As ações da Klabin (BVMF:KLBN11) encerraram o mês de janeiro em queda de -3,42%. Nos últimos 12 meses, o papel recua quase -20%.
O que está impactando negativamente as cotações de mercado? Quais são as perspectivas para o setor de papel e celulose em 2023? Estamos em um bom ponto de entrada para investidores?
Apresento abaixo os principais pontos sobre a empresa.
Uma visão completa sobre Klabin
Do histórico de resultados dos últimos 5 anos, considerando 2017 e os últimos 12 meses, incluindo o último trimestre de 2021 no resultado, o crescimento médio composto da companhia foi: +18,45% receita líquida, +32,89% no Ebitda e +55% no lucro líquido.
Observamos que cerca de 43% da receita líquida de Klabin é proveniente do mercado externo, o que também contribui bastante para os resultados, dado que o dólar saiu de um patamar de R$ 3 para os R$ 5 atuais.
De modo geral, na nossa visão, Klabin é um mix de volume, uma vez que a empresa precisa entregar mais volume para vender no mercado com o preço à vista da commodity, o preço spot e, para isso, a companhia precisa elevar a capacidade de produção de suas fábricas; por consequência, a cotação do dólar muitas vezes acaba tendo um impacto mais forte do que o próprio preço da celulose – o câmbio influencia diretamente o Ebitda da companhia.
Vantagens competitivas
Acreditamos em 5 principais pilares como diferenciais da Klabin no longo prazo, conforme abaixo:
- Rivalidade entre os concorrentes: Concorrência em tamanho, Klabin é a única que atua em todas as suas frentes, tem concorrentes como Suzano (BVMF:SUZB3) e Irani (BVMF:RANI3), Suzano tem fibra curta, e Klabin tem fibra longa e fluff também. A indústria tem um crescimento mais lento, dado que os custos fixos para começar do zero ou armazenagem são altos, então é bom para Klabin, é uma barreira de entrada bem grande.
- Poder de barganha dos fornecedores: A empresa não depende de um mesmo fornecedor, pois conta com vários, o que a faz conseguir preços melhores.
- Poder de barganha dos compradores: Os consumidores possuem relacionamento de longo prazo com Klabin e até mesmo em ambientes mais inflacionários, a companhia tem conseguido repassar os preços.
- Ameaça novos entrantes: É bem difícil a entrada de novos competidores devido aos custos elevados. Hoje temos Irani e Suzano, e para atuar nos três segmentos [fibra curta, fibra longa e fluff] leva tempo, grandes investimentos e a economia de escala demora para aparecer.
- Ameaça de produtos ou serviços substitutos: É um mercado mais estável e perene, o que reduz bastante a ameaça de substitutos.
Pontos de risco
A seguir, encontram-se os principais riscos inerentes à visibilidade de crescimento para os próximos anos.
- Preço da celulose: O mercado está bastante pessimista com o preço da celulose em 2023, que deve voltar a cair e, por consequência, impactar os resultados de Klabin, mesmo com a elevação de produção e novos investimentos mais focados na companhia nos próximos cinco anos.
- Endividamento: O nível de endividamento atual está cada vez menor, passado o pico de alavancagem com investimentos em Puma II, na casa de 2,5 vezes Dívida Líquida/Ebitda, porém é um indicador para deixar no radar, pois Klabin é uma empresa de capital intensivo e busca o menor custo possível para o negócio. Com despesas de capital intensivo, esse investimento é alto.
Principais projetos
O projeto Puma II deve atingir sua capacidade plena de 450 mil toneladas em 2024, o que representa um crescimento de +7% de 2023 para 2024.
No total, a companhia tem outros 23 projetos especiais e expansões, com destaque para o Projeto de Horizonte e o Projeto Figueira.
Considerando todos os planos de expansão, nossa projeção é que o crescimento da companhia, com os dados fornecidos até o momento, seja de cerca de +12% da produção em 2023 e +19% em 2024. Para 2027, a estimativa é de estabilidade, em que a rampagem será maior e o crescimento de produção será de +17% de 2026 para 2027.
Considerações finais
A Klabin negocia hoje cerca de 6 vezes lucros e 6 vezes Ebitda, abaixo da sua média histórica, também corroborando com os últimos bons resultados com a celulose em pico histórico.
É claro que olhar o P/L é mais complicado por conta de dívidas em dólar e, por isso, oscila bastante. Assim, direcionamos a análise mais para o Ebitda e a geração de caixa.
Além disso, vemos Klabin como uma empresa muito rentável, com histórico de retorno em relação aos seus investimentos, com capital de acionistas e credores hoje na casa de 19%, ROIC médio de 14% nos últimos anos e ROE médio de 66% recentemente, com o crescimento de lucros apesar da volatilidade.