Após oscilar em boa parte de novembro, o preço do algodão em pluma fechou o mês praticamente estável. Em meio às disparidades entre os valores ofertados e pedidos e também da qualidade, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou apenas 0,06% entre 31 de outubro e 30 de novembro. A média mensal de novembro, de R$ 2,9492/lp, ficou 4,09% inferior à de outubro/18, mas 11,39% acima da de novembro/17, em termos reais (valores atualizados pelo IGP-DI de outubro/18).
Agentes de indústrias e comerciantes consultados pelo Cepea afirmaram dificuldades em encontrar a pluma dentro das características desejadas. Dessa forma, para atender às necessidades imediatas, ora compradores foram flexíveis na qualidade ora nos preços dos lotes disponibilizados. Na maioria dos casos, os fechamentos envolveram pequenos volumes. Vale ressaltar, porém, que algumas indústrias trabalharam com a pluma em estoque e/ou de programações, ficando atentas apenas às aprovações e aos recebimentos. Cotonicultores, por sua vez, estiveram poucos ativos, alegando que boa parte da produção da safra 2017/18 já está comprometida. Com isso, esses vendedores priorizaram o cumprimento de contratos, destinados aos mercados interno e externo. Já tradings demonstraram baixo interesse em negociações no spot, mas fecharam contratos para as próximas temporadas.
Para as negociações futuras, indústrias demonstraram interesse em negociar tanto para o primeiro semestre como para a pluma da temporada 2018/19, seja a valores fixos ou baseados no Indicador. Além disso, ao longo de novembro, houve bom ritmo de comercialização para as duas próximas safras (2018/19 e 2019/20), especialmente envolvendo contratos na modalidade flex (exportação com opção para o mercado interno). De acordo com dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea, 60,8% da safra brasileira 2017/18, estimada em 2,005 milhões de toneladas, teria sido comercializada até o dia 30 de novembro. Deste total, 55,4% foram direcionados ao mercado interno, 32,1%, ao externo e 12,5%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno).
Para a próxima temporada, dados indicam que ao menos 21,8% da produção de 2018/19 (projetada em média de 2,247 milhão de toneladas pela Conab) foi comercializada no mesmo período, sendo 50,6% ao mercado doméstico, 22,3%, para exportação e 27,1%, para contratos flex. Dados do Cepea mostram que, em novembro, os preços das exportações para embarque nos dois últimos meses de 2018 tiveram média de US$ 0,7996/lp, 1,54% acima dos captados em outubro/18 (US$ 0,7874/lp). As negociações passadas com embarque programado para novembro/18 tiveram média de US$ 0,7875/lp. Para exportação no segundo semestre de 2019 (referentes à safra 2018/19), a média das informações captadas em novembro/18 foi de US$ 0,7875/lp, elevação de 2,19% frente à do mês anterior (US$ 0,7705/lp).
CONAB – A área brasileira a ser semeada na safra 2018/19 deve aumentar entre 12,1% e 21,4% frente à temporada anterior. Com isso, a produção no Brasil pode somar de 2,157 a 2,337 milhões de toneladas, crescimento entre 7,6% e 16,5%. Porém, a produtividade média está estimada em 1.639 kg/ha, queda de 4% em relação à observada na safra 2017/18. Em Mato Grosso, a extensão a ser semeada na safra 2018/19 poderá ser de 10% a 20% superior ao da temporada anterior, segundo dados da Conab. Estima-se que a colheita possa atingir de 1,423 a 1,552 milhão de toneladas, aumento entre 10,3% e 20,3% no mesmo comparativo. Já na Bahia, a Companhia manteve a projeção de crescimento na área semeada entre 13,8% e 21,4% se comparada à safra 2017/18, no entanto, a produtividade média está estimada em 1.588 kg/ha (-16%). Nesse cenário, a produção oscila entre queda de 4,4% e alta de 2%.
MERCADO INTERNACIONAL – De 31 de outubro a 30 de novembro, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), registrou alta de 4,3%, impulsionada pelo aumento de 4,02% do dólar frente ao Real. A média mensal da paridade foi de R$ 2,8485/lp, elevação de 0,7% em relação à do mês anterior e alta de expressivos 26,9% frente à de novembro/17 (R$ 2,2448/lp).
No mesmo período, a média do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) recuou apenas 0,08%, com o dólar se valorizando 0,70%. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os primeiros vencimentos acumularam alta em novembro, influenciados pelos enfraquecimentos do dólar e do petróleo no mercado internacional, contexto que melhora a competitividade e estimula a demanda pela fibra natural. Entre 31 de outubro e 30 de novembro, o contrato Dez/18 se valorizou 0,39%, fechando a US$ 0,7716/lp no dia 30. Já o vencimento Mar/19 subiu 0,78% (US$ 0,7891/lp); Maio/19, 0,58%, indo para US$ 0,7995/lp. O contrato Jul/19 registrou alta de 0,81% (US$ 0,8100/lp) e Out/19, de 0,81%, a US$ 0,7802/lp.
De acordo com informações do USDA, a produção global da safra 2017/18 é estimada em 26,9 milhões de toneladas, 16% maior que na 2016/17, enquanto o consumo está previsto em 26,84 milhões de toneladas, crescimento de 6,1%. Assim, o estoque está previsto para que se mantenha estável frente à safra 2016/17, em 17,5 milhões de toneladas. A comercialização mundial na temporada 2017/18 é estimada em 8,9 milhões de toneladas, com aumentos de 8,7% nas importações e de 8% nas exportações frente à safra anterior.
Para a temporada 2018/19, a produção mundial deve atingir 25,99 milhões de toneladas, ficando 1,9% inferior à estimada em outubro/18 e 3,5% menor que a da temporada anterior. Já o consumo está previsto em 27,6 milhões de toneladas, 2,9% acima do da safra 2017/18, devido ao preço mais alto do poliéster, que deixa a fibra de algodão mais competitiva, e as condições macroeconômicas globais. Dessa forma, o estoque mundial deverá ficar em 15,8 milhões de toneladas, queda de 9,7%. Já a comercialização global poderá ser de 8,95 milhões de toneladas, com aumentos de 0,3% nas importações e de 0,5% nas exportações na temporada 2018/19.
MERCADO DE FIOS – Vários negócios foram efetivados ao longo de novembro para entregas rápidas e também para os próximos meses, devido à proximidade das festas de final de ano. A comercialização envolveu fios 100% algodão bem como os mistos, especialmente com poliéster.
CAROÇO DE ALGODÃO – O ritmo de negociações esteve lento no correr de novembro, especialmente na segunda quinzena. Ainda assim, alguns fechamentos de caroço de algodão foram realizados ao longo do mês, na maioria envolvendo pequenos volumes. O alto volume de chuva em novembro melhorou as pastagens e enfraqueceu a demanda por torta e farelo de caroço. Com isso, agentes estiveram focados nos embarques dos produtos já contratados e, no caso de novos fechamentos, firmes nos valores pedidos. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em novembro/18 em Barreiras (BA) foi de R$ 561,88/t, alta de 9% em relação ao mês anterior. Em Primavera do Leste (MT), o aumento foi de apenas 0,8% (R$ 388,88/t); em Lucas do Rio Verde (MT), de 4,3% (R$ 337,94/t) e, em São Paulo (SP), de 1,6%. Já em Campo Novo do Parecis (MT) houve recuo de 1,8%.