Ontem foi divulgada a ata da reunião do Copom de quarta-feira passada, na qual a Selic foi mantida em 6,5 por cento.
Apesar da manutenção, o comunicado já mostrou várias mudanças no tom do discurso do BC, abrindo as portas para possíveis quedas de juros nas próximas reuniões.
O comunicado é breve, e é na ata da reunião, publicada nas terças-feiras, que o Comitê explica melhor as discussões travadas durante a reunião.
Na ata de hoje, pudemos confirmar que os diretores estão preocupados com a parada no crescimento econômico brasileiro, e que isso pode gerar um novo ciclo que queda na taxa Selic.
No comunicado anterior, 2 pontos já tinham me chamado a atenção:
Indicadores recentes da atividade econômica indicam interrupção do processo de recuperação da economia brasileira nos últimos trimestres.
Note que "interrupção" é uma palavra forte. Mostra que ele está preocupado que a recuperação que ele esperava não está vindo. Isso possivelmente indica que os juros, no nível atual, não estão no terreno estimulativo para a atividade, indicando uma necessidade de queda.
2) "O Comitê avalia que o balanço de riscos para a inflação evoluiu de maneira favorável, mas entende que, neste momento, o risco (ii) é preponderante.
Este parágrafo, no comunicado anterior, dizia que os riscos altistas e baixistas para a inflação eram simétricos. Nesse comunicado ele trocou para "evoluiu de maneira favorável". Mas o mais importante é que, quando ele diz que o risco (ii) - não aprovação da Reforma da Previdência - é o mais importante, ele faz questão de adicionar a expressão "neste momento".
Isso quer dizer que a qualquer momento ele pode mudar essa noção de importância. E achar que o risco (ii) deixa de ser o mais importante, e a atividade fraca ganha força nessa queda de braço.
Agora, vamos para a ata de ontem, que repetiu esses 2 pontos importantes do comunicado acima, e adicionou uma outra explicação. Os membros do Copom debateram então a evolução, desde sua reunião anterior, dos fatores destacados em seu balanço de riscos em torno do cenário básico para inflação. Todos concordaram que o balanço de riscos evoluiu de maneira favorável. Não obstante, ressaltaram que a consolidação do cenário benigno refletido nas expectativas de inflação e nas projeções condicionais acima reportadas depende do andamento das reformas e ajustes necessários na economia brasileira, que são fundamentais para a manutenção do ambiente com expectativas de inflação ancoradas.
Esse me parece o ponto chave. O BC diz que, na visão dele, essas projeções baixistas para a inflação dos economistas só seriam possíveis se a reforma da previdência passasse.
Se você pedisse para os economistas: me faça projeções para a inflação caso a reforma não passasse.
Muito provavelmente eles fariam outras projeções, muito mais altas.
Por isso, o BC acha que ele só poderia reduzir a Selic, e ajustar a economia fraca e a inflação baixa, caso a reforma de fato fosse uma realidade.
Pelo menos neste momento, onde ele ainda não vê indícios que, mesmo que a reforma não passe, ele teria que reduzir a Selic.
Como a reforma parece estar bem encaminhada, o mercado acabou interpretando isso como sendo um indício de que, passando a reforma em primeiro turno na Câmara ainda em julho, teríamos o início das quedas já na próxima reunião.
Mas como ganhar dinheiro com isso?
O problema de querer apostar nisso é que o mercado está sempre à frente dos documentos oficiais. Esta última forte queda dos juros, de quase 100 bps, dos últimos 2 meses, foi exatamente para precificar esse próximo ciclo de queda.
Ontem, o mercado já embutiu nos preços dos DIs futuros este próximo ciclo de queda. Temos 4 quedas de 25 bps precificada para as 4 próximas reuniões.
Isso significa que, se o Copom de fato reduzir a Selic 4 vezes, em passos de 25, quem está aplicado em juros prefixados ou indexados não terá absolutamente nenhum ganho a mais com a marcação a mercado.
Para que o aplicado ganhe mais, o BC terá que fazer a mesma queda mais rápida, ou seja, em passos de 50 bps - de tal forma que a média da taxa fique menor. Ou então, fazer um ciclo maior, como 150 bps, em vez de 100 bps.
Isso certamente pode acontecer. Mas, caso aconteça, quanto ganharíamos aplicados, por exemplo, em um prefixado de 3 anos?
Algo em torno de 1,5 a 2,5 por cento.
É muito pouco!
No dia útil seguinte do Copom a Bolsa andou 2 por cento! Sendo que ela ainda carrega todo o potencial de chegar a 115 ou 125 mil pontos, segundo especialistas.
O que quero dizer aqui é que me parece que a renda fixa é o cavalo errado para apostar da queda de juros e melhora do ambiente econômico com a aprovação da Reforma da Previdência.
Isso NÃO significa que se você estiver aplicado, não vai ganhar algum dinheiro.
Vai sim!
Mas vai ganhar pouco!
Sendo que, se algo der errado, pode perder muito.
Na bolsa, podemos ganhar muito. Então, porque vamos escolher tomar risco no cavalo errado?
Escreva no espelho e repita todo dia!
Quando temos uma boa tendência de melhora e de potencial de retorno, temos que aproveitar para ganhar muito dinheiro. Pois ninguém ganha sempre, e esse retorno grande será parcialmente compensado pelas perdas no caminho, que deverão ser pequenas.
Se, quando for pra ganhar, você reduz o risco e ganha pouco, você nunca vai conseguir se recuperar dos tombos, se tornando aqueles gestores de retorno de 105 por cento do CDI.
As oportunidades não aparecem sempre. Então, aproveite agora para "gastar" o risco da sua carteira com algo que tem forte potencial. E, o resto do seu portfólio use como bastião da segurança, para se algo der errado.
Então, repita comigo:
Ganhe muito e perca pouco!
Ganhe muito e perca pouco!
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