Mesmo diante das turbulências enfrentadas no âmbito das relações comerciais internacionais neste início de ano, o agronegócio brasileiro continuou expandindo suas vendas externas, segundo indicam pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
O bom resultado em volume no primeiro quadrimestre esteve atrelado à elevação dos embarques da maioria dos produtos do agronegócio, com destaque para milho, cuja quantidade exportada mais que dobrou entre o primeiro quadrimestre de 2017 e o mesmo período de 2018. Os principais destinos do milho brasileiro foram Irã, Egito, Espanha e Malásia. Outros produtos do agronegócio que tiveram destaque no volume exportado foram algodão, suco de laranja, farelo de soja, carne bovina, frutas e óleo de soja. Os valores médios em dólar caíram um pouco, mas alguns produtos conseguiram preços mais altos, como os florestais, as frutas, o suco de laranja, algodão, farelo e soja em grão.
No agregado, de janeiro a abril de 2018 frente ao mesmo período de 2017, os embarques dos produtos do agronegócio cresceram quase 6%. Já os preços em dólar caíram 6% na mesma comparação, mas mostraram maior sustentação em abril. Pesquisadores do Cepea indicam que, ainda assim, o maior volume garantiu aumento de 2% no faturamento em dólar das exportações do setor nos primeiros quatro meses deste ano frente ao mesmo período de 2017 – em Reais, o faturamento cresceu mais de 11%. A receita acumulada com as exportações do agronegócio foi de US$ 30 bilhões, representando mais de 40% das exportações totais do País.
DESTINO – A China segue como principal parceira comercial do setor, mas têm uma pauta muito concentrada nos produtos do complexo da soja, com destaque para soja em grão. A Europa continua na segunda posição e os Estados Unidos, na terceira. Pesquisadores do Cepea indicam que chamam a atenção os países que compõem o grupo “outros”, com participação de 30% nas exportações brasileiras totais, com destaque para os asiáticos.
2018 – Após ter colhido a maior safra de sua história em 2017, o país caminha para uma boa colheita também em 2018, o que mantém elevada a disponibilidade de produtos, tanto para consumo doméstico quanto para exportação. Pesquisadores do Cepea alertam que o que não se pode estimar ainda é o efeito sobre a oferta brasileira da recente paralisação logística (greve dos caminhoneiros). Há, também, o efeito do câmbio (a desvalorização do Real), que, ao que tudo indica, deve se manter ao longo de 2018.
Esse contexto, segundo pesquisadores do Cepea, tende a elevar a atratividade das vendas externas e, consequentemente, as exportações. Os preços também podem se manter acima dos observados no ciclo anterior, dados os efeitos climáticos que já afetaram a oferta dos produtos agrícolas em importantes países produtores e exportadores, como a Argentina. A se confirmarem preços mais elevados e um Real mais desvalorizado, o faturamento em dólar do setor pode continuar crescendo em 2018, desde que haja oferta suficiente para atender a uma demanda externa que continua firme.