Os preços do açúcar cristal continuaram avançando no mercado spot paulista em novembro. Assim, o Indicador CEPEA/ESALQ, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, passou a operar acima de R$ 100/saca de 50 kg, patamar recorde nominal da série histórica do Cepea. A sustentação veio do fato de um número maior de usinas já estar em entressafra e da demanda mais aquecida, que permitiu que usinas ativas pedissem valores maiores no spot. Além disso, o fortalecimento dos preços internacionais do adoçante e o dólar em alto patamar favoreceram as exportações brasileiras, deixando ainda mais limitada a disponibilidade do açúcar no mercado doméstico. O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 10,12% em novembro, fechando a R$ 110,79/saca de 50 kg no dia 30. A média mensal foi de R$ 106,19/saca de 50 kg, 13,27% superior à de outubro (R$ 93,75/saca de 50 kg) e 61,74% acima da de novembro/19 (R$ 65,65/saca de 50 kg), em termos nominais. Em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI), a média de novembro é a maior desde maio de 2017, quando esteve em R$ 106,81/sc. Considerando-se a série mensal desde 2003, o recorde real, de R$ 159,06/sc (valor deflacionado), foi observado em fevereiro de 2010.
PRODUÇÃO – Segundo a Unica (União da Agroindústria Canavieira do estado de São Paulo), a quantidade de cana-de-açúcar processada pelas usinas do Centro-Sul totalizou 20,34 milhões de toneladas na 1ª metade de novembro, aumento de 2,24% sobre o apurado na mesma quinzena da safra 2019/2020. No acumulado desde o início do ciclo 2020/2021 (de abril a 16 de novembro), a moagem somou 585,73 milhões de toneladas – crescimento de 3,69% no comparativo com o mesmo período da temporada anterior. Em decorrência da maior moagem, da melhor qualidade da cana-de-açúcar e do mix mais açucareiro, a produção de açúcar aumentou 57,02% nos 15 primeiros dias de novembro, com 1,24 milhão de toneladas. O volume produzido de açúcar desde o início da safra atingiu 37,66 milhões de toneladas, contra 26,07 milhões de toneladas em igual período de 2019.
NORDESTE – No mercado spot nordestino, os preços também subiram, com a saca sendo negociada acima de R$ 100,00 já no início do mês, devido à demanda aquecida. Algumas unidades produtoras ficaram fora do mercado doméstico, priorizando as exportações. Na segunda metade do mês, os valores subiram com ainda mais força, mas o ritmo dos negócios ficou mais lento. Em novembro, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 106,08/sc de 50 kg, aumentos de 16,91% frente a outubro/2020 e de 51,46% em relação a novembro/2019, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 102,68/sc, altas de 14,64% em relação a outubro/2020 e de 46,98% frente a novembro/2019, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 103,30/sc, avanços de 13,23% em relação a outubro/2020 e de 48,68% frente a novembro/2019.
INTERNACIONAL – Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), as cotações do açúcar demerara subiram em novembro, influenciadas principalmente pelos problemas enfrentados por importantes países produtores. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a União Europeia vem sofrendo com o clima seco há três temporadas consecutivas. Somado a isso, a incidência do vírus amarelo na beterraba sacarina, principalmente nas lavouras da França, acentuou a quebra na produção. Para o USDA, o bloco europeu deverá produzir 16,1 milhões de toneladas de açúcar na safra (2020/21), quase um milhão a menos que em 2019/20. O clima seco pode também reduzir em 5% a produção de açúcar da Tailândia, restringindo o volume para 7,85 milhões de toneladas no atual ciclo mundial, ainda de acordo com o USDA. A sustentação também se explica pelo fato de usinas do Centro-Sul brasileiro já terem vendido praticamente toda a sua produção. Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 13,23% a mais que as externas em novembro. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Março/21 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 33,43/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 40,96/tonelada.