Para quem não sabe, a AES Corporation (NYSE:AES) é um Grupo americano que controla várias empresas de energia. Ele possui várias companhias espalhadas ao redor do mundo e é claro, no Brasil. Para entender a história da empresa que vamos falar nesse relatório, é preciso entender o contexto que fez a AES Corporation dar os seus primeiros passos no país do futebol.
No período de 1995 a 2002, sob o comando de Fernando Henrique Cardoso, o país passou por um um momento de abertura econômica. Nessa época foi criada a Lei das Concessões, que permitiu a transferência de empresas de infraestrutura para a iniciativa privada, as famosas privatizações. Para você ter uma ideia, nesse período, só o setor de energia registrou mais de 20 empresas sendo privatizadas. Durante esses anos, o grupo fez fortes investimentos no país e arrematou desde empresas de distribuição de energia até empresas de telecomunicações.
Nem mesmo o Bug do Milênio foi páreo para a AES Corporation. Após a virada do milênio, e com a certeza de que o mundo não ia acabar, o grupo saiu lá da Virgínia (EUA) e aterrissou na terra tupiniquim. Surfando a onda de privatizações que acontecia no Brasil, o grupo veio com tudo para arrematar a Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê.
Ela era uma das três empresas que surgiram no processo de cisão da Companhia Energética de São Paulo (CESP). A empresa tinha acabado de ser criada e o seu portfólio era constituído com nada mais nada menos que 12 usinas hidrelétricas. O plano foi executado com sucesso e a AES Corporation voltou para casa com o controle da companhia. Um ano depois, a empresa deixou de ser chamada Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê e virou a AES Tietê.
Como nem tudo são flores, em 2003 as empresas que o grupo controlava passaram por tempos difíceis no nosso país.
Algumas delas deviam uma grana para o BNDES. Com isso, para conseguir renegociar as dívidas, a AES Corporation resolveu fazer uma reestruturação das suas empresas brasileiras. Com a nova reestruturação, uma holding foi criada, a Brasiliana Energia. Ela nasceu com a finalidade de controlar todas as empresas que a AES Corporation tinha aqui no país.
Como a AES Corporation devia ao BNDES, a saída foi dar um pedaço da Brasiliana Energia para eles como forma de quitar as dívidas existentes. Neste cenário, com apenas uma ação a mais que o BNDES, a AES Corporation detinha o controle da Brasiliana e indiretamente o controle da AES Tietê.
Em 2015 rolou mais uma reorganização societária. Dessa vez, a AES Tietê deixou o Grupo Brasiliana Participações e começou a caminhar com as próprias pernas. Com a saída, a AES Tietê passou a ser controlada diretamente pela AES Corporation, e a Brasiliana Participações ficou encarregada das demais companhias.
Agora podemos deixar a Brasiliana de lado e focar no que interessa, a AES Tietê. É a partir desse último episódio que a AES Tietê muda o seu nome para AES Tietê Energia e o seu ticker na bolsa e sobe um nível na governança corporativa. A empresa, que até então era negociada GETI3/GETI4, sobe para o Nível 2 de governança. Com isso, suas ações começaram a ser negociadas por meio de Units com ticker TIET11.
Em 2016 a empresa fez uma subscrição e captou nada mais nada menos que 154 milhões de reais. Com a grana no bolso, a empresa aproveitou para adquirir 2 novas sociedades, uma para atuar no setor de serviços e a outra oferecendo soluções de energia.
Nesses últimos cinco anos parece que foi o momento em que a AES Tietê virou a chave e deu início a uma série de investimentos para tornar o seu portfólio de usinas mais diversificado. A empresa realizou uma série de aquisições de complexos eólicos.
O primeiro passo desse plano de expansão foi dado quando a empresa comprou o Complexo Eólico Alto Sertão II, localizado no estado da Bahia. A aquisição foi um marco. Alto Sertão II chegou como o primeiro projeto eólico da companhia e como a primeira usina que não era uma hidrelétrica.
No mesmo ano, mais uma usina foi incorporada, dessa vez foi o Complexo Eólico de Ouroeste. De quebra, o complexo também contava com uma usina de energia solar, que é a planta de Boa Hora. No final de 2017, a companhia arrematou um projeto para expandir o Complexo de Ouroeste com a construção de uma nova planta, a de Água Vermelha.
O ano de 2020 foi bem agitado para a empresa. Além de comprar mais complexos eólicos — o Complexo de Cajuína (1,1GW) e o Complexo Tucano (167,4 MW) —, a AES Corporation quase perdeu o controle da empresa para a Eneva (BVMF:ENEV3). No final das contas deu tudo certo para a AES Corporation. De quebra, ela ainda conseguiu aumentar a sua participação na empresa, comprando uma boa parte das ações que estavam nas mãos do BNDES.
Pra fechar, em 2021 aconteceu mais uma reorganização societária e a entrada da empresa no nível mais alto de governança corporativa da B3 (BVMF:B3SA3). Nessa última reestruturação, a AES Brasil foi criada com a função de controlar a AES Tietê e as novas empresas que serão incorporadas ao longo dos anos. Com a mudança, as ações da AES Tietê, que eram negociadas na bolsa, viraram ações da AES Brasil, que agora são negociadas com o ticker AESB3.
Em 2022, a AES Brasil registrou uma Receita Líquida de R$ 2,8 bilhões. Essa grana veio através da geração de energia dos 3,7 GW de capacidade instalada que a empresa tem em operação, divididos entre fontes hídrica, eólica e solar. Em 2023 a Receita Líquida da companhia promete vir mais forte já que ela possui algumas usinas em fase final de construção e que vão começar a operar esse ano. Com isso, em 2023, a companhia vai contar com uma capacidade instalada de 4,4 GW.