De acordo com os dados divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) “O BRASIL BATE RECORDE EM EXPORTAÇÕES DE CAFÉ EM OUTUBRO, NA MAIOR ALTA DE TODOS OS TEMPOS PARA O MÊS. O Brasil exportou recorde 4,092 milhões de sacas de 60 kg de café em outubro, segundo maior volume mensal do ano, considerando a soma de café verde, solúvel e torrado & moído. O resultado corresponde a um aumento de 11,5% em comparação com outubro de 2019. A receita cambial foi R$ 2,9 bilhões, também a maior de todos os tempos para o mês de outubro, com crescimento de 49,4% em relação ao mesmo período do ano passado”.
As exportações deverão seguir firmes nos próximos meses de novembro e dezembro com reposição de estoques nos principais centros consumidores e industrias, e provavelmente vamos ter um “squeeze” na oferta e aumento de preços no Brasil até o início da próxima safra 21/22. Produtores já estão bem capitalizados, vendidos, e seguem reticentes aguardando preços acima dos 600 R$/saca.
Os volumes diários negociados na bolsa de Nova Iorque voltaram a aumentar, com média ao redor de 70.000 lotes/dia. A concentração maior foi na rolagem do contrato de Dez-20 para o Março 21. Provavelmente os fundos voltaram as compras (só vamos ter os números oficiais publicados na próxima terça-feira, dia 16 novembro, em função do feriado nos EUA).
Apesar da forte valorização de +3,60% do R$ frente ao US$ na segunda-feira (com a consolidação da vitória do Biden como novo presidente dos EUA), e a euforia que tomou conta nas principais bolsas mundiais, commodities agrícolas e petróleo, o mesmo voltou a desvalorizar na mesma sessão (fechando o gap deixado na abertura). Essa famosa reviravolta, também conhecida no mercado como “violinada” (quando mercado parece q vai para uma direção e de repente pega todo mundo de surpresa com uma reversão inesperada no mesmo dia) pegou muita gente no contrapé e muitos se machucaram com as famosas operações de “acumuladores cambiais”.
O Real terminou novamente nos highs da semana chegando a negociar na sexta-feira @ 5.52 R$/US$ e terminando @ 5,47 R$/US$. Cambio segue sendo uma incógnita pois o campo politico/fiscal brasileiro está ditando as regras do jogo e deixando o mercado muito nervoso (principalmente após declarações nada responsáveis pelos nossos políticos voltando a falar do risco do cambio chegar a 7 R$/usd e o risco da volta da hiperinflação).
Do lado do café, o Set-21 trabalhou entre a mínima e máxima @ 113,25 e 118,35 centavos de dólar por libra-peso, fechando a semana @ 117,20 centavos de dólar por libra-peso. A primeira forte resistência continua na média-móvel dos 50 dias @ 118,50 centavos de dólar por libra peso e suporte importante @ 114,50 centavos de dólar por libra-peso.
No lado climático, seguimos acompanhado as fortes chuvas no Vietnam; risco de tempestade tropical na Nicarágua e Honduras; chuvas na Colombia e Venezuela e alguns atrasos na colheita. E Brasil com chuvas irregulares nas principais regiões produtoras. Preocupação continua sendo como/se as plantas vão conseguir se recuperar da forte seca e se os grãos vão desenvolver, crescer produzindo uma safra 21/22 de boa qualidade e quantidade.
Seguimos altistas no curto/médio prazo, com possibilidade do Set-21 voltar a negociar acima dos 120/125 centavos de dólar por libra-peso. Fundos seguem comprando, produtores já fixaram bastante para próxima safra 21/22, e esse movimento nós sabemos como termina… Mercado sobe, stops são acionados, posições são liquidadas e, de repente, o mercado despenca 2-3.000 pontos!
Ainda temos muitas incertezas, muitas variáveis para seguir monitorando/acompanhando nos próximos meses. Por exemplo: O Real vai voltar para 5/4,50 R$/US$ ou vai desvalorizar e chegar nos 6,50/7,00 R$/US$? Vamos ter quebra na safra atual da América Central, Vietnam? Qual será o tamanho da quebra e as projeções para próxima safra 21/22 no Brasil? Redução entre 10-15% e uma safra inferior a 65 milhões de sacas? E o consumo mundial? Vai seguir aumentando ou vamos ter novos lockdowns na Europa e nos EUA? Vamos ter geadas no Brasil entre Junho-Agosto-2021? Creio esse ser o principal risco e só saberemos daqui 7 meses!
Caso o mercado volte para o patamar dos 125/130 centavos de dólar por libra-peso no Set-21 seguimos sugerindo/monitorando a compra do “Put-Spread” 120 x 105 vendendo a “Call” de 135/140 centavos de dólar por libra-peso, procurando garantir um preço mínimo para os produtores acima dos 650 R$/saca. Claro, se o mercado continuar subindo vamos ajustando as proteções para patamares mais elevados e vendendo calls mais altas também.
Essa semana, na última segunda-feira, dia 09 de novembro, faleceu nosso amigo Samuel Levy, que durante 35 anos comandou a Suporte & Resistência, referência no Brasil quando o assunto era análise gráfica dos mercados de commodities, com foco no açúcar e no café. Nossos pêsames aos familiares! E que seus ensinamentos continuem produzindo grandes traders nos nossos mercados! RIP (REST in PEACE)!!