Ao longo de outubro, usinas paulistas estiveram firmes nos preços pedidos pelo açúcar cristal nas negociações no mercado spot paulista. Na última semana do mês, o preço médio do cristal subiu para a casa dos R$ 100 por saca de 50 kg, se aproximando do recorde nominal da série do Cepea, de R$ 100,92/saca, verificado em 28 de outubro de 2016. O suporte veio das exportações aquecidas ao longo deste ano, o que tem limitado a disponibilidade doméstica do adoçante. Esse cenário é verificado mesmo com a maior produção de açúcar na atual safra 2020/21. O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 13,66% em outubro, fechando a R$ 100,61/saca de 50 kg no dia 30. A média mensal foi de R$ 93,75/saca de 50 kg, 8,34% superior à de setembro (R$ 86,53/saca de 50 kg) e 44,15% acima da média de outubro/19 (R$ 65,04/saca de 50 kg), em termos nominais. Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúca), a quantidade de cana-de-açúcar processada pelas unidades produtoras do Centro-Sul somou 36,85 milhões de toneladas na primeira quinzena de outubro, queda de 2,05% em relação ao mesmo período de 2019. A despeito da moagem quinzenal, no acumulado da safra 2020/2021, o processamento atingiu 538,13 milhões de toneladas, aumento de 5,06% sobre igual período do ciclo 2019/2020. A produção acumulada de açúcar atingiu a marca de 34,67 milhões de toneladas, 45,92% superior às 23,76 milhões de toneladas do ano anterior. Na quinzena, foram produzidas 2,61 milhões de toneladas do adoçante (+36,5%).
No Nordeste, as negociações de açúcar no mercado spot estiveram mais calmas no início do mês, sem alterações significativas em relação aos preços. A partir da segunda quinzena, os valores começaram a subir e, na última semana de outubro, o movimento de avanço foi intensificado. A oferta de açúcar cristal continuou restrita, sendo que algumas usinas suspenderam suas vendas internas, priorizando as exportações. De acordo com o último levantamento realizado pelo Sindaçúcar-AL, até o dia 15 de outubro, foram processadas 2,8 milhões de toneladas de cana em Alagoas, 23,3% a menos que no mesmo período da safra anterior. Foram produzidas mais de 208 mil toneladas de açúcar, queda de 12,6% em relação à temporada anterior. Em outubro, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 90,74/sc de 50 kg, recuo de 1,03% frente a setembro/2020 e alta de 25,18% em relação a outubro/2019, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 89,57/sc, altas de 2,12% em relação a setembro/2020 e de 26,21% frente a outubro/2019, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 91,23/sc, aumentos de 2,28% em relação a setembro/2020 e de 29,98% frente a outubro/2019.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os valores do demerara (contrato Março/21) seguiram firmes, sustentados pelo fato de o governo indiano ainda não ter se manifestado quanto ao subsídio para exportação de açúcar do país. Além disso, a estiagem na Tailândia, segundo maior país exportador mundial de açúcar, também prejudica a produção – o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que o país produza 7,5 milhões de toneladas na atual temporada mundial 2020/21, queda de 5% sobre a anterior. Apesar das recentes chuvas, agentes internacionais seguem atentos ao clima predominantemente seco no estado de São Paulo, que pode comprometer a produtividade dos canaviais na próxima temporada 2021/22. Já ao longo da última semana de outubro, os preços externos do demerara caíram, pressionados pelo anúncio de novo lockdown em alguns países europeus, para conter o avanço da segunda onda da covid19. A liquidação de posições compradas por fundos também pesou sobre as cotações. Ainda assim, os valores se sustentaram acima de 14 centavos de dólar/lb. Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 0,54% a mais que as externas em outubro. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Março/21 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 32,75/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 39,64/tonelada.