Por vezes, somos questionados pelos nossos clientes sobre o melhor timing para vender a empresa. Essa pergunta costuma ser acompanhada por comentários de preocupação com a volatilidade da bolsa de valores, trajetória da taxa de juros ou a proximidade das eleições presidenciais.
É verdade, sim, que o contexto econômico influencia a precificação das empresas, mas em intensidade muito menor do que costuma se imaginar.
Nossa especialidade é trabalhar com donos de empresas do Middle Market, ou seja, aqueles que já possuem um porte relevante, mas que ainda não tiveram acesso direto ao mercado de capitais (seja por meio da abertura de capital ou por emissão de dívidas estruturadas).
Nesse universo, tais companhias se encontram em posição privilegiada contra a volatilidade do mercado, pois além de já terem passado pela "arrebentação" (estatisticamente, menos de metade das empresas sobrevivem por mais de 5 anos desde sua abertura), elas não precisam "prestar contas" ao mercado trimestralmente como uma empresa listada, e são, portanto, menos sujeitas a pressões de resultados de curto prazo.
Os investidores com quem temos relacionamento estão sempre em busca de negócios bem geridos, rentáveis e com perspectivas positivas para investir. Por consequência, também possuem maior atração por resultados de longo prazo. Investidores de private equity, venture capital e SPACs, por exemplo, estão bem capitalizados para realizar investimentos em empresas brasileiras e farão suas compras independente da volatilidade dos mercados durante um ano eleitoral. Apesar de terem incentivos de geração de resultado aos seus investidores, usualmente demandam ao menos 5 anos de permanência nas empresas.
Os compradores estratégicos, por sua vez, compram empresas para expansão ou diversificação dos seus negócios que, conforme os livros-texto, não têm previsão de prazos — objetivam a perpetuidade.
Historicamente, anos eleitorais trazem incertezas e volatilidade ao mercado, mas o que ocorre na prática é que o número de transações até cresce quando comparado ao ano anterior. Segundo levantamento da PwC, em 2010 foram realizadas 799 transações, um crescimento de 24% comparado ao ano anterior. Já em 2014 houve um crescimento de 8%; em 2018 o crescimento foi de 2%.
É importante dizer que alguns setores da economia são mais sensíveis a mudanças governamentais, como energia, Oil & Gas, infraestrutura, entre outros. Porém, são setores que raramente se enquadram no Middle Market.
Uma vez compreendido que o horizonte de projeção para nossas transações tem como objetivo o longo prazo, fica claro que essas variáveis mais voláteis, como bolsa, câmbio e eleições, perdem relevância em nossas negociações. Até mesmo as idiossincrasias do negócio perdem relevância se tiverem impacto apenas momentâneo, de curto prazo.
É sempre mais relevante proteger as tendências de mais longo prazo, aquelas variáveis que devem perdurar por vários anos à frente. São essas que, de fato, aumentam (ou diminuem) o preço do negócio. Contem conosco para ajudá-los nesta jornada.
Texto escrito em parceria com Daniel Gildim