Diante da menor produção na safra 2021/22, os preços do cristal seguiram em alta no mercado spot do estado de São Paulo em agosto. O clima seco e as geadas prejudicaram as lavouras paulistas de cana-de-açúcar, contexto que vem limitando o volume produzido no correr desta safra. Na última semana do mês, especificamente, o movimento de avanço das cotações foi reforçado pela demanda mais aquecida. De maneira geral, as três pontas compradoras – indústrias, empacotadores e atacadistas – estiveram mais ativas no spot paulista no encerramento de agosto, o que elevou significativamente a liquidez. Nesse cenário, o Indicador do açúcar cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) atingiu R$ 137,36/saca de 50 kg no dia 31, novo recorde nominal da série histórica deste produto. No acumulado do mês (entre 30 de julho e 31 de agosto), o Indicador CEPEA/ESALQ acumulou avanço de 16,92%. A média mensal foi de R$ 128,43/sc, 10,33% superior à de julho (R$ 116,40/sc) e 57,69% acima da de agosto/20 (R$ 81,44/sc), em termos nominais.
Segundo a Unica, a quantidade de cana-de-açúcar processada pelas unidades produtoras do Centro-Sul alcançou 44,62 milhões de toneladas na 1ª metade de agosto, queda de 4,2% sobre o volume apurado na mesma quinzena da safra 2020/2021, que foi de 46,58 milhões de toneladas. Desde o início do ciclo 2021/2022 até a primeira metade de agosto, a moagem acumula queda de 6,70%. Nesse período, a quantidade de cana-de-açúcar processada pelas usinas somou 349,46 milhões de toneladas, frente a 374,57 milhões de toneladas no mesmo período do último ciclo. Na primeira metade de agosto, 46,84% da cana-de-açúcar processada foi destinada à produção de açúcar, contra 47,69% no mesmo período de 2020. A produção do adoçante diminuiu 7,48% na última quinzena, somando 2,99 milhões de toneladas, contra 3,24 milhões de toneladas em igual período do ano anterior.
No Nordeste, os preços do açúcar seguiram firmes, mas o ritmo de negócios esteve mais lento. Alguns compradores estiveram estocados, enquanto outros adquiriram o adoçante de maneira pontual, aguardando o açúcar da nova safra. Porém, chuvas impediram o início da moagem da nova safra 2021/22 em parte das usinas, o que fez com que a oferta do produto ficasse ainda mais restrita. Os preços altos na região Centro-Sul do País também influenciaram o avanço dos valores do açúcar nordestino. De acordo com o 2º levantamento da safra 2021/22, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nas regiões Norte/Nordeste, há perspectiva de redução na área em produção, passando de 895,4 mil hectares em 2020/21 para 878,6 mil hectares nesta safra. Em agosto/2021, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 130,92/sc de 50 kg, altas de 0,71% frente a julho/2021 e de 42,34% em relação a agosto/2020, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 131,35/sc, altas de 2,09% em relação a julho e de 51,55% frente a agosto/20, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 130,16/sc, altas de 2,06% em relação a julho e de 48,81% frente a agosto/2020.
No mercado internacional, a expectativa de quebra da safra brasileira – em decorrência do longo período de estiagem, de geadas em parte das áreas com cana-de-açúcar e de incêndios nos canaviais – continuou dando suporte às cotações mundiais do açúcar. Diante destes problemas, o último levantamento divulgado pela Conab apontou para uma redução na produção da cana-de-açúcar brasileira em comparação à temporada passada. A estimativa é que sejam colhidas 592 milhões de toneladas, 9,5% a menos que o volume da safra 2020/21. Para a próxima temporada mundial (2021/22), relatório divulgado no dia 27 de agosto pela Organização Internacional de Açúcar (OIA) projeta déficit global de açúcar, de 3,8 milhões de toneladas, contra 2,6 milhões de toneladas apontadas em maio. Já para a atual temporada mundial (2020/21), a OIA prevê déficit de 1,5 milhão de toneladas, contra 3,1 milhões de toneladas na projeção anterior. Cálculos do Cepea indicam que, em maio, as vendas internas de açúcar remuneraram, em média, 8,91% a mais que as externas. Esse cálculo considera os valores médios do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Outubro/21 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 34,87/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 44,42/tonelada.