Alavancagem e riscos para o capital em 2025

Publicado 14.01.2025, 10:29
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O ano de 2025 será desafiador para a alocação de capital. Por um lado, a alta taxa de juros (Selic), com perspectiva de novas elevações nos próximos meses, prejudica o desempenho da renda variável e faz com que o capital migre para a renda fixa. Por outro, temos recorde de inadimplência das empresas, o que eleva os riscos de investimentos no crédito corporativo privado. E, quando se trata de títulos públicos, há uma insegurança grande com o lado fiscal do país, o que tem gerado volatilidade na precificação.

Dados da Anbima mostram que, ao final do ano, houve uma migração dos investidores, com um resgate de R$ 116,3 bilhões na classe de fundos de renda fixa em dezembro, o maior desde dezembro de 2022. Mesmo assim, essa tem sido a opção preferida dos brasileiros. No ano passado, a renda fixa registrou captação líquida acumulada de R$ 243,0 bilhões, a melhor performance da indústria. Cabe destacar que a maior captação líquida de 2024 ficou com o tipo Duração Livre Crédito Livre com o volume de R$ 156,2 bilhões.

O fato é que investir em crédito privado corporativo no momento não é um bom negócio como parece. Nos últimos meses, fundos focados nesse tipo de ativo receberam uma enxurrada de dinheiro, o que pressionou os spreads para baixo. Com a demanda elevada, os papéis saíram caro aos investidores e o ganho ficou reduzido. Além disso, com muitos envolvidos no processo de intermediação, a sobra da rentabilidade para o investidor fica mais pífia ainda.

Para se ter uma ideia, em outubro e novembro do ano passado, tais aplicações registraram o pior desempenho desde abril de 2023, quando o mercado vivia a crise da fraude nas Americanas (BVMF:AMER3) e o pedido de recuperação judicial da Light (BVMF:LIGT3). Os dados do Guia de Fundos do Valor mostram que menos da metade dos fundos com resgate em até 15 dias renderam acima do CDI em outubro. Em novembro, o percentual foi de 19%. O estudo abrangeu 135 fundos. Esse pode ter sido um dos motivos para a saída em massa no mês de dezembro, o que ilustra o erro comum de comprar caro e vender barato. Com finanças não se pode agir na emoção.

Crédito é uma operação estatística e pró-cíclica e esperamos mais problemas. Basta lembrar que o mês de outubro do ano passado registrou um novo recorde de inadimplência entre as empresas brasileiras, com 7 milhões negativados, ou 32,3% do total de empresas no país. O valor acumulado das dívidas é de R$ 156,1 bilhões, o maior da série histórica do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian (LON:EXPN). O investidor está correndo risco para ganhar um pouquinho acima ou até abaixo do CDI, o que obviamente não é uma boa estratégia.

Com o lado fiscal desgastado, vimos os títulos públicos proporcionarem elevada rentabilidade no ano passado. No entanto, o investidor deve estar atento ao fato de que as taxas oferecidas no Tesouro Direto somente se concretizam se a pessoa levar o título até o final, sem se desfazer da aplicação antes do prazo. E, com os anúncios a respeito do pacote fiscal, vivenciamos uma elevada volatilidade. De toda forma, se não for para levar até o fim ou não souber o melhor momento de entrar e sair, seu foco não deve ser o Tesouro Direto.

Minha recomendação no momento é buscar investimentos menos arriscados e uma gestão profissional, ou seja, investir em fundos de baixo risco que não contenham crédito privado corporativo, ao invés de aplicar por conta própria no Tesouro Direto ou em ações. Os fundos de renda fixa sem crédito privado corporativo, também denominados de fundos caixa, exibem ganhos alinhados ao CDI, baixa volatilidade e facilidade de resgate. Assim se tornam uma máquina de ganhos com juros compostos com a taxa Selic no nível atual.

A estratégia cash, que tem como objetivo superar consistentemente o CDI por meio de operações de baixo risco através de compra de Títulos de Bancos com alto nível de rating, DPGE’s dentro da garantia do FGC, e operações estruturadas em bolsa de valores sem risco direcional ou de crédito, vem demonstrando consistência ao longo dos anos seja em cenários positivos ou em adversos como o atual. 

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