Desde o início da crise, os investimentos em fundos imobiliários foram cercados por incertezas. Alguns papéis sofreram quedas de até 60% após as medidas de isolamentos social adotadas pelo governo para conter o avanço do coronavírus. Mas passados alguns meses, como ficou este mercado? Qual é o cenário que se apresenta para o investidor?
Antes de mais nada, é importante falar um pouco sobre a performance do IFIX (Índice de fundos imobiliários da B3) nos últimos meses. Depois da queda expressiva de 16% em março, a sequência de abril e maio apresentou altas de 4,4% e 2,1% respectivamente. Já junho foi marcado por uma alta de 5,6%, mas julho registrou queda de 2,6%. Estamos no final de agosto e no ano a perda acumulada é de pouco mais de 13%.
Mas o que isto quer dizer na prática? Algo que sem dúvida nenhuma ajudou nas recentes altas foi o movimento de flexibilização da quarentena seguida da reabertura dos comércios e retomada das atividades de uma forma geral.
Outro ponto interessante para ser destacado diz respeito ao movimento dos investidores pessoa física. Em meados de junho, o número de CPF’s chegou a 896 mil, renovando a máxima histórica. Ou seja, como eu já destaquei neste espaço anteriormente, os brasileiros estão preocupados em investir e diversos produtos vêm batendo recordes de captação mês a mês.
Contudo, é preciso ter cautela. O número de casos de Covid-19 segue crescendo no Brasil e no mundo. Por isso, as incertezas ainda devem permanecer em relação a recuperação econômica durante algum tempo.
Segmentos como os de Shopping Centers e Bancário ainda devem sofrer durante algum tempo com a volatilidade. Isto porque há uma tendência de fechamento de agências bancárias em todo o país por conta da “guerra” com as fintechs.
Alguns analistas acreditam que boa parte dos contratos de locação não devem ser renovados e aqueles que o fizerem, provavelmente sofrerão reduções significativas no valor dos aluguéis. No segundo caso, vale ressaltar um dado divulgado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). De acordo com a entidade, o movimento de consumidores em shopping centers caiu cerca de 75% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado. Mesmo com a reabertura, enquanto não houver vacina, a recuperação deverá ser lenta e gradual.
Outro ponto de atenção diz respeito ao projeto de reforma tributária do governo federal. Com base na proposta inicial, os efeitos no mercado de FIIs seria relativamente baixo. Porém, os desdobramentos e uma possível tributação dos dividendos, algo amplamente discutido neste momento, devem alterar o cenário para o futuro.
Segundo alguns analistas, caso isto aconteça, possivelmente teremos impactos nas cotas dos fundos imobiliários. Porém, ressaltam que a entrada de recursos de agentes como fundos de pensão e investidores institucionais deverá amenizar o choque.
De qualquer forma, o ambiente de investimentos que encontramos hoje no Brasil e no mundo requer dedicação e conhecimento. É preciso que o investidor se mantenha informado e procure ajuda para minimizar possíveis efeitos causados pela volatilidade do mercado neste momento.
Bons negócios!