Com 31% das usinas do estado de São Paulo moendo a cana-de-açúcar da safra 2020/21 já no fim de março, alguns lotes do açúcar cristal Icumsa até 180 foram produzidos e disponibilizados para venda no mercado spot na última semana. Segundo colaboradores do Cepea, dentre os compradores, os empacotadores negociaram os maiores volumes, em torno de 60% do total captado nas negociações, seguidos pelos atacadistas, com 30%. Com relação às indústrias, algumas pausaram as compras, dando férias coletivas aos funcionários, devido às medidas de isolamento para conter a covid-19. Assim, a participação do ramo industrial foi menor no total vendido no spot, em torno de 10%. Quanto aos preços, de 30 de março a 3 de abril, a média do Indicador CEPEA/ESALQ, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, foi de R$ 76,34/saca de 50 kg, queda de 1,02% em relação à de 23 a 27 de março (R$ 77,13/saca de 50 kg). No mercado atacadista do estado de São Paulo (negociações de usinas para supermercados), após um forte aquecimento das vendas nas últimas duas semanas de março, o volume comercializado voltou a se estabilizar no início deste mês.
ETANOL: INTENSO RECUO EM MARÇO LIMITA ALTA NO PREÇO MÉDIO DA TEMPORADA 19/20
O Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado fechou o ano-safra 2019/20 (de abril/19 a março/20) com média de R$ 1,8917/litro, alta de 6,1% na comparação com o anterior (2018/19), em termos reais – os Indicadores mensais foram deflacionados pelo IGP-M de março/20. No caso do etanol anidro, a média foi de R$ 2,0745/litro, aumento de 5,1% no mesmo comparativo. Os aumentos nos preços no acumulado da safra, no entanto, acabaram sendo limitados pela forte queda observada em março, quando o hidratado se desvalorizou expressivos 14,8% e o anidro, 8,5%. Quanto ao volume total de etanol hidratado comercializado na safra 2019/20, segundo levantamento do Cepea, seguia em curva ascendente até janeiro deste ano, superando em 7% o de igual período da safra anterior. Neste caso, o bom desempenho das vendas de etanol hidratado nas bombas vinha dando suporte ao preço pago ao produtor até aquele período. No entanto, nos dois últimos meses da temporada (fevereiro e março/20), o volume comercializado diminuiu com tanta força que fez com que, no acumulado da safra, houvesse diminuição de 3,7%, comparativamente ao ano safra anterior, segundo levantamento do Cepea. No segmento varejista, a relação média entre o biocombustível e a gasolina C ficou abaixo dos 70% em praticamente todo o período (abril/19 a março/20), com média de 66,3%, contra 63,6% na temporada anterior, conforme dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
TRIGO: COM ALTA PROCURA, ÁREA CULTIVADA DEVE AUMENTAR NO BRASIL
Os preços domésticos do trigo estão em alta desde outubro do ano passado, influenciados pelo dólar elevado, por dificuldades na importação e, mais recentemente, pela firme demanda interna. Com isso, neste ano, produtores podem aumentar a área destinada à triticultura frente à de 2019, na expectativa de boa rentabilidade. Conforme dados do Deral/Seab divulgados em 23 de março, a área da nova safra deve somar 1,08 milhão de hectares, 4,7% a mais que a da temporada passada (2018/19). A produtividade pode crescer 32%, a 3,24 t/hectare, resultando em produção de 3,4 milhões de toneladas, forte alta de 39% em relação à temporada anterior. Ao mesmo tempo, moinhos estão em busca de alternativas para importação, no intuito de amenizar o impacto doméstico da menor disponibilidade. Conforme dados do Cepea, os preços do trigo recebidos pelos produtores (mercado de balcão) iniciaram o mês de abril (média de três dias úteis) entre 7% e 23% maiores que a média de abril/19, considerando-se as diferentes regiões produtoras do Sul e de São Paulo. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços estão entre 16% e 30% maiores na mesma comparação.