Os preços médios do açúcar cristal branco negociados no mercado spot de São Paulo subiram com força em setembro, mesmo em meio à boa evolução da safra 2023/24 e com a maior produção de açúcar. A alta dos preços domésticos foi sustentada principalmente pelos patamares elevados do açúcar demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o que aumentou a vantagem das vendas externas do produto, segundo cálculos do Cepea sobre as paridades de mercado. Esse cenário fez com que usinas paulistas direcionassem um maior volume do cristal para as exportações, em especial o tipo Icumsa 150, reduzindo, assim, a oferta para as vendas internas. O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 9,72% em setembro, fechando a R$ 155,74/saca de 50 kg no dia 29. A média mensal foi de R$ 151,20/saca de 50 kg em setembro/23, alta de 11,77% em relação à de agosto/23 (R$ 135,27/sc) e avanço de 21,50% frente a setembro/2022 (R$ 124,44/saca de 50 kg), em termos nominais.
Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), a moagem de cana na primeira quinzena de setembro registrou crescimento de 5,35% frente ao mesmo período do ciclo passado – foram processadas 41,76 milhões de toneladas contra 39,64 milhões no período anterior. No acumulado da safra 2023/24, a moagem atingiu 448,33 milhões de t, ante 406,33 milhões de t registradas no mesmo período no ciclo 22/23 – avanço de 10,34%. A produção de açúcar na primeira metade de setembro totalizou 3,12 milhões de toneladas, elevação de 8,54% frente às 2,87 milhões de toneladas verificadas na safra 2022/23. No acumulado desde 1º de abril, a fabricação do adoçante totaliza 29,26 milhões de toneladas, contra 24,65 milhões de t na safra anterior (+18,68%). No Nordeste, os preços seguiram avançando em setembro, com suporte da valorização externa do adoçante e da oferta restrita no spot da região. No final do mês, o ritmo dos negócios esteve lento, e algumas usinas iniciaram as vendas do adoçante no mercado interno; porém, os preços continuaram firmes. Em setembro/23, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 148,07/sc de 50 kg, alta de 1,16% frente a agosto/23, mas queda de 2,96% em relação a setembro/22, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 149,53/sc, aumento de 0,15% na comparação mensal, mas recuo de 0,68% na anual, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 152,49/sc, elevações de 1,11% em relação a agosto e de 6,12% frente a setembro/22.
O primeiro levantamento quinzenal da safra 2023/24 em Alagoas, divulgado pelo Departamento Técnico do Sindaçúcar-AL (com dados da produção acumulados até o dia 15 de setembro), aponta que foram processadas mais de 509,5 mil toneladas de cana. Face ao mesmo período do ano passado, quando foram esmagadas quase 294 mil toneladas de cana, houve alta de 73,3%. O levantamento técnico informa ainda que foram processadas 25,8 mil toneladas de açúcar (VHP e cristal), avanço de 75,7% frente ao verificado no período anterior, de 14,6 mil toneladas. A consultoria Job projeta volume recorde de cana nas regiões Norte e Nordeste na atual safra, somando 62,6 milhões de toneladas, contra 60,7 milhões na temporada anterior. A produção de açúcar do Nordeste foi estimada em 3,5 milhões de toneladas, acima das 3,3 milhões de toneladas na safra anterior. Os preços internacionais do açúcar demerara praticados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) seguiram fortalecidos em setembro, diante de preocupações com o clima mais seco do que o normal na Ásia, embora a Índia tenha registrado melhora no volume de chuvas em setembro. No entanto, ainda é incerto se haverá exportação de açúcar na próxima temporada da Índia (2023/24), que se iniciou em 1º de outubro.
Já no final do mês, os preços do demerara recuaram na Bolsa, apesar de seguirem em patamares elevados, com parte das atenções voltada para a boa produção de açúcar no Brasil. Além disso, o petróleo acima dos US$ 92,00/barril e as chuvas que podem atingir o Centro-Sul brasileiro a partir de outubro, limitando, assim, o ritmo da colheita, podem conferir alguma sustentação aos preços do açúcar demerara no mercado mundial. Cálculos do Cepea indicaram que, em setembro/2023, as vendas externas do açúcar remuneraram, em média, 11,87% a mais que as internas. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Outubro/23 (contrato nº 11) da Bolsa de Nova York, prêmio de qualidade estimado em US$ 119,19/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 69,54/tonelada.