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Algodão Atinge Novas Máximas da Década com Inflação nas Commodities

Publicado 26.01.2022, 10:27
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Pela quarta vez em cinco meses, o algodão atingiu as máximas da década. Para os investidores, a questão é simples: será que o mercado irá recuar, permitindo uma entrada distante das máximas? E, depois disso, até onde ele pode subir?

Os gráficos técnicos do algodão mostram uma consolidação que pode abrir espaço para uma valiosa compra antes de a fibra decolar novamente.

Em relação a novos picos, a demanda física de economias que estão se expandindo agressivamente desde a pandemia do coronavírus e a maior tolerância à inflação sugerem que o algodão pode ter mais um ano extraordinário, a exemplo de 2021.

Algodão mensal

Gráficos: cortesia de skcharting.com

Jack Scoville. analista-chefe de mercados agrícolas do Price Futures Group, Chicago, disse:

“Trata-se de um mercado de demanda. A ideia é que a demanda continua forte nos EUA, mesmo diante de relatórios de exportações fracas nas últimas semanas".

“A demanda na Ásia ainda é muito forte e deve se manter em níveis elevados no futuro. A demanda dos consumidores nos EUA tem sido forte também, apesar dos preços e da inflação mais elevados”.

Matéria-prima essencial para a confecção de diversos itens de uso cotidiano, o algodão sempre foi um “burro de carga quieto” no mercado de commodities industriais, com um desempenho geralmente pouco coberto pela mídia, que tende a se concentrar em produtos como petróleo, ouro e cobre.

A pandemia, entretanto, alterou a dinâmica de oferta-demanda do algodão, assim como o fez com a maioria das commodities, impactando primeiramente a produção, depois atrasando as remessas e, por fim, provocando a disparada dos preços da fibra. De um ganho de apenas 13% em 2020, o algodão teve um ano extraordinário em 2021, saltando 45%.

Até agora no ano, o algodão acumula alta de 7%. Na semana passada, o contrato físico de algodão na ICE Futures dos EUA atingiu US$1,2476 por libra-peso, seu valor mais alto desde o pico anterior de US$1,6205 em julho de 2011.

A corrida de alta ocorreu um dia após o USDA, Departamento de Agricultura dos EUA, cortar a estimativa de produção de algodão para 17,62 milhões de fardos, em grande medida devido a revisões de produtividade no Texas, maior estado produtor dos EUA. Antes disso, o USDA havia projetado 18,28 milhões de fardos para dezembro. A agência ressaltou ainda que problemas de frete poderiam afetar o comércio mundial de algodão.

Algodão semanal

A máxima da semana passada também foi a quarta vez em cinco meses que o contrato físico atingiu os picos de 2011, corroborando a perspectiva de inflação mais alta nos EUA após o índice de preços ao consumidor alcançar as máximas de quatro décadas no país de janeiro a dezembro do ano passado. Outras commodities que também contribuíram significativamente para a inflação desde o surgimento da pandemia foram o petróleo, o gás natural, o cobre, o café arábica, o suíno magro e a soja.

Analista técnico Sunil Kumar Dixit, do site skcharting.com, disse que os gráficos indicavam que o rali no algodão continuaria em 2022, fazendo com que as correções atraíssem novos compradores.

“É importante notar que o algodão teve uma sequência de altas por oito semanas consecutivas, o que abre espaço para uma possível correção de duas a três semanas", explicou Dixit.

Ele disse ainda:

“A sustentação desse rompimento plurianual pode ser bastante desafiadora para o algodão, diante da leitura de 73/79 no estocástico do gráfico mensal, que exibe um cruzamento negativo, um sinal de que ele deve retestar o suporte horizontal de US$1,15 por libra-peso”.

“Se esse suporte não for mantido, a expectativa é que a correção se estenda até a principal zona de demanda de US$1,00-1,05 com bastante rapidez, com os investidores correndo para realizar qualquer lucro.”

O contrato à vista do algodão fechou o pregão desta terça-feira em Nova York negociado a US$1,21.

Segundo Dixit, é possível que o algodão volte a registrar novas máximas da década.

“Um repique após a correção ou a continuidade do rali aumentariam a força para o algodão superar US$1,25. Pode ser que ele inclusive estenda os ganhos para US$1,28 e 1,32, em uma perspectiva conservadora. Havendo força suficiente para a continuidade da alta, o algodão pode registrar mais uma pernada de alta para 1,42 e 1,58 no longo prazo”.

Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para dar diversidade às suas análises de mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.

 

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