Adversidades à Reforma da Previdência e Recuo do Investidor Estrangeiro Impactam!

Publicado 26.02.2019, 08:00
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O fato é que se pode tentar atribuir a este ou àquele fator pontual a volatilidade e a insegurança em torno de tendências efetivas dos preços e indicadores dos ativos do nosso mercado financeiro, mas o fato é que, a despeito do que esteja ocorrendo ao largo no mundo, o Brasil tem “razões e problemas intestinos” relevantes, que travam decisões de investidores nacionais e inibem as decisões dos investidores estrangeiros.

Há algo adicional que está ganhando percepção também pelo mercado brasileiro, nem tudo que é bom para China e Estados Unidos é bom para o Brasil, por vezes ocorre certa contaminação de otimismo que acaba se revelando ledo engano.

Para a economia mundial será um ponto positivo mitigando os receios e risco de redução expressiva do volume de negócios de comércio exterior, mas pontualmente o Brasil tem em alguns de seus produtos potenciais em ambos os países concorrentes fortes e que certamente com a superação do entrave e os novos ajustes que poderão surgir nas negociações entre ambos, interesses brasileiros poderão ser preteridos.

Internamente é crescente a percepção e a preocupação quanto às perspectivas dos avanços nas discussões em todos os níveis da Reforma da Previdência, ressaltando agora todas as dificuldades que sempre estiveram presentes no radar, mas que foram relegadas e desconsideradas pela impregnação de um otimismo exacerbado, quando a postura desde sempre deveria estar sendo de sensatez, reconhecendo a intensidade das forças que se opõe aos imperiosos aperfeiçoamentos em setores fundamentais do país, que gravam fortemente a capacidade de gestão e planejamento do governo.

O que ressoa com intensidade são o “pontos verdadeiros ou não” dos fatores contrários à Reforma, com baixíssimo eco em torno da absoluta necessidade de implementação da mesma, o que denota problemas com articulação política.

É preciso que o governo seja mais incisivo e procure definir rapidamente a sua base de apoio político para não colocar em risco o pretendido avanço, e que esta base atue em todas as frentes para “acreditar” a total necessidade da Reforma.

Os oposicionistas e ideólogos apontam que não há déficit na previdência, faz parte do jogo, contudo há irresponsabilidade que precisa ser contestada de forma aguda para validar a verdade.

Contudo, o imperativo é que “o tempo é agora “ e precisa haver uma mudança contundente dos membros do governo na defesa conjunta da propositura já agregando base política.

Todo este cenário conflituoso e inseguro trava a atividade econômica do país, visto que dúvidas e incertezas num ambiente totalmente binário em suas perspectivas inibem investimentos fundamentais para a retomada do desenvolvimento.

De repente, o Presidente Bolsonaro é tratado como se estivesse no governo há anos, atribuindo-lhe responsabilidades não procedentes para quem tem somente 55 dias de governo, mas é preciso que se torne mais incisivo e mais presente nas lides políticas.

Os investidores estrangeiros, seja em conta capital seja em maior intensidade no mercado financeiro, demonstram absoluta cautela e mantém postura de retração e observação. Contudo, se tudo demorar muito além das expectativas, poderá até ocorrer algum desapontamento com as projeções de investimentos externos no país.

Neste momento, por mais que se force certo olhar sobre o que acontece no mundo, pois afinal não somos uma ilha, o preponderante e fundamental está aqui mesmo e sem que seja “feita a lição de casa” não há como se ter exuberantes projeções e lastro para otimismo.

Então, o que vemos, a Bovespa rondando uma trajetória sem sustentação para atingir os 100 mil pontos e que fica num movimento volátil gerando perspectivas e “teorias” no entorno do seu desempenho, alimentando até projeções que poderão ir muito além dos 100 mil pontos, mas neste momento absolutamente improváveis.

O dólar, que não tem sido afetado pelo fluxo cambial que está baixíssimo este ano ante as expectativas grandiosas que foram postas nas projeções, tem absoluta condição de sustentar preço no entorno de R$ 3,70 a R$ 3,75, visto que o setor externo do país é absolutamente tranquilo e ordenado.

Naturalmente ocorrem movimentos voláteis, porém não sustentáveis, que são fundados em pontos frágeis.

O BC, mais uma vez, fará uma rolagem parcial amanhã, dia 27, véspera de final do mês, quando é absolutamente inapropriada por interferir ainda que de forma insustentável na formação do preço PTax da virada do mês, o que não é recomendável já que há “players” em forte disputa no mercado de câmbio futuro, com posições vendidas e compradas. A oferta será de US$ 3,0 Bi como rolagem parcial da posição vincenda em março de pouco mais de US$ 6,0 Bi.

Enfim, a tônica dos principais segmentos do nosso mercado financeiro de renda variável deve ser a volatilidade, visto que inexiste base fundamentalista consistente para que ocorra tendência sustentável.

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