Os preços dos ativos atingiram, tanto no exterior quanto no Brasil, parâmetros de preços que se distanciaram dos fundamentos e, desta forma, ficaram sujeitos a movimentos de realização estimulados por más noticias, e que pela precipitação poderão ocorrer de forma desordenada até com as características de efeito manada.
No Brasil não temos muito a comemorar e nem a validar como fonte de atratividade, salvo a expressividade da taxa de juro que o país proporciona aos investidores externos, em especial especuladores, mas isto por si só não tem capacidade de reter os recursos no país na medida em que as perspectivas de melhora da economia global revelam-se desapontadoras e passam a sugerir rigor sobre os riscos por parte dos investidores.
Os preços das ações subiram na BOVESPA repercutindo a força pressão especulativa com o ingresso de capitais de curtíssimo prazo forjados em operações de “carry trade” no exterior. Contudo, embora o comportamento dos pregões muito à mercê de Petro e Vale tenha encoberto um já consistente movimento de realização e saída de recursos do país, isto ficou mais evidente ao constatar-se intensificação do fluxo cambial financeiro negativo informado pelo Banco Central do Brasil.
Este movimento tende a se acentuar e conduzir a Bovespa a ajustes com baixas substantivas e consequentemente intensificar a demanda de divisas no mercado de câmbio à vista. E este quadro impacta na formação de preço da moeda americana na medida em que não se sensibiliza com oferta de “swaps cambiais” no mercado futuro, que tende a perder demanda que em contrapartida se acentua no mercado à vista onde é requerida divisa efetiva. Fluxos negativos no segmento financeiro já estão presentes desde o mês passado e o BC continua relutando em utilizar diretamente as reservas cambiais brasileiras para suprir a liquidez, que vem sendo suportada pelos bancos com o incremento de suas posições “vendidas” ancoradas por financiamentos em moeda estrangeira concedidos pelo BC, postergando assim a necessidade de vender ao mercado pela insuficiência de fluxo parte das reservas cambiais. Os bancos registram atualmente posições “vendidas” equivalentes a 4% das reservas cambiais brasileiras.
O juro elevado que o país proporciona não é suficiente para reter por longo tempo os capitais especulativos que tem como característica marcante a curta permanência e com o aumento das incertezas internas e externas poderá realizar movimento antecipando a saída.
O dólar como consequência natural passará a receber pressão altista do mercado e esta pressão não é mitigada com oferta de “swaps cambiais”, mas sim com oferta de divisas à vista. A formação do preço da moeda americano tenderá a ficar menos sensível a ofertas de “swaps cambiais”, que neste quadro terão diminuição de demanda.
Como os dados mais recentes das economias americana e europeia não vieram em linha com as perspectivas de teriam melhor desempenho, a tendência mais imediata dos investidores é buscar investimentos de qualidade, mesmo com menor remuneração, sendo presumível o deslocamento para os títulos do Tesouro americano, que assim se valorizarão e fecharão suas curvas de juros “yeld”.
Nós prevíramos em comentário na virada do mês que maio teria incertezas crescentes, tendências mutantes e que isto passaria pelo câmbio, e há grande probabilidade para que isto efetivamente se consolide até com maior intensidade do que imagináramos.
Será saudável que o preço da moeda americana passar por um processo de apreciação para ir mitigando o risco de mudanças muito abruptas que poderiam ser muito impactantes nos mercados e na própria economia brasileira.
Afinal, como temos salientado, ante as projeções e o preço atual da moeda americana no nosso mercado há um “gap” para ajuste de 10%a 18% o que não é pouco para um país que se defronta a anos contra pressões inflacionárias.
É importante manter a atenção nesta segunda quinzena de maio pois poderá acontecer neste período a intensificação de saída de recursos especulativos do Brasil e isto passando pelo câmbio, certamente impactará na formação do preço do câmbio.