50% de desconto! Supere o mercado em 2025 com o InvestingProGARANTA JÁ SUA OFERTA

Açúcar: Reviravolta à vista ou alarme falso?

Publicado 26.08.2024, 10:03
USD/BRL
-
CL
-
SB
-
ZS
-
ZC
-
ETHc1
-

O mercado futuro de açúcar em NY encerrou a sexta-feira com o contrato para vencimento outubro/24 negociando a 18.40 centavos de dólar por libra-peso, uma alta de 30 pontos em relação ao fechamento da semana passada, representando 6.60 dólares por tonelada. Os demais contratos com vencimentos até março/26 também fecharam em território positivo entre 3 e 31 pontos (entre um e sete dólares por tonelada).

Correndo o risco de me antecipar aos fatos, mas já arriscando um palpite, parece que estamos começando a testemunhar uma reviravolta no mercado de açúcar em NY. Após ser fortemente pressionado por variações cambiais bem acima da média—quem não se lembra do dólar flertando com os R$ 5,9000? e pela constatação do colossal fluxo de exportação de açúcar do Brasil, que despejou quase 38 milhões de toneladas no mercado internacional em apenas doze meses, o cenário ficou complicado. E, como se não bastasse, os fundos especulativos “dando uma mãozinha” na queda, sem ligar muito para os fundamentos, e o ritmo frenético da moagem influenciando as decisões, era de se esperar que o mercado futuro não tivesse outro caminho a seguir além da queda. Afinal, como ignorar um viés baixista tão evidente?

No entanto, a situação dos canaviais está muito mais crítica do que se imaginava. As cenas angustiantes dos incêndios que afetaram diversas usinas, amplamente compartilhadas nas mídias sociais, dão uma ideia de como o problema se espalha, mesmo quando parece ser algo isolado. O consenso de que a moagem no Centro-Sul ficaria em torno de 605 milhões de toneladas já foi por água abaixo. Depois de apontar os lápis e refazer as contas, esse número está rapidamente caminhando para os 600 milhões de toneladas, com viés de baixa. E, sinceramente, não ficaria surpreso se encerrássemos o ano com 590 milhões de toneladas moídas.

O impacto dos incêndios nos canaviais ainda carece de melhor avaliação, mas obviamente que a cana queimada tende a perder qualidade, especialmente em relação ao teor de sacarose, que é fundamental para a produção de açúcar e etanol. A cana queimada precisa ser processada rapidamente para minimizar as perdas de açúcar, mesmo assim, a eficiência do processo (leia-se a cristalização) pode ser comprometida. Há também aumento de resíduos, como cinzas e materiais queimados, que aumentam as impurezas do caldo extraído, exigindo mais tratamento durante a produção.

Estará a safra 25/26 no Centro-Sul também comprometida? O fogo pode danificar as raízes e os toletes (brotações) da cana, o que pode prejudicar o replantio e o crescimento das próximas safras, reduzindo a produtividade futura do canavial. Esse, para mim, é um ponto que necessita cuidadosa observação. Vou repetir o que disse aqui no último comentário: “Se a safra 25/26 sofrer do déficit hídrico proveniente desta safra corrente, prepare-se para preços mais altos. Bem mais altos.”

Insensível a tudo isso, e nem poderia ser diferente dada a natureza do seu negócio, os fundos especulativos dão de ombros e – segundo o COT (Commitment Of Trades), relatório dos comitentes, publicado nesta sexta-feira pelo CFTC (Commodity Futures Trading Commission), agência independente do governo dos Estados Unidos, que regula os mercados de futuros e opções das commodities, com base na posição de terça-feira passada, estavam vendidos 70,960 lotes.

Eles talvez nem percebam, mas a posição dos fundos especulativos está mais vulnerável do que parece. A combinação da preocupante situação hídrica nos campos com a crescente probabilidade de uma “morte súbita” pode ser o estopim para uma explosão nos preços. E como se não bastasse, ainda vamos enfrentar uma longa entressafra. Como sabemos, uma entressafra prolongada exige ajustes no planejamento agrícola, como a antecipação ou o adiamento do plantio da próxima safra. E isso pode impactar a produtividade futura, dependendo das condições climáticas e da saúde do solo. Ou seja, é um verdadeiro efeito dominó.

Agora, vamos imaginar um cenário hipotético: supondo que a Índia não retorne ao mercado internacional até pelo menos abril do ano que vem, que a tal “morte súbita” ocorra em outubro, e que a safra 25/26 seja comprometida pelos fatores já mencionados… como ficariam os preços no início do ano? Bem, NY terá que negociar a um valor que faça a Índia repensar sua política de exportação, oferecendo preços melhores do que os praticados no mercado interno de lá. É como tentar convencer alguém a sair de casa oferecendo algo melhor do que o sofá e a TV—não vai ser fácil, mas é possível!.

Se tivermos uma combinação de fatores – hoje aparentemente com pouca probabilidade – como o preço do petróleo acima de 80 dólares por barril e os grãos recuperando a queda (soja acumula perda de 23% no ano e o milho, 25%), quem sabe aqueles 30 centavos de dólar por libra-peso tão sonhados pelo mercado no último trimestre do ano passado não se torne realidade. Calma, é apenas uma conjectura.

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.