O preço do açúcar cristal negociado no mercado spot paulista subiu em setembro, atingindo a maior média da safra 2018/19. O impulso veio da queda na produção do adoçante, que tem se confirmado ao longo da temporada. Além disso, a desvalorização do Real frente ao dólar no correr de setembro fortaleceu a posição das usinas em subir os preços pedidos, já que a maior parte do açúcar produzido no Brasil é exportada. A demanda também aumentou em setembro e os volumes captados superaram os de agosto. Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), no acumulado da safra 2018/19 (de abril até a primeira quinzena de setembro), as usinas de São Paulo moeram 256,402 milhões de toneladas de cana, volume 0,25% inferior ao de igual período da temporada passada. A produção de açúcar no período foi de 14,592 milhões de toneladas, 19,23% inferior à do ano passado. Esse cenário é resultado do maior direcionamento da cana para a produção de etanol, que, até a primeira quinzena de setembro, era de 57,52%, contra 42,48% para o açúcar.
O Indicador do açúcar cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 13% em setembro, fechando a R$ 62,63/saca de 50 kg no dia 28. A média mensal, de R$ 60,69/sc, foi 18% superior à de agosto (R$ 51,49/sc), 16% acima da de setembro/17 (R$ 52,41/sc) e a maior desta safra, em termos nominais. Com esse aumento, o preço médio de setembro/18 superou o de junho/18 (R$ 58,45/sc), que era o mais alto da temporada 2018/19, em termos reais – valores deflacionados pelo IGP-DI base agosto/18.
No porto de Santos (SP), o Indicador do açúcar cristal ESALQ/BVMF acumulou alta de 11% em setembro, fechando a R$ 63,42/saca de 50 kg no dia 28. A média mensal deste Indicador foi de R$ 61,99/sc, 17% superior à de agosto/18 (R$ 52,99/sc) e 16% acima da de setembro/17 (R$ 53,29/sc), em termos nominais.
No Nordeste, apesar do recuo das médias dos Indicadores mensais do açúcar no mercado spot em setembro, os valores do adoçante chegaram a registrar pequenas altas em alguns períodos do mês. Esse cenário pode estar atrelado ao aumento dos preços do adoçante no Centro-Sul do País, segundo colaboradores do Cepea. Além disso, algumas usinas que iniciaram a moagem da safra 2018/19 ainda não disponibilizaram o cristal no mercado interno, priorizando a produção de etanol e do açúcar VHP para exportação.
Em setembro, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco teve média de R$ 63,82/sc de 50 kg, baixa de 3,61% em comparação com agosto e recuo de 9% frente a setembro/17, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 63,02/sc, 4,63% menor que o de agosto e 11,16% inferior ao de setembro/17, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 54,05/sc, baixa de 2,68% na comparação mensal e de 0,41% na anual.
No mercado internacional, os preços seguiram uma leve tendência de aumento nas duas primeiras semanas de setembro, caindo ao final do mês. As valorizações estiveram atreladas à estimativa de quebra da safra da beterraba açucareira na Europa, que deve reduzir drasticamente as exportações do adoçante, visto que o volume produzido terá de atender à demanda interna. Algumas consultorias, inclusive, vêm diminuindo as estimativas de superávit para a produção mundial de açúcar na temporada 2018/19. Para a Datagro, o excedente deve recuar de 6,71 milhões para 3,68 milhões de toneladas, queda de 45% frente às primeiras projeções. As previsões de queda para a produção de açúcar na região Centro-Sul brasileira também deram suporte às cotações do adoçante. Segundo estimativas da INTL FCStone, na temporada 2018/19, o volume produzido deve somar apenas 26,9 milhões de toneladas, queda de 25,5% em relação à temporada 2017/18. No final do mês, os preços sofreram a pressão das perspectivas de exportação pela Índia de seu açúcar subsidiado.
Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 9% a mais que as externas em setembro. Esse cálculo considera os valores médios do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Outubro/18 do contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 65,40/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 50,96/tonelada.
Segundo a Secex, as exportações de açúcar bruto (VHP) totalizaram 2,29 milhões de toneladas em setembro/18, volume 59% maior que o de agosto/18 (1,44 milhão de toneladas), mas 22% inferior ao de setembro/17 (2,95 milhões de toneladas). Em relação ao açúcar branco, foram exportadas 288,9 mil toneladas em setembro/18, quantidade 9% superior à de agosto/18 (264,9 mil toneladas), mas 47,7% menor que a de setembro/17 (552,1 mil toneladas).
O preço médio do açúcar bruto exportado foi de R$ 1.104,1/t em setembro/18, 1,7% menor que o de agosto/18 (R$ 1.123,4/t) e 1,7% inferior ao de setembro/17 (R$ 1.123,7/t), em termos nominais. Em relação ao açúcar branco, o preço médio foi de R$ 1.495,2/t, alta de 2,4% em relação a agosto/18 (R$ 1.460,2/t) e de 16,4% em comparação com setembro/17 (R$ 1.284,6/t), também em termos nominais. A receita com as exportações de açúcar somou R$ 2,95 bilhões em setembro/18, alta de 47% frente a agosto/18 (R$ 2 bilhões), mas baixa de 26% em relação a setembro/17 (R$ 4 bilhões), em termos nominais.