O mercado futuro de açúcar em NY encerrou a semana – encurtada pelo feriado nos EUA – acumulando queda de 44 pontos equivalentes a 9.70 dólares por tonelada. O vencimento julho/24, que expira na próxima sexta-feira, fechou cotado a 18.99 centavos de dólar por libra-peso, acompanhado do vencimento outubro/24 a 19.17 centavos de dólar por libra-peso, queda de 32 pontos no acumulado da semana, equivalentes a 7 dólares por tonelada.
O spread julho-outubro/24 alargou cerca de 3 dólares por tonelada, levantando comentários de que a entrega física na expiração do julho/24 pode ser significativa. O clima no Centro-Sul continua a ser o principal fator altista que paira sobre o mercado. Nas próximas semanas, será crucial observar não apenas as condições climáticas, mas também o volume de entrega física na expiração do julho-24 na próxima sexta-feira, a atualização dos números de moagem quinzenal da UNICA e o comportamento da moeda brasileira frente ao dólar. Esses quatro elementos serão determinantes para a direção do mercado futuro. Além disso, eventuais declarações do presidente Lula que possam afetar o cenário político também devem ser monitoradas, pois têm o potencial de gerar incertezas no mercado financeiro. Considerando esses fatores, é provável que os próximos 100 pontos em NY sejam para cima. Por fim, não podemos esquecer a vulnerabilidade da posição dos fundos, cujo número desta semana só será conhecido na segunda-feira, devido ao feriado.
O clima foi, é e continuará sendo o fator determinante para a trajetória do preço no mercado de açúcar, causando preocupação entre todos os usineiros. Se hipoteticamente o último quarto da safra de cana no Centro-Sul sofrer uma quebra de 25%, combinada com uma redução de 5% na ATR, a disponibilidade de açúcar diminuiria dos previstos 41,7 milhões de toneladas (conforme divulgado pela Archer Consulting) para 39,3 milhões de toneladas, reduzindo 2,4 milhões de toneladas do mercado de exportação. Embora isso possa parecer pouco para um país que nos últimos quatro anos despejou mais de 120 milhões de toneladas de açúcar, o mercado já refletiu esse movimento.
Quem percorre as regiões produtoras de cana em São Paulo e Minas Gerais fica impressionado com a condição de alguns canaviais de tão secos que estão. Não dá para dizer que eles são representativos do que ocorre com toda a região, mas sem dúvida impressionam. É por isso que algumas previsões de da moagem de cana começam a ser revistas. Mesmo os mais otimistas com o tamanho da produção do Centro-Sul admitem que podemos ter morte súbita e quebra significativa no último quarto da safra.
Seca no Centro-Sul e temperaturas altas na Índia podem fazer com que o mercado dê uma virada para cima? Vejamos. Como se sabe, e checado com nossos contatos naquele país, os estados de Maharashtra e Karnataka receberam boas chuvas nos meses de abril, maio e junho. Essas regiões são responsáveis por cerca de 60% a 65% da produção de açúcar da Índia. Embora a área plantada com cana-de-açúcar tenha diminuído ligeiramente, a produção de cana deverá permanecer aproximadamente a mesma. No estado de Uttar Pradesh e no norte da Índia, onde há uma onda de calor, a irrigação eficaz proporcionada pelo sistema de águas do Rio Ganges pode ajudar a minimizar os impactos negativos.
Até o momento, estima-se que a produção bruta de açúcar fique em torno de 32 a 33 milhões de toneladas de açúcar antes da conversão para etanol. A expectativa dos especialistas indianos consultados é de que os preços do açúcar subam entre agosto e dezembro, com a segunda metade da safra brasileira influenciando o mercado durante esse período. A Índia provavelmente não exportará açúcar em 2024/25, mas também não precisará importar. No pior cenário, o governo pode reduzir a quantidade de cana destinada à produção de etanol. Isso, naturalmente, vai depender da arbitragem importação de petróleo versus preço internacional do açúcar.
Embora fiquemos assustados com as matérias que saem nos noticiários televisivos noturnos aqui no Brasil, o fato é que – de acordo com nossas fontes – as temperaturas seguem a tendência sazonal normal, embora tenham sido observados 1 a 2 graus mais altas do que na temporada passada, atingindo os maiores níveis já registrados. A abundância de água para irrigação na região norte deve garantir que a safra de cana-de-açúcar não seja muito afetada.
Nos estados centrais, como Maharashtra e Karnataka, foram registradas chuvas antes das monções, e a monção chegou a tempo, mantendo as condições normais. Além disso, durante as eleições gerais entre abril e maio, houve uma liberação significativa de água dos canais, uma medida vista como pró-agricultor e que beneficia as áreas de cultivo de cana. Portanto, apesar das altas temperaturas, a cana-de-açúcar teve água suficiente durante o verão, mantendo-se verde e saudável.
Safra no Centro-Sul acima dos 605 milhões de toneladas que prevíramos inicialmente, dada a falta de chuva começa a ficar comprometida. A demanda e o preço do etanol melhoraram, embora o preço da gasolina praticado pela Petrobras (BVMF:PETR4) continua defasada em cerca de 17%, dos quais metade deve-se à desvalorização do real. A estatal brasileira empossou a oitava presidente em oito anos, que prometeu na cerimônia de posse na semana que passou seguir a linha estabelecida pelo presidente Lula com suas ideias modernas e sua visão de futuro espantosa. Ou seja, podem tirar o jegue da chuva que dificilmente haverá correção no preço dos combustíveis antes das eleições de novembro.
O real está sofrendo pressão graças às parvoíces cometidas por Lula (se ele se calasse por uma semana, o mundo seria bem melhor). Pelo menos o mercado financeiro respirou aliviado com a decisão unânime do BC em manter a taxa de juros em 10,50%. Mas não se preocupe, Lula provavelmente vai se vingar nomeando como substituto do presidente do BC algum dinossauro que habita o deserto de ideias que é o PT: Mercadante? Mantega? O próximo passo seria enviar ao Congresso um projeto de lei para retirar a autonomia do Banco Central. Um veterano economista me disse que a chance de aprovação de tamanha aberração é zero, pois “Lula não consegue aprovar hoje no Congresso nem ‘Parabéns a você’”.
Tecnicamente, segundo nosso colaborador Marcelo Moreira, o vencimento das opções do contrato Julho-24 permitiu o exercício de aproximadamente 50 mil puts (opções de venda) entre os preços de exercício de 19 a 26 centavos de dólar por libra-peso. O vencimento Julho-24 encontra resistências a 19.04/19.10/19.62/20.19 centavos de dólar por libra-peso e resistências a 18.62/18.01 centavos de dólar por libra-peso. Já o vencimento Out-24 apresenta suportes a 19.12/19.09/18.53/18.03 centavos de dólar por libra-peso e resistências a 19.57/20.21 e 20.50 centavos de dólar por libra-peso.