As declarações na TV ontem do ministro Haddad tentaram, de alguma forma, esclarecer as possíveis fontes de arrecadação para dar suporte ao ambicioso plano de melhora dos déficits públicos, pois ao ser questionado sobre controle de gastos, o ministro constantemente desviou do assunto e focou na arrecadação.
Está muito subjetivo trazer números concretos para a arrecadação, por exemplo, da tributação de site de apostas (entre R$ 12 bi e R$ 15 bi) e da importação de bens de consumo de baixo valor agregado (R$ 8 bi), além das tributações de paraísos fiscais, entre outros temas, na expectativa de trazer R$ 150 bi aos cofres públicos.
Além da dificuldade de se chegar a estes números - afinal, as estimativas iniciais de sites de apostas eram de R$ 6 bi - se conta como se a arrecadação fosso ocorrer de maneira suave, sem reação dos agentes afetados, podendo alguns parar de negociar com o Brasil.
Outro ponto é a questão congressual, pois tudo está sendo colocado, como se o congresso fosse em sua maioria favorável ao governo e não surgissem discussões e dissidências sobre os temas, especialmente relacionados aos gastos.
Portanto, assim como na apresentação inicial, o governo parece embebido num otimismo um tanto acima da realidade dos fatos, para apresentar seus planos, especialmente quando, supostamente, não inclui o aumento de impostos.
No exterior, voltamos ao cenário “está ruim, está bom”, ou seja, dados mais fracos de atividade econômica trazem a possibilidade de bancos centrais menos pressionados a subirem juros e assim, sinalizarem o fim do processo de aperto monetário.
A enorme série de PMIs ontem seguiu esta linha na maioria dos lugares, com praticamente todos os indicadores de manufatura em zona de contração, ou seja, abaixo de 50 pontos e elevando a perspectiva de um cenário recessivo em breve.
Mais uma vez, a estranha reação dos agentes pesa nos mercados, pois apesar de sinalizar o fim da alta de juros, a possível recessão também afeta o resultado das empresas listadas em bolsas de valores mundo afora.
Com a agenda mais fraca hoje, as atenções tendem a se voltar aos discursos de membros do Fed, como Mester, do Fed de Cleveland (não FOMC), de Colins, de Boston (FOMC) e Cook do Board (FOMC).
Na agenda, como o IPC-S de ontem, o IPC da Fipe veio abaixo das expectativas, aos 0,39% e nos EUA, pedidos de bens duráveis e de bens de capital completam a agenda do dia.
ABERTURA DE MERCADOS
A abertura na Europa é positiva e os futuros NY abrem em alta, após dados indicarem atividade econômica mais fraca.
Em Ásia-Pacífico, mercados positivos, com exceção do HSI, com a manutenção dos juros pelo RBA aos 3,6%aa.
O dólar opera em queda contra a maioria das divisas centrais, enquanto os Treasuries operam positivos em todos os vencimentos.
Entre as commodities metálicas, altas, exceção ao minério de ferro e ouro.
O petróleo sobe em Londres e em Nova York, ainda pelo corte surpresa de produção por parte da OPEP+.
O índice VIX de volatilidade abre em alta de 0,59%.
CÂMBIO
Dólar à vista : R$ 5,0649 / 0,02 %
Euro / Dólar : US$ 1,09 / 0,284%
Dólar / Yen : ¥ 132,91 / 0,294%
Libra / Dólar : US$ 1,25 / 0,765%
Dólar Fut. (1 m) : 5089,00 / 0,05 %
JUROS FUTUROS (DI)
DI - Janeiro 24: 13,20 % aa (0,08%)
DI - Janeiro 25: 11,98 % aa (-0,31%)
DI - Janeiro 26: 11,90 % aa (-0,21%)
DI - Janeiro 27: 12,05 % aa (-0,20%)
BOLSAS DE VALORES
FECHAMENTO
Ibovespa: -0,3691% / 101.506 pontos
Dow Jones: 0,9827% / 33.601 pontos
Nasdaq: -0,2656% / 12.189 pontos
Nikkei: 0,35% / 28.287 pontos
Hang Seng: -0,66% / 20.275 pontos
ASX 200: 0,18% / 7.236 pontos
ABERTURA
DAX: 0,853% / 15713,82 pontos
CAC 40: 0,566% / 7387,55 pontos
FTSE: 0,099% / 7680,62 pontos
Ibov. Fut.: -0,32% / 101765,00 pontos
S&P Fut.: 0,27% / 4165 pontos
Nasdaq Fut.: 0,254% / 13331,25 pontos
COMMODITIES
Índice Bloomberg: 0,20% / 106,75 ptos
Petróleo WTI: 0,82% / $81,08
Petróleo Brent: 0,78% / $85,59
Ouro: -0,10% / $1.982,95
Minério de Ferro: -1,45% / $119,05
Soja: -0,11% / $1.520,75
Milho: -0,57% / $654,25
Café: -0,51% / $175,85
Açúcar: -0,40% / $22,49