Ao longo de toda safra 2023/24, os preços médios do açúcar cristal branco no mercado spot de São Paulo superaram os registrados na temporada anterior. No dia 15 de outubro, o Indicador CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) atingiu o maior patamar nominal da série histórica, de R$ 159,32/saca de 50 kg. Segundo pesquisadores do Cepea, o aumento das exportações de açúcar já era previsto, impulsionado pelos preços internacionais favoráveis, face à menor oferta mundial. Na temporada global 2022/23, encerrada em setembro/23, a Índia, que é o segundo maior produtor da commodity, registrou queda de 13,23% na produção; para a União Europeia, a redução foi de 11,26%, segundo o USDA. Cálculos do Cepea mostram, inclusive, que, em praticamente todo o ano de 2023, as vendas externas remuneraram mais que as internas. De janeiro/23 a novembro/23, o Brasil exportou 27,536 milhões de toneladas de açúcar, volume 9,92% maior que o total embarcado no mesmo período do ano anterior, de acordo com a Secex. Quanto à demanda doméstica pelo cristal no mercado spot de São Paulo, o Cepea captou redução ao longo da temporada 2023/24. Esse cenário pode ser interpretado como um efeito da menor disponibilidade do produto para negociação interna, devido ao aumento das exportações, ou um reflexo da queda no consumo de industrializados à base de açúcar.
ETANOL: PREÇOS ENCERRAM 2023 ABAIXO DOS DO ANO ANTERIOR
Os preços dos etanóis hidratado e anidro fecham 2023 em queda frente aos do ano anterior. Segundo pesquisadores do Cepea, os valores foram influenciados pela maior produção de cana-de-açúcar e pelo rápido andamento das atividades agrícolas e industriais em São Paulo. Os efeitos do fenômeno El Niño foram pouco sentidos pelo setor sucroenergético, e o processamento de cana se estendeu para dezembro para algumas unidades produtoras. Se o volume de etanol a partir da cana-de-açúcar cresceu, o combustível vindo do milho no Centro-Oeste brasileiro foi o destaque na temporada atual.
TRIGO: PREÇO PRATICAMENTE ATRAVESSA 2023 EM QUEDA
No início de 2023, a disponibilidade doméstica de trigo estava elevada, devido à produção recorde em 2022 (segundo a Conab, foram colhidas no Brasil 10,55 milhões de toneladas do cereal). A produção nacional compensou a queda na disponibilidade de trigo argentino, importante fornecedor externo do cereal ao Brasil. No mercado externo, a produção também cresceu. Diante desse cenário, levantamento do Cepea mostra que os preços domésticos do trigo praticamente atravessaram 2023 em queda – o movimento de baixa, iniciado em dezembro de 2022, se persistiu até outubro de 2023. Segundo pesquisadores do Cepea, nesse período, também pesaram sobre os preços internos o baixo interesse na realização de negócios e a expectativa de boa safra no segundo semestre de 2023. O mercado passou a reagir apenas em meados de outubro, quando a colheita avançou e as menores qualidade e quantidade nesta safra foram confirmadas no Paraná e no Rio Grande do Sul, os dois mais importantes produtores do País. A queda na produção e a demanda mais ativa por parte de moinhos mantiveram em alta os preços do cereal no último bimestre de 2023.