A necessidade de importação de diesel pelo Brasil neste primeiro trimestre pode representar a reinserção dos Estados Unidos no novo tabuleiro competitivo do mercado brasileiro, apesar dos estoques elevados do combustível.
Importadores brasileiros reduziram a procura por cargas de diesel no mercado internacional entre dezembro e janeiro, reflexo dos amplos volumes que desembarcaram nos portos desde o fim do ano, período em que o consumo do combustível é tipicamente mais fraco.
A estimativa é que, aproximadamente, 1,2 milhão de m³ de diesel importado tenha desembarcado no Brasil em janeiro, segundo levantamento da Argus. Para fevereiro, a projeção mostra importações de cerca de 1 milhão de m³.
O ano de 2023 consolidou a percepção de que o diesel russo é parte da estrutura do mercado de combustíveis do Brasil. Regras de conformidade foram revistas, novas parcerias firmadas e tradings voltaram a ocupar um espaço relevante na chegada do produto do exterior.
A dinâmica do mercado brasileiro mudou, mas a base do fluxo permanece a mesma: preço. E no primeiro sinal de equilíbrio de preços entre Rússia e Estados Unidos, o importador brasileiro retomará o foco nas cargas do vizinho da América do Norte, principalmente pela proximidade geográfica e prazos mais curtos para entrega.
Importadores informam que buscarão produto no Golfo Americano até março, caso não notem grandes diferenças no preço da Rússia. Depois disso, com as manutenções de refinarias norte-americanas programadas para o período entre março e abril, a atenção pode se voltar à Rússia.
Embora a Rússia continue como principal fornecedor de diesel ao Brasil, a fatia de mercado ocupada pelo país vem diminuindo desde o fim do ano. Em dezembro, a parcela de diesel russo nas importações somou quase 86pc do 1,8 milhão de m³ registrado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Para janeiro e fevereiro, estimativas de mercado apontam para uma participação de 79pc e 77pc, respectivamente.
O cenário de menor espaço do diesel russo também tem a ver com reparos em três refinarias da Rússia, afetadas por diferentes incidentes em janeiro, que podem prosseguir até o fim de fevereiro, avaliam participantes de mercado.