As projeções para a atual safra global 2017/18 indicam maior produção de açúcar, após duas temporadas consecutivas com déficit no balanço entre volume produzido e consumo mundial. Segundo colaboradores do Cepea, o aumento da produção na Índia, Tailândia e União Europeia vem fortalecendo expectativas de superávit para a próxima safra. Já no Brasil, as previsões para a safra 2018/19 do Centro-Sul, maior região produtora, apontam para uma estagnação na produção. Argumenta-se que a crise financeira em algumas unidades produtoras ocasionou uma baixa renovação dos canaviais, bem como a diminuição dos tratos culturais, o que deve resultar também em queda na produtividade da cana-de-açúcar. No geral, as estimativas para a safra 2018/19 têm apresentado pouca variação entre os analistas, girando em torno de 580 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Quanto ao mix de produção, a temporada 2018/19 deverá ser mais alcooleira, uma vez que se espera que a competitividade do etanol em relação à gasolina continue favorável ao biocombustível
ETANOL: COM SUPERÁVIT GLOBAL DE AÇÚCAR, VOLUME PRODUZIDO DE ETANOL PODE AUMENTAR NO BR
Projeções apontam pequeno aumento na quantidade da cana processada na região Centro-Sul brasileira no ano safra 2018/19 frente ao anterior (2017/18). A mediana da série de projeções é de 586 milhões de toneladas, pouco superior à do ano safra 2017/18. Quanto ao mix de produção da região, conforme pesquisadores do Cepea, a perspectiva é de que haja maior participação do etanol na destinação da cana-de-açúcar colhida em relação ao observado no ano safra 2017/18. Além dos preços internacionais de açúcar pouco remuneradores, a maior produção de etanol nesta temporada deve ocorrer devido à retomada do crescimento da economia brasileira – e o consequente aumento de consumo de etanol – e à maior liquidez proporcionada pelo etanol às unidades produtoras. Em termos de preços, com base nos dados da BM&FBovespa (SA:BVMF3), os contratos futuros do etanol hidratado com vencimentos durante a entressafra devem ficar em patamares firmes até o início da próxima temporada.
TRIGO: DISPONIBILIDADE ELEVADA DEVE FAVORECER COMPRADOR EM 2018
As produções de grãos e cereais atingiram volumes recordes, pelo menos nos últimos dois anos, favorecidas pelo clima. Assim, os estoques de grãos seguem em volumes bem satisfatórios. No caso do trigo, a relação estoque/consumo está no maior nível desde a safra 1999/2000, segundo dados do USDA. Nesse ambiente, conforme pesquisadores do Cepea, os preços não devem subir em 2018. Compradores e consumidores são favorecidos por esse cenário, mas a rentabilidade de produtores segue sendo pressionada. Neste ano, a liquidez deve ser influenciada pelos amplos estoques de moinhos, pelas importações e pelo dólar. Quanto à área a ser plantada em 2018, a concorrência com o milho segunda safra continuará sendo fator de impacto, principalmente no Paraná, em Mato Grosso do Sul e no Sudeste. Nos estados Sul, especialmente no sul do Paraná, produtores buscam outras alternativas de culturas de inverno, em detrimento do trigo.
MAMÃO: ÁREA PODE DIMINUIR NOVAMENTE EM 2018
Com margens apertadas no acumulado de 2017, investimentos na cultura de mamão foram desestimulados. Assim, as expectativas para 2018 são de novas reduções na área plantada com a fruta nas principais regiões produtoras do País – em 2017, a área cultivada diminuiu significativamente. Apesar das perspectivas iniciais positivas (devido aos elevados preços no ano passado), a área alocada à mamocultura teve redução de 9,7% frente à de 2016, somando apenas 12.470 hectares. O recuo tem ocorrido ano a ano, influenciado principalmente pela crise hídrica no semiárido brasileiro, onde está localizada a maior parte da mamocultura nacional. Em 2017, contudo, a rentabilidade limitada em praticamente todos os meses também influenciou o cenário, tendo maior impacto sobre a área no segundo semestre. Em 2016, a seca afetou todas as regiões. Em 2017, no entanto, o regime de chuvas foi mais regular, mas ainda abaixo da média, não revertendo os problemas hídricos e desestimulando o plantio. Além desses fatores, a presença de viroses nos pomares, como meleira e mosaico, também dificultou a manutenção da cultura em 2017. Segundo colaboradores do Hortifruti/Cepea, o mosaico foi o principal responsável pela redução da área de mamão havaí no litoral do Rio Grande do Norte. A presença de viroses também foi observada em outros estados (ES e BA), mas com maior controle. Dentre as praças acompanhadas, as maiores reduções de área foram observadas no Norte do Espírito Santo (-15%), no Rio Grande do Norte (-14%) e no Sul da Bahia (-11%).