Em pleno andamento da safra 2020/21, com mix predominantemente açucareiro, o preço da saca de 50 kg do cristal no mercado spot do estado de São Paulo chegou à casa dos 88 Reais em setembro, patamar nominal que não era visto desde meados de janeiro de 2017, período de entressafra da safra 2016/17. A desvalorização do Real frente ao dólar, desde o início da atual temporada, tem estimulado o aumento das exportações e, consequentemente, diminuído a oferta no spot paulista. O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 3,98% em setembro, fechando a R$ 88,52/saca de 50 kg no dia 30. A média mensal foi de R$ 86,53/saca de 50 kg, 6,25% superior à de agosto (R$ 81,44/saca de 50 kg) e 41,75% acima da média de setembro/19 (R$ 61,04/saca de 50 kg), em termos nominais. Segundo a Unica, a quantidade de cana-de-açúcar processada pelas usinas do Centro-Sul totalizou 44,39 milhões de toneladas na primeira metade de setembro, aumento de 12,08% sobre o registrado na mesma quinzena da safra 2019/2020. Desde o início do ciclo 2020/2021 até 16 de setembro, a moagem somou 459,45 milhões de toneladas, crescimento de 4,56% no comparativo com o mesmo período da última temporada. Até o dia 16 de setembro, 47,01% da cana-de-açúcar foi destinada à produção de açúcar, frente aos 35,43% registrados na mesma data de 2019.
No Nordeste, apesar do maior número de usinas já moendo a nova safra, as negociações de açúcar no mercado spot seguiram em ritmo lento. Já os preços estiveram firmes, tendo em vista que a maioria das unidades em produção priorizou as exportações do adoçante, limitando a oferta doméstica. De acordo com dados do Sindaçúcar-AL, a safra alagoana 2020/21 foi iniciada na segunda quinzena de agosto e todas as unidades industriais já estão em pleno funcionamento. A previsão é que sejam processadas 18 milhões de toneladas de cana, com produção de 1,5 milhão de toneladas de açúcar, sendo pouco mais de um milhão do tipo VHP e mais de 454 mil toneladas do tipo cristal. Em setembro, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 91,68/sc de 50 kg, queda de 0,33% frente a agosto/2020, mas alta de 20,68% em relação a setembro/2019, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 87,71/sc, avanços de 1,20% em relação a agosto/2020 e de 19,41% frente a setembro/2019, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 89,20/sc, elevações de 1,98% em relação a agosto/2020 e de 21,96% frente a setembro/2019.
Quanto ao mercado internacional, em relação à demanda e à oferta mundial do adoçante para a próxima temporada (2020/21), a Organização Internacional do Açúcar (OIA) prevê pequeno déficit de 724 mil toneladas. Já para a atual temporada (2019/20), a OIA reduziu drasticamente a previsão de déficit na produção, passando de 9,3 milhões de toneladas para 136 mil toneladas. A queda no consumo de etanol no Brasil, devido aos efeitos da pandemia, fez com que as usinas brasileiras aumentassem a produção de açúcar, influenciando na redução do déficit.
Apesar de a média das cotações do açúcar demerara (contrato Outubro/20) na Bolsa de Nova York ter recuado 2,92% em setembro frente ao mês anterior, na segunda quinzena do mês os preços do adoçante subiram, influenciados pela valorização do petróleo e por vendas limitadas por parte dos produtores. Além disso, a estiagem e os incêndios no Centro-Sul do Brasil preocuparam agentes quanto ao desenvolvimento da cana-de-açúcar que será colhida na temporada 2021/22. Já para a próxima safra mundial (2020/21), analistas temem que uma segunda onda do coronavírus em algumas regiões do mundo possa frear a demanda pelo adoçante. Para esta temporada 2019/20, a Platts Sugar indicou que a pandemia no continente europeu diminuiu o consumo de açúcar em 500 mil toneladas, acima do que a Comissão Europeia previa. Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 8,95% a mais que as externas em setembro. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 41,95/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 42,77/tonelada.