Desde o início da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia, a agenda ESG ficou um pouco de lado, especialmente, pela questão ambiental. Aos poucos, contudo, o cenário começa a se tornar mais benigno para a retomada do debate em torno do assunto. Por isso, no artigo de hoje, quero trazer um breve panorama do que tenho visto.
Uma pesquisa do ManpowerGroup, afirma que cerca de 40% das empresas no Brasil têm priorizado o pilar social do ESG enquanto no contexto global esse número cai para 37%. Em segundo lugar, está o meio ambiente seguido por governança.
Os dados mostram que as companhias brasileiras têm se preocupado com o assunto e que avanços de ações de igualdade de gênero, atenção às questões trabalhistas e de diversidade têm ganhado cada vez mais espaço, assim como as ambientais.
Aqui no Brasil, por exemplo, uma pesquisa lançada pela B3 (BVMF:B3SA3) em parceria com a PWC Brasil nos revela que temos avançado, especialmente, na publicação de relatórios.
Isto porque antes de informações sobre as boas práticas serem exigidas das companhias, muitas delas já o faziam sem essa obrigação, o que mostra uma boa vontade dos gestores em relação ao tema.
Dados da pesquisa também mostram que o número de empresas que apresentaram relatórios de sustentabilidade aumentou de 67 para 72 entre 2020 e 2021. Além disso, a quantidade de pedidos de asseguração dos documentos, uma espécie de chancela das auditorias, também registrou crescimento de 40% no mesmo período.
Ainda que o caminho para encontrarmos um equilíbrio melhor esteja distante, os avanços já têm sido percebidos de forma bastante positiva. O próprio mercado tem demandado informações mais concretas sobre o tema para a tomada de decisão.
Tanto que em 2022, foi criado o CBPS (Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade) que tem como objetivo o estudo, preparo e emissão de documentos sobre padrões de divulgação de sustentabilidade.
Lá fora, por exemplo, alguns fundos de investimentos só fazem alocações em companhias que apresentam relatórios e avanços sobre o tema. Ou seja, aqueles que não olharem para a questão de forma séria tendem a perder espaço no futuro.
Não só por não apresentarem documentos aos órgãos reguladores e entidades, mas também pela percepção de clientes e fornecedores. Talvez aqui no Brasil este movimento ainda não tenha se intensificado, mas na Europa já é bastante comum vermos manifestações contra empresas que, de algum modo, prejudicam o entorno onde estão inseridas.
Debater o ESG, de fato, tem se tornado algo cada vez mais fundamental. Ainda temos um número significativo de pessoas em situação de vulnerabilidade, sejam mulheres ou homens, e uma questão climática latente.
Apresentar relatórios faz parte do processo, mas ainda estamos longe de encontrar um ponto de equilíbrio que nos ajude a vislumbrar um futuro melhor.
Do lado do investidor, fica a pergunta: quantas vezes nos últimos dois/três anos você buscou investimentos com foco em ESG? Imagino que poucas vezes. Mas, não se culpe por isso, afinal de contas não existem tantas opções nesta modalidade.
Porém, eu sempre gosto de perguntar para clientes, alunos e parceiros: que tipo de negócio o seu dinheiro está nutrindo?
Pense nisso!