nas estradas no início de novembro influenciaram a lentidão em alguns momentos. No entanto, houve interesse por negócios antecipados para embarques em 2023, inclusive envolvendo a safra 2021/22.
Do lado da demanda, algumas indústrias estiveram fora de mercado, usando estoques e indicando dificuldades nas vendas e no repasse dos reajustes positivos aos produtos manufaturados. Comerciantes, por sua vez, buscaram realizar negócios “casados” para evitar ficar com algodão armazenado, diante das oscilações de preços. Os valores praticados no Brasil em novembro estiveram 12,7% superiores à paridade de exportação. A média do Indicador no mês, de R$ 5,2373/lp, esteve 0,73% maior que a de outubro/22, mas ainda 19,29% menor que a de novembro/21, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de outubro/22). Já em dólar, o Indicador à vista teve média de US$ 0,9883/lp em novembro, 1,7% menor que o Índice Cotlook A (US$ 1,0051/lp), mas ainda 17,1% acima da média do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York (de US$ 0,8440/lp). No acumulado de novembro, o dólar se valorizou 0,70% frente ao Real, a R$ 5,210 no dia 30. O Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) aumentou 5,41% no mesmo comparativo, a US$ 0,9750/lp no dia 30. Dessa forma, as paridades de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) subiram 6% na parcial de novembro, para R$ 4,4249/lp (US$ 0,8493/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 4,4355/lp (US$ 0,8513/lp) no de Paranaguá (PR) também no último dia de novembro. Na Bolsa de Nova York, os contratos subiram no balanço do mês, impulsionados pela valorização do petróleo, por compras de oportunidade, pelo fortalecimento da demanda pela pluma norteamericana e pela desvalorização do dólar ante uma cesta de principais moedas estrangeiras. Assim, de 31 de outubro a 30 de novembro, o contrato Dez/22 avançou 19,51%, indo para US$ 0,8605/lp no dia 30. O contrato Mar/23 aumentou 18,10% no mesmo comparativo, a US$ 0,8461/lp; o Maio/23, 16,95%, a US$ 0,8403/lp; e o Jul/23, 15,7%, a US$ 0,8328/lp. PREÇO NO BR X
PREÇO NO EXTREMO ORIENTE – Os preços do algodão no mercado interno têm relação direta com a paridade de exportação. Sendo a Ásia a principal importadora mundial, certamente a base de referência para a paridade são os valores da pluma posta na região, descontados dos custos logísticos, que, por sua vez, acabam sendo o patamar mínimo que se espera observar no mercado brasileiro. Já o limite superior de preço doméstico vem da paridade de importação, que é o valor de aquisição da pluma no mercado externo acrescido do custo logístico até a unidade consumidora. O fato é que, ao longo dos últimos dois anos, pelo menos, os preços internos da pluma estão bem próximos dos valores registrados pelo Índice Cotlook A, que é para o produto posto no Extremo Oriente. Esse cenário, ainda que observado pontualmente, não é o padrão. Considerando-se uma média de agosto deste ano até novembro, os preços domésticos ficaram apenas 1,6% menores que o Índice Cotlook A. Na safra passada (de agosto/21 a julho/22), a diferença foi negativa, em 5,4%. Isso está relacionado, na prática, à redução do percentual da produção brasileira disponível para exportação. Em anos em que o excedente se amplia, os preços domésticos cedem em relação aos externos.
COTTON OUTLOOK – Em relatório divulgado no dia 25 de novembro pelo Cotton Outlook, a produção mundial da safra 2022/23 foi estimada em 24,852 milhões de toneladas, elevação de 0,2% frente aos dados de outubro/22, influenciada pelo reajuste positivo dos Estados Unidos e da Turquia, o que compensou o recuo da Austrália. Já o consumo mundial deve ficar em 23,639 milhões de toneladas na temporada 2022/23, baixas de 0,7% no comparativo mensal e de 4,4% frente à safra anterior. Dessa forma, houve aumento na estimativa dos estoques mundiais, saindo de 995 mil toneladas projetados no final de outubro/22 para 1,213 milhão de toneladas em novembro.
CAROÇO DE ALGODÃO – O mercado esteve em ritmo lento ao longo do mês. Agentes estiveram focados no cumprimento de contratos a termo, com alguns negócios ocorrendo apenas para atender à necessidade de pecuaristas. Além disso, o final do confinamento e o período mais chuvoso também reforçaram a lentidão na comercialização de caroço e derivados no spot. Quanto aos preços, levantamento do Cepea mostra que a média do caroço em novembro/22 em Lucas do Rio Verde (MT) foi de R$ 1.158,34/t, avanço de 2,1% em relação ao mês anterior, mas queda de 21,7% sobre o de novembro/21 (R$ 1.478,96/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de outubro/22. Na Bahia (BA), a média foi de R$ 1.616,43/t, elevação de 0,7% frente à de outubro/22, mas recuo de 4% em relação à de novembro/21. Já em Primavera do Leste (MT), a média caiu 1,9% na comparação mensal e 26,2% na anual, indo para R$ 1.190,60/t em novembro/22. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média caiu 4,3% no mês e 20,1% no ano, a R$ 1.130,67/t em novembro/22. Em São Paulo (SP), a média de novembro foi de R$ 1.667,19/t, quedas de 1,7% frente ao mês anterior e de 12,6% se comparada à do mesmo período de 2021.