PERSPECTIVA DE 2023 - A temporada 2023/24 que se inicia em abril no Centro-Sul do Brasil deverá registrar aumento na produção da cana-de-açúcar, devido à maior produtividade. Estimativas apontam que o Centro-Sul pode produzir de 560 a 595 milhões de toneladas de cana, contra 538,98 milhões de toneladas da atual temporada 2022/23 (dados até o dia 16 de dezembro), conforme a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). Quanto ao mix de produção, ainda não existe uma posição final de usinas – vale lembrar que, na atual safra, a Unica aponta que 45,93% da cana do Centro-Sul foi destinada à produção de açúcar e 54,07%, à de etanol. Considerando-se que os mecanismos no mercado de açúcar são bem consolidados e de mais fácil previsibilidade, a definição do mix para a próxima temporada parece depender mais da competitividade entre o etanol e a gasolina no mercado interno. Nesse âmbito, são vários os fatores que podem afetar a decisão de aumentar a participação do etanol. Dentre os principais, tem-se o direcionamento do atual governo federal e a política de preços a ser adotada pela Petrobras (BVMF:PETR4), que podem definir a competitividade relativa do etanol com a gasolina. No front externo, as expectativas são de avanço na cotação do óleo, diante do recente corte na produção russa e da eventual amenização das restrições contra a covid-19 na China, ainda a ser confirmada. A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) estima que o preço do barril de petróleo tipo Brent pode superar US$ 100,00 em 2023. Além disso, o câmbio se mantém como uma variável a ser observada para o equacionamento da competitividade relativa entre o etanol e a gasolina.
Já a produção de açúcar na região Centro-Sul deve passar por uma expansão e ficar em torno de 36 a 37 milhões de toneladas na temporada 2023/24. Na safra atual (2022/23), até o último relatório da Unica, o volume produzido de açúcar foi de 33,29 milhões de toneladas. Consta que uma porção substancial do açúcar a ser exportado já foi fixado sob condições mais favoráveis que as esperadas para o próximo ciclo mundial, de forma que mudanças expressivas no mix de produção definidas pela dinâmica no mercado de açúcar são menos prováveis. Contudo, projeções indicando superávit na produção mundial de açúcar na atual temporada mundial 2022/23 podem levar a uma retração nos preços externos dos açúcares demerara e branco. A Organização Internacional do Açúcar (OIA) estima superávit de 6,18 milhões de toneladas em 2022/23, acima do déficit esperado de 1,66 milhão de toneladas em 2021/22. A Organização destaca as maiores produções no Brasil e na Índia e a redução do consumo mundial. Para a OIA, a produção global deve ser de 182,14 milhões de toneladas em 2022/23, um novo recorde e 3,5% a mais que no ciclo anterior (2021/22). Já o consumo deverá ser de 174,3 milhões de toneladas, contra 175,9 milhões em 2021/22. Ainda segundo a OIA, a disponibilidade de açúcar para exportação em 2022/23 deverá ser de 64,48 milhões de toneladas – em 2021/22, esse volume era de 62 milhões de toneladas. Já o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima produção de 183,15 milhões de toneladas de açúcar na atual temporada mundial (2022/23), ampliação de 1,15% em relação a 2021/22. A previsão para o consumo global também é de aumento, para 176,37 milhões de toneladas, ou 1,81% a mais que no ciclo anterior. Diante disso, o USDA prevê queda nos estoques globais, em 13%, passando para 38,55 milhões de toneladas de açúcar. Esse volume é um pouco superior ao que o USDA estima para o Brasil produzir, que é de 38 milhões de toneladas em 2022/23, contra as 35,4 milhões de toneladas em 2021/22.
NORDESTE – Dados da Conab de dezembro/22 apontam que a área da safra 2022/23 do Nordeste – iniciada oficialmente em setembro/22 – deve crescer 3,2%. Esse cenário, atrelado ao clima favorável e à melhoria no pacote tecnológico, elevou a produtividade em 6,7%, que alcançou 62.720 kg/ha – a segunda maior da série histórica –, e resultou em produção de 54.824,6 mil toneladas de cana-de-açúcar, 10,1% acima da temporada anterior. Assim, a produção de açúcar total nesta safra está estimada em 3,179 milhões toneladas, 12,4% superior à safra passada. Para Alagoas, considerando-se que houve melhoria nos investimentos nas lavouras, também se espera aumento de produtividade, que pode alcançar 63 t/ha, 6,2% superior à da safra passada. Em Pernambuco, a produtividade esperada é de 60,1 t/ha, alta de 2,2%. Já na Paraíba, as operações de colheita e moagem se iniciaram em julho de 2022 e devem se estender até março/abril de 2023. As condições gerais parecem favoráveis até o momento, especialmente o clima. A produção total está estimada em 6.946 mil toneladas de cana-de-açúcar, 22,1% superior à de 2021/22. A Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio) prevê que a produção de açúcar no Nordeste seja de 3,1 milhões de toneladas, 10,4% superior à da temporada anterior.
JANEIRO - No primeiro mês de entressafra 2022/23 da cana-de-açúcar no estado de São Paulo, a média dos preços da saca do cristal branco no mercado spot caiu em relação a dezembro/22, contrariando o cenário de pouca disponibilidade para as vendas na pronta-entrega. A pressão veio da baixa demanda, tendo em vista que a maioria dos compradores estava abastecida para o período, seja por meio de estoques ou recebendo o açúcar contratado anteriormente. Assim, em janeiro/23, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal branco, cor Icumsa de 130 a 180, foi de R$ 133,88/saca de 50 kg, 3,7% menor que a de dezembro/22.