O mercado futuro de açúcar encerrou a semana com uma queda expressiva acumulada de mais de 26 dólares por tonelada. O contrato para vencimento em março de 2025 foi negociado a 19,51 centavos de dólar por libra-peso, o menor patamar desde setembro. Estamos diante de um risco real de encerrar o ano abaixo dos 20,58 centavos de dólar registrados em 29 de dezembro de 2023. No acumulado do ano, o desempenho do açúcar entre as chamadas soft commodities é alarmante: uma desvalorização de 5%. Para efeito de comparação, o café teve uma alta de 83%, o suco de laranja, 85%, e o cacau disparou impressionantes 922%.
O principal fator por trás dessa queda no mercado de açúcar não é um mistério. As políticas econômicas conduzidas pelo presidente Lula da Silva têm trazido sérias consequências. A gestão, marcada por ideias ultrapassadas e ineficiência, tem mostrado pouca ou nenhuma preocupação com a estabilidade fiscal. A falta de clareza e ação em temas cruciais gera instabilidade no mercado de câmbio, elemento fundamental que afeta diretamente os preços do açúcar.
A desatenção à responsabilidade fiscal, somada à ausência de estratégias claras, são um problema que não pode ser ignorado. Se a gestão econômica continuar nesse rumo, o impacto sobre o mercado não será apenas temporário, mas poderá comprometer ainda mais a competitividade do setor no cenário global.
Por muito menos, Dilma Rousseff foi removida do Palácio do Planalto. Desde julho, venho levantando a questão: já não seria hora de Lula ter um impeachment para chamar de seu?
Na época, argumentei que “o impeachment é um mecanismo democrático e constitucional para lidar com governantes que comprometem a integridade e a prosperidade de um país. Se as práticas de gestão temerária continuarem a colocar em risco a estabilidade econômica e a democracia brasileira, considerar o impeachment pode se tornar necessário para preservar o futuro do Brasil.”
Os meses que se seguiram apenas reforçaram minha preocupação. A condução apática e errática do governo, a negligência fiscal e o distanciamento de uma agenda econômica coerente são alarmantes. O impacto direto disso, seja no mercado de câmbio, na inflação ou na credibilidade do país, já é palpável.
A dúvida sobre Lula concluir seu mandato não é uma questão de torcida, mas de análise prática. Continuar por esse caminho pode levar o país a uma encruzilhada que nenhum líder deveria desejar, mas que parece cada vez mais inevitável.
Voltando ao nosso mundo do açúcar, além do colapso do real frente ao dólar (desvalorização de mais de 8% em quatro semanas), outros dois fatores foram determinantes para a queda das cotações do açúcar em NY. O número de moagem publicado pela UNICA surpreendeu o mercado encerrando a safra praticamente no ponto mais alto das previsões iniciais (entre 605-620 milhões de toneladas de cana). Além disso, o atraso tão comentado acerca do início da safra 2025/26 parece que não vai ocorrer com a esperada magnitude. Ou seja, vai ter açúcar disponível antes do que se esperava e o spread março-25/maio-25 tem todos os ingredientes para começar a se desidratar.
Para as usinas, 2024 foi um ano positivo. Quem manteve o foco na gestão de risco, evitando especulações excessivas, conseguiu tirar proveito do real enfraquecido. Muitas usinas anteciparam fixações de preço para as safras 2025/26 e até 2026/27, aproveitando o momento para garantir margens favoráveis, especialmente considerando que 2025/26 deve ser uma safra robusta com custos de produção mais baixos.
O setor segue fortalecido, com boa remuneração, redução de endividamento e um horizonte favorável para consolidações. O cenário para os próximos cinco anos ainda pode atrair maior participação estrangeira, especialmente de investidores asiáticos, que enxergam oportunidade em um mercado com fundamentos sólidos e perspectivas promissoras.
Para não dizer que não falei de flores, algumas coisas trazem um alento para esse cenário de terra arrasada proporcionado por esse governo disfuncional. O novo presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo tem laços com a esquerda, mas também com o setor privado e deve melhorar significativamente a comunicação entre o BC e o mercado diminuindo a instabilidade da moeda. Ele assume dia 1º.
Análise técnica (Marcelo Moreira): Os vencimentos Março-25 e Julho-25 encerraram, respectivamente, a 19.51 e 17.60 centavos de dólar por libra-peso, caindo aproximadamente 5.80% com relação ao fechamento anterior. Grande parte da desvalorização dos preços em NY deveu-se à forte desvalorização do real. No curto prazo, podemos considerar que o “movimento de baixa” foi atingido em ambos os vencimentos. No momento, o vencimento Março-25 encontra suportes a 19.00 e 18.01 centavos de dólar por libra-peso e resistências a 20.04/20.33/20.88 e 21.55 centavos de dólar por libra-peso. Já o vencimento Julho-25 encontra suportes a 17.58 e 17.00 centavos de dólar por libra-peso e resistências a 18.21/18.94 e 19.27 centavos de dólar por libra-peso. O spread V5/H6 continua “abrindo” e, após negociar no nosso ponto de entrada a +5 pontos, encerrou a +19/+20 pontos – objetivo: sair da posição entre +50/+80 pontos com “stop” no ponto de entrada a +6/+5 pontos!