Os investidores sabiam que este ano seria atípico, mas ultimamente estão observando o quão diferente está.
A maioria dos analistas esperavam alguma ação sobre a taxa de juros em 2022, mas talvez não os aumentos de taxas que estão precificando agora. A inflação brasileira estava subindo, mas estamos vendo um aumento de preços muito maiores e contínuos. Tudo isso está criando uma onda de volatilidade inédita desde o início da era da pandemia.
Até o final de janeiro, a confiança estava em alta, alimentou excessos especulativos no mercado de criptomoedas a ações. Mas, ambos têm tendência de quedas há meses. E, agora, as mudanças na situação na Ucrânia estão mantendo os indicadores de volatilidade bem acima da média dos últimos 12 meses.
É um novo momento, em que as coisas que funcionaram bem nos últimos dois anos provavelmente não funcionarão bem nos próximos. As taxas de juros estão subindo, o crescimento está desacelerando, os retornos serão menores, haverá mais volatilidade. Essa é a nova realidade.
O que isso significa para o seu portfólio de investimentos? Como aproveitar essas mudanças do mercado?
O primeiro passo é: verifique sua tolerância ao risco. As condições do mercado são abundantes para mudanças tão repentinas. No entanto, um investidor que descobre no meio de uma recessão que superestimou sua tolerância a risco pode acabar sendo seu pior inimigo. O erro clássico é vender um ativo no momento errado e limitar as perdas, e depois ficar de fora da eventual recuperação do mercado. Existem maneiras simples de manter seus nervos sob controle.
Estudos de finanças comportamentais mostraram que a percepção de que investir é arriscado aumenta entre as pessoas que verificam os portfólios com frequência. Basicamente, isso acontece porque as chances de alguém ver uma perda são maiores se verificarem com mais frequência. Uma maneira de limitar o quanto uma perda pode ser dolorosa é observar os retorno do portfólio em porcentagens, não em reais. Por exemplo, uma perda de R$ 30.000,00 pode parecer catastrófica, uma perda de 3% no seu portfólio de um milhão de reais quando o Ibovespa caiu 15% pode ser apropriado e alinhado com os seus objetivos.
Se tem medo de tomar risco, pode focar na proteção. Para aqueles que desejam proteção extra contra perdas, uma classe de fundos chamada "FoFs" pode ajudar. Esses produtos, também chamados de fundos de fundos, usam estratégias vantajosas do ponto de vista de risco e retorno. O investidor não terá que lidar com estratégias complicadas. Eles são projetados para resistir melhor frente às oscilações do mercado.
Assegure-se de que você é tão diversificado quanto pensa que é. A maioria dos investidores conhece os benefícios da diversificação. Distribuir o seu dinheiro entre indústrias, setores amplos ou países diferentes ajuda a diminuir o risco de perdas em uma área específica. Em um mercado volátil, as perdas podem ser ainda menos previsíveis. O problema é que muitos investidores podem pensar que são diversificados, mas analisando no detalhe muitas vezes encontrará mais do mesmo em um portfólio, ou seja, não há o recurso de rebalanceamento quando necessário o que pode ser prejudicial para o desempenho da carteira de investimentos. A receita pode parecer antiga, mas como sempre a palavra de ordem é diversificação, que faz ainda mais sentido em um ano com alta volatilidade.
É importante lembrar também sobre a necessidade de possuir a reserva de imprevistos, destinado para cobrir gastos em momentos de adversidade e nesse caso sempre escolha investimentos com liquidez e baixo risco. Depois defina a sua estratégia de horizonte de tempo, se seu objetivo é de investir no longo prazo, pois aí podemos pensar em ativos com maior grau de risco como os produtos de renda variável, mas com cautela neste ano. A bolsa está barata, mas nenhum motivo no curto prazo para vermos os preços nos lugares certos. O investidor precisa diversificar o portfólio, identificar a sua tolerância a risco, buscar diminuir a volatilidade e ficar blindado de fatores internos.
O ano de 2022 certamente pode ajudar a construir bons resultados a longo prazo, basta que o investidor seja paciente e mantenha bons ativos na sua carteira.