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Algodão: Comercialização de Algodão em Pluma Seguiu Lenta ao Longo de Agosto

Publicado 27.09.2019, 14:34
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A comercialização de algodão em pluma seguiu lenta ao longo de agosto. Agentes priorizaram os embarques de contratos a termo destinados aos mercados interno e externo, alegando que foram realizados a valores superiores aos praticados atualmente. Assim, com boa parte da produção comprometida, cotonicultores estiveram focados na colheita e no beneficiamento da safra 2018/19. Os vendedores ativos estiveram firmes nos valores pedidos, até mesmo para os lotes com alguma característica, como micronaire. Do lado comprador, parte das empresas permanece fora de mercado, utilizando a matéria-prima já contratada e/ou estocada, ao mesmo tempo em que outras adquirem, geralmente, pequenos volumes para atender à necessidade imediata. Comerciantes estiveram mais ativos para aquisições de lotes no spot, no intuito de atender a programações; já as negociações “casadas” estiveram lentas, devido às dificuldades em acordar os preços e a qualidade da pluma. Assim, pelo quarto mês consecutivo, entre 31 de julho e 30 de agosto, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, caiu 1,46%. No acumulado do ano (de 28 de dezembro a 2 de setembro), a baixa é de 19,83%. A média de agosto, de R$ 2,4667/lp, está 6,01% inferior à de julho/19 e expressivos 27,51% abaixo da de agosto/18, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de julho/19).

A média do Indicador em agosto ficou apenas 0,3% superior à da paridade de exportação. A média do Indicador com pagamento à vista foi de US$ 0,6100/lp em agosto, 14,1% inferior à do Índice Cotlook A (de US$ 0,7099/lp), mas 3,44% acima da média do primeiro vencimento da Bolsa de Nova York (ICE Futures), de US$ 0,5897/lp. Ainda, de acordo com dados captados pelo Cepea, o preço médio de exportação de contratos a termo para entrega em agosto/19 ficou em US$ 0,7816/lp. Ao longo de agosto, as negociações antecipadas permaneceram em ritmo lento. A maior parte dos fechamentos com entregas futuras foi efetuada com base no Indicador e na Bolsa de Nova York, a serem fixados posteriormente. No campo, dados do Imea divulgados no dia 30 de agosto indicam que a colheita em Mato Grosso avançou 11,3 pontos percentuais frente ao dia 23 de agosto, atingindo 89,77% da área total estimada (1,072 milhão de hectares), inferior aos 90,5% do mesmo período da safra 2017/18 e ligeiramente superior à média dos últimos cinco anos, de 86,88%. De acordo com dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea, 75% da safra brasileira 2017/18, estimada em 2,005 milhões de toneladas, teria sido comercializada até o dia 30 de agosto. Deste total, 58,2% foram direcionados ao mercado interno, 31,6%, ao externo e 10,2%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno). Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 36,6% da produção de 2018/19 (projetada em 2,691 milhões de toneladas pela Conab) foi comercializada no mesmo período, sendo 47,3% ao mercado doméstico, 35%, para exportação e 17,8%, para contratos flex. Vale considerar que, nas últimas seis safras, cerca de 80% da produção doméstica foi registrada na BBM.

CONAB – Em agosto, a Companhia elevou em 1% a produção nacional da safra 2018/19 frente ao relatório de julho, indo para 2,691 milhões de toneladas, sendo 34,2% superior à temporada passada, devido ao reajuste positivo de 0,63% na área semeada, para 1,61 milhão de hectares (+37,1% se comparada à safra passada). A produtividade média, por sua vez, também se elevou frente ao relatório de julho/19 (+0,36%), em 1.671kg/ha, mas ainda é 2,1% menor que a da 2017/18. Em Mato Grosso, o volume a ser colhido está projetado em 1,781 milhão de toneladas, aumento de 0,92% frente aos dados de julho/19 e 38,1% acima dos da safra 2017/18. A produtividade média mato-grossense deve recuar 1,1%, para 1.641 kg/ha. Na Bahia, a colheita deve atingir 597,6 mil toneladas, reajuste positivo de 2,38% frente à estimativa do mês anterior e 19,9% maior que na temporada 2017/18. Isso porque, em julho, a Conab previa queda de 7% na produtividade média e, em agosto, de 2,4%, para 1.845 kg/ha.

MERCADO INTERNACIONAL – De 31 de julho a 30 de agosto de 2019, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), aumentou 0,88%, sustentada pela valorização de 8,77% do dólar, enquanto o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) registrou queda de 7,28%. A média mensal da paridade foi de R$ 2,4602/lp, baixas de 0,27% em relação à do mês anterior e de 23,8% frente à de agosto/18 (R$ 3,2292/lp). No mesmo período, a média do Índice Cotlook A cedeu 6,14% frente à de julho/19 e 25,2% se comparada à de agosto/18. Na comparação mensal, o dólar se valorizou 6,47% frente ao Real e, na anual, houve alta de 2,3%. Na Bolsa de Nova York, os contratos caíram em agosto, pressionados pela queda nas exportações norte-americanas, pela expectativa de produção mundial volumosa, pelo aumento na projeção dos estoques dos Estados Unidos, pelo enfraquecimento do petróleo e pela elevação do dólar no mercado internacional – ambos podem diminuir a demanda pelo algodão. Além disso, os vencimentos permaneceram influenciados pelo impasse na disputa comercial entre os Estados Unidos e a China. Entre 31 de julho e 30 de agosto, o vencimento Out/19 se desvalorizou 6,6%, fechando a US$ 0,5905/lp, o Dez/19 recuou 7,85%, a US$ 0,5883/lp. O contrato Mar/20 caiu 8,1% (US$ 0,5944/lp) e o Mai/20, 8% (US$ 0,6028/lp).

USDA – A produção mundial 2018/19 está estimada em 25,95 milhões de toneladas, 3,7% menor que a anterior, enquanto o consumo deve ficar em 26,26 milhões de toneladas (-1,7%). As importações mundiais devem ser de 9,1 milhões de toneladas (+2%) e as exportações, de 8,9 milhões (-0,3%). O estoque global da safra 2018/19 é estimado em 17,48 milhões, alta de 1,3% se comparado ao do mês passado, mas ainda deve ficar 0,9% abaixo do registrado na temporada anterior. Para a temporada 2019/20, o USDA espera produção de 27,35 milhões de toneladas, 5,4% acima do volume anterior. O consumo global pode crescer 2%, indo para 26,8 milhões de toneladas. A comercialização deve totalizar 9,6 milhões de toneladas, com aumentos de 5% nas importações e de 7,4% nas exportações frente à temporada 2018/19. Já o estoque mundial foi estimado em 17,95 milhões de toneladas, 2,5% maior que o projetado no mês anterior e 2,7% acima do da safra 2018/19, segundo o Departamento. Estimam-se elevações de 15,7% no estoque da Índia se comparado ao indicado em julho/19, de 7,5% no dos Estados Unidos, de 2,2% no da China, e de 1,5% no do Brasil.

CAROÇO DE ALGODÃO – Segundo colaboradores do Cepea, boa parte da produção da temporada 2018/19 já está comprometida. Assim, com o avanço da colheita, agentes estiveram focados no cumprimento dos contratos, priorizando os embarques de caroço de algodão e de derivados, como farelo, torta e óleo. Novos fechamentos foram realizados visando atender à necessidade imediata de indústrias e pecuaristas. Vale considerar que, mesmo com a produção volumosa, os valores praticados no spot em agosto estiveram superiores aos do mesmo período do ano passado, referente à safra 2017/18. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em agosto/19 foi de R$ 405,59/t em Primavera do Leste (MT), recuo de 1,3% frente ao de julho/19. Em Lucas do Rio Verde (MT), a queda foi de 1,6% (R$ 369,82/t) e, em Campo Novo do Parecis (MT), de 7% (R$ 357,99/t). Em Barreiras (BA), a baixa no mesmo período foi de 14,5% (R$ 485,68/t).

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