Mesmo diante da maior produção de açúcar na safra 2020/21, o Indicador CEPEA/ESALQ do cristal, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, atingiu recorde nominal no início de novembro/20, quando passou a operar acima de R$ 100/saca de 50 kg. Nos dias que se seguiram, as máximas foram renovadas, alcançando R$ 111,96/sc em 10 de dezembro de 2020. Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio especialmente das exportações aquecidas ao longo de todo o ano, o que limitou a oferta no mercado doméstico. Com as medidas de isolamento social impostas na segunda quinzena de março para contenção do novo coronavírus, formou-se uma expectativa de queda nas vendas de etanol. Esse cenário levou usinas paulistas a direcionar maior quantidade de cana para produção de açúcar. Além disso, incertezas quanto aos impactos da pandemia na economia impulsionaram o dólar, que ultrapassou R$ 5,00, tornando as exportações do adoçante mais atraentes. Já no ramo industrial, boa parte das indústrias alimentícias interrompeu a produção em abril, em decorrência das medidas de isolamento, com gradual retomada das atividades em maio e a consequente recuperação da liquidez nos meses seguintes, atingindo picos em outubro e novembro.
ETANOL: MESMO COM MENOR PRODUÇÃO, PANDEMIA LIMITA PROCURA EM 2020, E PREÇO CAI
Agentes do setor sucroenergético iniciaram o ano otimistas, esperando um cenário promissor para o consumo de etanol na temporada 2020/21 e animados com o Renovabio. No entanto, a safra 2020/21 foi marcada por muitas incertezas, devido à pandemia de covid-19, que acabou limitando a demanda por etanol e resultando em quedas de preços na maior parte do ano, mesmo diante da menor produção do biocombustível. No fim de março, as restrições de mobilidade impostas por governos estaduais e municipais para contenção do novo coronavírus levaram o setor sucroenergético a se ajustar. O mix de produção das usinas, previamente definido, foi alterado, e uma maior quantidade de cana-de-açúcar foi direcionada à fabricação de açúcar em detrimento do biocombustível. Em abril e maio, a demanda por etanol para produção de álcool em gel e outros produtos de higiene aumentou expressivamente, o que amenizou o acúmulo de estoques nas usinas. Além disso, com o dólar favorável às exportações e a firme demanda internacional por etanol outros fins, unidades produtoras exportaram volume elevado em 2020. O ano também foi marcado pela estiagem, que resultou em poucas interrupções de moagem nas unidades produtoras. Parte das usinas, inclusive, antecipou o fim da safra, e, em alguns momentos específicos, verificou-se aumento significativo da oferta de etanol, devido à necessidade de liberar espaço nos tanques, especialmente do hidratado.