MERCADO PAULISTA – Os preços do açúcar cristal negociados no mercado spot do estado de São Paulo iniciaram o mês de maio em alta, com quase todas as usinas do estado já em operação. Usinas priorizaram a produção de etanol e, quanto ao açúcar, o maior volume negociado foi por meio de contratos. A oferta do cristal seguiu restrita até a terceira semana do mês. A partir da penúltima semana de maio, usinas paulistas disponibilizaram maior quantidade de açúcar para as negociações no spot. Esse aumento de oferta fez com que os preços do cristal voltassem a cair – vale lembrar que os valores estavam em movimento de alta desde meados de abril, quando a safra 2019/20 foi efetivamente iniciada.
Apesar desse aumento pontual na oferta, usinas paulistas continuam direcionando maior quantidade da cana para a produção do etanol, o que pode, em períodos futuros, restringir a oferta do cristal no spot. O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou baixa de 8,59% em maio, fechando a R$ 63,86/saca de 50 kg no dia 31. A média mensal foi de R$ 69,10/saca de 50 kg, 0,94% superior à de abril (R$ 68,46/saca de 50 kg) e 27,31% acima da média de maio/18 (R$ 54,27/saca de 50 kg), em termos nominais.
Segundo acompanhamento da Unica, de abril até a primeira quinzena de maio, usinas de São Paulo moeram 48,724 milhões de toneladas de cana da safra 2019/20, sendo 61,76% para a produção do etanol e 38,24%, para o açúcar. Reflexo da menor disponibilidade de cana-de-açúcar e do mix mais alcooleiro, a produção de açúcar caiu 16,34%, passando de 1,59 milhão de toneladas nos primeiros 15 dias de maio de 2019, contra 1,91 milhão de toneladas em igual quinzena do ano anterior. A quantidade de cana-de-açúcar processada pelas unidades produtoras da região Centro-Sul totalizou 38,63 milhões de toneladas na 1ª metade de maio, retração de 9,71% sobre a mesma quinzena da safra 2018/19 – 42,78 milhões de toneladas. No acumulado parcial do ciclo 2019/20 (de abril/19 a o dia 15 de maio), a moagem atingiu 84,15 milhões de toneladas, queda de 18,27% sobre o mesmo período do ano anterior.
NORDESTE – O ritmo de negócios esteve lento na primeira quinzena de maio, tendo em vista que compradores se mostraram abastecidos. Já nas duas últimas semanas do mês, a oferta esteve ainda menor, elevando os preços. Neste cenário de baixa oferta e alta nos preços, compradores adquiriram açúcar de outros estados, especialmente da região Centro-Sul do País, o que é comum neste período do ano. Ainda assim, a disponibilidade do adoçante esteve mais restrita, uma vez que mais cana foi direcionada à produção de etanol em todo o Brasil.
Em maio, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco teve média de R$ 75,52/sc de 50 kg, aumentos de 3,08% em comparação com abril e de 24,42% frente a maio/18, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 72,79/sc, elevações respectivas de 0,79% em relação a abril e de 17,55% frente a maio/18, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 62,20/sc, baixa de 0,92% em comparação a abril, mas alta de 23,1% frente a maio/18.
MERCADO INTERNACIONAL – Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), as cotações do açúcar demerara estiveram na casa dos 11 centavos de dólar por libra-peso em boa parte de maio. A Índia, que recentemente se tornou a maior produtora mundial de açúcar, deve superar suas próprias expectativas de produção de açúcar, em 1,5%. Segundo a Indian Sugar Mills Association (Isma), a produção pode atingir 33 milhões de toneladas, o que pode forçar o país a manter o incentivo às exportações para a próxima temporada, aumentando a pressão sobre os valores internacionais. O dólar em alto patamar e a desvalorização do petróleo também influenciaram as cotações do demerara. Vale lembrar que a queda nos preços do petróleo tende a diminuir as cotações da gasolina nos postos de combustíveis do Brasil, reduzindo a vantagem do etanol nas bombas.
Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 18,20% a mais que as externas em maio. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Julho/19 do contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 60,49/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 49,08/tonelada.
EXPORTAÇÕES – Segundo a Secex, as exportações de açúcar bruto (VHP) totalizaram 1,55 milhão de toneladas em maio/19, volume 44% maior que o de abril/19 (1,08 milhão de toneladas) e 14% inferior ao de maio/18 (1,81 milhão de toneladas). Em relação ao açúcar branco, foram exportadas em maio 230,4 mil toneladas, volume 23% superior ao de abril/19 (187,4mil toneladas) e 18,2% menor que o de maio/18 (281,8 mil toneladas).
O preço médio do açúcar bruto exportado foi de R$ 1.201,7/t em maio/19, 7,3% maior que abril/19 e 10,7% acima do de maio/18. Em relação ao açúcar branco, o preço médio foi de R$ 1.417,4/t, altas de 6,2% em relação a abril/19 e de 17,8% em comparação com maio/18. A receita com a exportação de açúcar foi de R$ 2,19 bilhões em maio/19, elevação de 50% frente a abril/19, mas queda de 5% em relação a maio/18.